AC/DC: Mais do mesmo, mas e daí?
Resenha - Rock or Bust - AC/DC
Por Andrey Kusanagi
Postado em 03 de fevereiro de 2015
Nota: 9
Certa vez, disseram a Angus Young que sua banda já havia feito o mesmo disco 15 vezes. Sem perder a compostura, Angus respondeu: "não, nós fizemos o mesmo disco 16 vezes". Não deixa de ser verdade: em mais de 40 anos de carreira, o AC/DC sempre seguiu a mesma fórmula básica de rock pesado calcado no blues, estrutura verso-refrão-solo, cozinha arrebentando igual a uma bola de demolição e tudo o mais que os fãs já conhecem. E o que é melhor, essa pouca variedade raramente trabalhou contra eles.
Assim também é o caso com o mais novo trabalho, Rock or Bust. Basicamente, dá para classificá-lo como 11 faixas do mais puro AC/DC, com aquele timbre inconfundível da guitarra de Angus, os berros esganiçados de Brian Johnson, e porrada no ouvido do começo ao fim. É mais um daqueles discos pra ouvir batendo o pé com o punho no alto (fazer horns up é opcional). Não chega a ser visceral como Back in Black, mas é divertido e é isso que importa.
De destaques, dá para citar "Play Ball", "Baptism by Fire" e "Rock the House", fácil. Não que as outras também não sejam boas: a faixa-título, "Rock the Blues Away" (que tem, inclusive, a melhor letra do disco, na minha opinião) e "Sweet Candy", por exemplo, poderiam muito bem ter feito parte do repertório do finado Bon Scott, assim como "Emission Control", cujos licks têm um quê de anos 70 de forma que parece até com uma hipotética faixa bônus de Highway ou Powerage.
Quanto à banda em si, não é segredo que os problemas de saúde de Malcolm Young deixaram muito fã de orelha em pé. Mas todos podem ficar descansados, pois Stevie, o sobrinho de Angus e Malcolm, segura muito bem as pontas nesse disco, de forma que o som continua sendo o mesmo som poderoso e encorpado de sempre do AC/DC.
Pouco importa que o AC/DC não mude com o passar dos anos. Nem todo mundo pode ser David Bowie e se dar bem mudando de estilo; temos vários exemplos de bandas que tentaram e quebraram a cara. Nesse sentido, é muito melhor o AC/DC manter a identidade com o mesmo disco 15, 16 ou 500 vezes do que mudar radicalmente e alienar o público que só quer curtir rock'n roll.
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