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Quintessente: música cósmica e sinfônica vinda do Rio de Janeiro

Resenha - Songs From Celestial Spheres - Quintessente

Por Bruno Rocha
Postado em 24 de setembro de 2017

Nota: 9 starstarstarstarstarstarstarstarstar

A uma distância de 5000 anos-luz de nosso planeta Terra, se localiza a nebulosa PGC 3074547, mais conhecida como a Nebulosa do Bumerangue. Esta estrutura celeste é conhecida por ser o local natural mais frio do universo, já que sua temperatura gira em torno de -273° C, ou 1° K, quase no nível do "zero absoluto". Seus tons brancos e azulados a destacam em meio ao mapa celeste infinito, assim como uma banda que tem como principal característica sua identidade musical.

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Trocando em miúdos: ser original se utilizando de recursos e estilos já existentes é para poucos. Sempre acreditei que a identidade de uma banda é o que faz ela se destacar em meio as demais do mesmo nicho. Buscar ser criativo e forjar um som com personalidade deve ser o alvo de qualquer banda que esteja em começo de estrada. Certo que o Quintessente foi fundado em 1994, mas sua sonoridade única e quase inclassificável a credencia como um dos destaques do ano, vide a qualidade musical de "Songs From Celestial Spheres", lançado recentemente.

Como dito, o som do Quintessente (que adotou este nome em 2015, após 20 anos sendo conhecido como Quintessence) é difícil de classificar. Ele é criado naturalmente e flui de forma perfeita. É um misto de Atmospheric Doom, Death/Doom, Sinfônico, Death Melódico e Black Metal, com uma ou outra incursão eletrônica. O mais interessante é que esta mistura é ligada e produz uma arte homogênea, lisa e bela. É como andar de carro em uma rodovia sem buracos, observando a Via Láctea a derramar-se pelo plano celestial. E os elementos do terno música-capa-letras se interligam, pois as letras tratam da relação do homem com os céus, fisicamente falando. A conexão com as estrelas, em suas diferentes estruturas químicas, idades, massas, luminosidades e magnitudes, assim como a banda comenta sobre "Songs From Celestial Spheres". Tudo isto emoldurado em um belo digipack, bem acabado, e uma surpreeendente arte de capa de autoria de Marcus Lorenzet, que conseguiu a façanha de traduzir perfeitamente a música cósmica do Quintessente imagens penetrantes e fascinantes.

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O álbum abre com a música "The Belief Of The Mind Slaves", que começa rápida e agressiva, transitando depois para momentos mais lentos e atmosféricos. Esta música já apresenta a boa alternância entre vozes guturais graves, agudas e limpas. Até que fui olhar o encarte e me surpreendi com o fato de todos os vocais serem feitos por André Carvalho, sozinho. O cara tem uma versatilidade rara em sua voz: Vocais limpos seguros, guturais graves berrados e guturais agudos rasgados, como os do Black Metal. Só faltou fazer os vocais femininos, que ficam a cargo da tecladista Cristina Müller.

O disco segue no mesmo ritmo agressivo com "Delirium", até que a faixa 03, "A Sort Of Reverie", apresenta uma pegada introspectiva e traz um riff retirado da escola do Death/Doom. "My Last Oath" traz um interessante trabalho em guitarras dobradas, emoldurado por timbres transcendentais de teclado. A faixa 05, "Essente", funciona como uma balada triste, onde os vocais limpos de André se entrelaçam com os de Cristina num brilhante dueto. Destaque para a progressão instrumental no meio da música. Ganhou clipe:

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"Eyes Of Forgiveness" é mais uma faixa onde a agressividade encontra a introspecção, preparando o terreno para o destaque "L'Eternità Offerto", onde o Black Metal, o Death/Doom fúnebre e o Sinfônico se unem, criando uma dimensão gélida como a Nebulosa do Bumerangue, forte como tormentas espaciais, onde trevas e luz não se distinguem. Outro ponto a se destacar nesta faixa é a linha de contrabaixo que abre e fecha a música, arte de Luiz Fernando de Paula.

Mas aí vem o choque: logo após temos a acessível e Depechemodiana "Unleash Them", onde os teclados com timbres eletrônicos comandam a música, transportada numa base segura de guitarras e baixo. Um ato de extrema ousadia é a parte completamente eletrônica oitentista antes do refrão final. São atitudes assim que ajudam a sacramentar a personalidade e o poder musical de um grupo. A faixa seguinte, "Reflections Of Reason", é uma espécie de reprise, pois traz de volta o ritmo frenético das duas primeiras músicas, além de ter uma certa pitada das melodias típicas do Iron Maiden. Uma aura de Anathema inicia a faixa final, "Matronæ Gaia (Chapter II)", que transporta o ouvinte para um estado de meditação total, guiado por vocais emotivos e solos de teclado kraftwerkianos.

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Ao longo de todo o disco, o trabalho de guitarras de Cristiano Dias se destaca com bases seguras e solos e harmonias bem construídos. Mas se nota em alguns momentos que a mixagem das guitarras destoa da do restante do intrumental, que segue limpa enquanto as guitarras a acompanham sujas e um pouco abafadas. A cozinha formada pelo baixista Luiz Fernando de Paula e pelo baterista Leo Birigui surpreende pelas conduções pesadas impostas nas músicas. A tecladista Cristina Müller escolhe bem seus timbres de teclado, fazendo jus ao título do disco. Toda a parte técnica de "Songs From Celestial Spheres" foi comandada pelo produtor Celo Oliveira, em gravação nos estúdios Kolera.

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Apesar dos detalhes mencionados, este primeiro full-length da banda carioca Quintessente apresenta uma banda criativa, ousada e preparada e com personalidade para ganhar a preferência de bangers nacionais e internacionais. Um dos melhores lançamentos nacionais de 2017.

Songs From Celestial Spheres - Quintessente (independente, 2017)

Tracklist:
01. The Belief Of The Mind Slaves
02. Delirium
03. A Sort Of Reverie
04. My Last Oath
05. Essente
06. Eyes Of Forgiveness
07. L'Eternità Offerto
08. Unleash Them
09. Reflections Of Reason
10. Matronæ Gaia (Chapter II)

Line-up:
André Carvalho - vocais
Cristiano Dias - guitarras
Cristina Müller - teclados, vocais
Luiz Fernando de Paula - contrabaixo
Leo Birigui - bateria

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Sobre Bruno Rocha

Cearense de Caucaia, professor e estudante de Matemática, torcedor do Ferroviário e cafélotra. Entrou pelas veredas do Heavy Metal na adolescência e hoje é um aficionado e pesquisador de todos os gêneros mais tradicionais desta arte e de suas épocas. Tem como forte o Doom Metal, não obstante o sol de sua terra-natal.
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