Live At Leeds: The Who queimando pontes
Resenha - Live At Leeds - Who
Por Claudinei José de Oliveira
Postado em 16 de maio de 2015
Nota: 10
Em 2001 era, finalmente lançada, numa "deluxe edition", a apresentação, na íntegra, da ópera-rock "Tommy", complementando aquele que, se não é o melhor, fica entre os melhores álbuns "ao vivo" de rock da história: "Live At Leeds" da banda The Who.
Se há algo que marcou a trajetória dos Beatles, foi a preocupação artística com a música. O que, talvez, tenha pesado significativamente na decisão da banda, em meados dos anos 1960, em não mais excursionar. A tecnologia de amplificação sonora do período deixava muito a desejar se o músico tivesse qualquer preocupação além dos números da bilheteria.
Lançado no mês de maio de 1970, "Live At Leeds" é o primeiro registro ao vivo dos britânicos The Who e é considerado, se não o melhor, um dos melhores álbuns ao vivo de todos os tempos. É, também, prova de que, em um curto espaço de tempo, o sistema de amplificação e gravação ao vivo evoluiu assustadoramente.
Com o fim dos Beatles e do Cream, a morte de Jimi Hendrix, os Stones resolvendo problemas de morte e vício entre seus integrantes, o Led Zeppelin acabando de decolar, em cima do palco não tinha para ninguém, tanto que a audição de Live At Leeds, nos mostra que o The Who havia estabelecido os parâmetros do "concerto de rock" para a década de 1970.
Está tudo no álbum: a pegada desesperadamente frenética do instrumental; os longos improvisos durante as músicas ( My Generation, por exemplo, se estende por mais de 15 minutos); os "covers" exuberantes ( "Summertime Blues" e "Shakin' All Over"); os clássicos da banda ( "I Can't Explain", "Substitute" e "Magic Bus", entre outros) e as primeiras tentativas de ópera-rock da banda ( "A Quick One While He's Away"). Ou seja, o álbum esboça tudo o que seria, durante a década, explorado pelas bandas de rock, do progressivo ao punk (!).
Gravado na universidade de Leeds, na Inglaterra, o concerto registra o fechamento da tour do (conceitual) álbum "Tommy", a qual foi um retumbante sucesso. As posteriores edições em CD apresentam o concerto de maneira mais completa, sendo que a edição Deluxe de 2001 traz um segundo disco com a apresentação de Tommy na íntegra, além dos diálogos e apresentações das canções.
Já a simplicidade da capa remete aos famigerados "discos piratas" ( ou "bootlegs"), tão comuns na época. Antes de decidir gravar o concerto de Leeds, a banda havia gravado uma quantidade absurda de fitas com áudio de outros concertos. Diante do trabalho árduo da escolha das melhores gravações para compor um álbum, as fitas foram ritualmente queimadas pela banda, para evitar a pirataria.
De fato, o clima de Live At Leeds é o de guerreiros que haviam queimado pontes para não retroceder, avançando com a faca entre os dentes.
Tracklist do CD 1:
1."Heaven And Hell"
2."I Can't Explain"
3."Fortune Teller"
4."Tattoo"
5."Young Man Blues"
6."Substitute"
7."Happy Jack"
8."I'm A Boy"
9."A Quick One, While He's Away"
10."Summertime Blues"
11."Shakin' All Over"
12."My Generation"
13."Magic Bus"
Tracklist do CD 2 (Deluxe Edition):
1."Overture"
2."It's A Boy"
3."1921"
4."Amazing Journey"
5."Sparks"
6."Eyesight To The Blind ( The Hawker)"
7."Christmas"
8."The Acid Queen"
9."Pinball Wizard"
10."Do You Think It's Alright?"
11."Fiddle About"
12."Tommy Can You Hear Me?"
13."There's A Doctor"
14."Go To The Mirror"
15."Smash The Mirror"
16."Miracle Cure"
17."Sally Simpson"
18."I'm Free"
19."Tommy's Holiday Camp"
20."We're Not Gonna Take It"
Gravadora: Universal Music.
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