Tame Impala: em 2012, posição de líder da cena psicodélica
Resenha - Lonerism - Tame Impala
Por Eduardo Matheus Palini
Postado em 13 de junho de 2018
Nota: 9
Dois anos haviam se passado desde a estreia do Tame Impala na indústria da música. O músico australiano Kevin Harper fundara o projeto e gravara 11 músicas para o álbum "Innerspeaker", que foi lançado em 2010, sendo muito bem-sucedido comercialmente e criando uma base de fãs sólida para o grupo. Por mais que Kevin houvesse assinado a autoria de todas as faixas (além de ter gravado todas sozinho), ao vivo ele se apresentava com mais músicos; e assim o Tame Impala se lançou no mercado.
O estilo do grupo se focava muito em um rock psicodélico remetente aos anos 60 e 70, auge do estilo. A facilidade que o Tame Impala teve em utilizar os elementos desse estilo e provocar nostalgia em nossas mentes atraiu muitos olhares sobre a banda, e, por mais que o álbum de estreia tivesse obtido sucesso, todo artista na música precisa se provar por meio de uma continuação que mantenha – ou aumente – a qualidade vista outrora. Este desafio foi posto na frente do grupo, e em meio à pressão da crítica e à expectativa dos fãs, surgiu "Lonerism".
O single "Elephant", lançado previamente, lembra muito o garage rock de "Innerspeaker", com um riff marcante e distorcido de guitarra conduzindo a música. Isso, talvez, tenha escondido do público uma das maiores novidades desse novo álbum: os sintetizadores. A tecnologia utilizada por muitas bandas dos anos 70 e 80 por meio de experimentações musicais agora aparece com força na obra do Tame Impala, que sabe utilizar muito bem esse novo recurso para contribuir com a sua psicodelia.
Além da aquisição citada acima, é preciso comentar o quanto a banda aprimorou sua musicalidade em vários sentidos nesse registro. Há uma evolução notória no que diz respeito ao líder, Kevin Harper, seja no teor das letras, no seu desempenho à guitarra (que rendem alguns bons momentos de guitar hero) e também na sua voz, que agora parece passar mais confiança na hora de cantar. O clima viajante segue lá, com muita ajuda dos teclados e sintetizadores, agora variando mais entre músicas animadas, com um clima supostamente alto astral, e músicas melancólicas.
As letras de Harper, como já citadas acima, apresentam ainda mais maturidade em Lonerism. Se no registro anterior a maioria falava sobre auto aceitação, sobre aceitar seu lugar no mundo e se sentir suficiente por si só, neste disco parece haver um retrocesso de sentimentos. A maioria das letras tem um ar de negação, onde o eu-lírico presente não aceita a situação em que se encontra, reclama de relacionamentos perdidos e fala o quanto não está feliz com o caminho que sua vida está levando. Isso se vê muito na melancolia perante uma relação, descrita em "Feels Like We Only Go Backwards Baby" (que veio por se tornar um grande sucesso do álbum); pela impotência diante do mundo ao seu redor, descrita em "Apocalypse Dreams", entre outros exemplos.
Após uma audição atenta de "Lonerism", podemos concluir que o Tame Impala cumpriu muito bem com seu papel de entregar mais um registro acima da média e, além disso, melhor do que o anterior. O espaço da banda no cenário musical já foi conquistado, e a marca dos australianos, por sua vez, acabara de ser deixada. Se, dois anos antes, o Tame Impala havia mostrado seu potencial de liderar a cena do rock psicodélico atual, "Lonerism" veio para confirmar essa informação.
TRACKLIST:
1 - Be Above It
2 - Endors Toi
3 - Apocalypse Dreams
4 - Mind Mischief
5 - Music to Walk Home By
6 - Why Won't They Talk to Me?
7 - Feels Like We Only Go Backwards
8 - Keep on Lying
9 - Elephant
10 - She Just Won't Believe Me
11 - Nothing That Has Happened So Far Has Been Anything We Could Control
12 - Sun's Coming Up
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