Matheus Manente: Álbum pode ser um dos lançamentos prog do ano
Resenha - Illusions Dimension - Matheus Manente
Por Victor de Andrade Lopes
Fonte: Sinfonia de Ideias
Postado em 30 de março de 2017
Nota: 9
Apesar do potencial, o Brasil ainda não é um polo do metal progressivo como é do power metal e do thrash, por exemplo. Tirando Dream Theater e Symphony X, bandas com cacife para encabeçar extensas turnês mundiais, é relativamente raro um grupo relevante do gênero dar as caras por aqui. Além disso, temos uma carência de nomes fortes do estilo. O mais promissor deles, Bad Salad, tem seu futuro incerto.
Felizmente, uma nova promessa mostrou-se para o mundo no início deste ano, diretamente de São Paulo. Praticamente sozinho, o multi-instrumentista Matheus Manente criou este que já é um grande lançamento progressivo do ano - o digo isso em escala global!
Cuidando de quase todos os instrumentos, o paulistano juntou 13 faixas bem variadas num disco de metal progressivo instrumental que esbarra frequentemente no jazz fusion, na música clássica, no eletrônico e na world music, com resultados encantadores.
A abertura "Knetic Disturbances" (sem contar a breve introdução autointitulada) nos leva a uma intrincada viagem guitarrística a la John Petrucci, com passagens que nos remetem ao trabalho do estadunidense em "The Count of Tuscany", do Dream Theater. O virtuosismo prossegue em "The Shapley-Curtis Debate".
"Inner Peace", como o nome sugere, pisa no freio bruscamente e nos traz um leve dueto de um piano sereno comandado por Gryzor87 e uma guitarra emotiva. O peso volta na técnica "Symmetry of Evil" e na dinâmica "Market Garden", que ganhou um clipe.
Temos então um novo e longo momento de respiro que começa em "Castaway", onde um violão conversa sozinho até ser somado a mais um companheiro de seis cordas ao mesmo tempo em que sons de praia ao fundo vão dando lugar a um burburinho de aglomeração humana. Chega então a bela "The Seventh of Nights", em que o violão passa a fazer companhia a delicados sopros e percussões, e tudo culmina em "Pamukkale", balada quase acústica com mais um belo trabalho ao piano de Gryzor87 e dedilhadas na guitarra elétrica.
E assim chegamos a "Virtual Destruction", onde o peso e as influências eletrônicas ajudam a criar um dos pontos altos do disco. Um novo interlúdio, "The Burial of the Count of Orgaz", leva-nos a outro ponto alto, "Brihadeeswarar Temple", onde os elementos eletrônicos voltam a dar as caras e dividem espaço com riffs de aroma thrash e uma bateria no melhor estilo St. Anger. O encerramento fica por conta da boa "Dreams and Memories".
Talvez o fato de ser produto de um nome ainda pouco conhecido jogue contra Illusions Dimensions, mas a verdade é que álbuns bem menos empolgantes costumam aparecer nas listas de melhores lançamentos progressivos do ano. Graças a Dio, você não depende só dessas listas para descobrir novidades.
Cuidando de tudo sozinho, Matheus conseguiu reunir riffs e solos de alto nível, linhas de baixo e bateria que fazem jus ao som das seis cordas, trabalhos tocantes no violão e arranjos muito bem-vindos de teclados. O que mais você espera de um álbum de metal progressivo instrumental?
Abaixo, o vídeo de "Market Garden":
Track-list:
1. "Illusions Dimension"
2. "Kinetic Disturbances"
3. "The Shapley-Curtis Debate"
4. "Inner Peace"
5. "Symmetry of Evil"
6. "Market Garden"
7. "Castaway"
8. "The Seventh of Nights"
9. "Pamukkale"
10. "Virtual Destruction"
11. "The Burial of the Count of Orgaz"
12. "Brihadeeswarar Temple"
13. "Dreams and Memories"
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