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O Judas Priest está de volta com "Redeemer of Souls"

Resenha - Redeemer of Souls - Judas Priest

Por Tunai Porto Marques
Postado em 03 de julho de 2014

Nota: 9 starstarstarstarstarstarstarstarstar

Finalmente o Priest voltou! Munido de todas as armas que conhecemos, admiramos e queremos ouvir em um disco do Judas Priest, "Redeemer of Souls" é uma obra que sintetiza o que serve de referência como Metal na sua forma mais pura.

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Ninguém melhor que o Judas Priest, grande responsável pela sonoridade e estética deste estilo, para mostrar mais uma vez a todos como se faz um verdadeiro disco de Heavy Metal.

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Resenhar álbuns novos de bandas clássicas de Heavy Metal como Judas Priest, Accept, Motorhead ou Black Sabbath é sempre um desafio árduo, visto que a análise imparcial entra em conflito com o fanatismo de longa data, mas vale a tentativa. A expectativa dos fãs do Priest só vem aumentando desde 2008, data de lançamento do conceitual "Nostradamus". O novo disco já havia sido anunciado e prometido para alguns anos atrás, mas após uma turnê de "despedida" (a banda sairá em turnê para divulgar o novo álbum ainda este ano) em 2012, o Priest tem se concentrado apenas em produzir o disco. Vários video-teasers e dois singles ("Redeemer of Souls" e "March of the Damned") foram lançados antes do disco, dando o tom do que viria em seguida.

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Antes de analisar o disco, vale a pena contextualizar o Judas Priest de "Redeemer of Souls" (se você preferir ler apenas a análise do disco, favor pular para o sétimo parágrafo). A trajetória do Judas pode ser divida em algumas partes. A primeira remete ao início da banda. A banda começou suas atividades em 1970, lançando seu primeiro disco ("Rocka Rolla") em 1974. À época, o som dele passeava entre Rock, Hard Rock e algo novo, inédito. O Judas começa a criar o que viria a se tornar padrão de Heavy Metal, mesmo ainda não possuindo tanto peso ou a estética característica de anos seguintes. A década de 70 segue com "Sad Wings of Destiny","Sin After Sin", "Stained Class" e "Killing Machine". Nestes discos, a pioneira parceria "guitarras-gêmeas" de Tipton-Downing se concretiza e o vocal de Rob Halford se desenvolve e ganha notoriedade.

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Eis que em 1980 o Judas Priest lança "British Steel". Este fato marca o início de uma nova fase. Neste clássico a banda define um padrão que passaria a ser seguido por inúmeras outras bandas do estilo. Até hoje o disco é citado como um divisor de águas. Durante a década de 80, com "Point of Entry","Screaming for Vengeance", "Defenders of the Faith" e "Turbo" o Judas assume uma estética e uma sonoridade que passariam a definir a banda e o próprio estilo Heavy Metal. No final da década (1988) o Judas mostra em "Ram It Down" que buscava ainda mais velocidade e peso. Este disco foi um prelúdio do ápice que viria em seguida.

A terceira fase se inicia com o lançamento, em 1990, do monstruoso "Painkiller". O disco é unanimidade entre todos aqueles que ouvem Metal e qualquer uma de suas vertentes e entendê-lo é fundamental para analisar "Redeemer of Souls". Acontece que durante as três primeiras fases o Judas Priest ganhou notoriedade pela sonoridade inconfundível, estética e sobretudo por conta do vocal de grande alcance de Rob Halford. Em Painkiller ele atinge as notas mais altas seguido do som mais pesado do Priest até então, apontado como um marco não só do Heavy mas também do Speed Metal. Muitas pessoas conhecem apenas este disco, logo o usam como referência para o Judas e esperam, em lançamentos posteriores, semelhanças diretas com ele. Obviamente, "Redeemer of Souls" não é um Painkiller 2 (é humanamente impossível que Halford, com 62 anos, alcance as mesmas notas de décadas passadas). A boa notícia é que ele chega bem perto!

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A quarta e atual fase do Judas começa após o retorno de Halford à banda, com "Angel of Retribution" e "Nostradamus" (ignorando os discos com Tim Ripper apenas para simplificar a análise). "Redeemer of Souls" surge em um momento onde o Judas tenta conciliar todas as características que lhe definem com a maturidade de quatro décadas de banda e eventuais limitações vocais de Halford. Além disso, este é o primeiro disco sem K.K. Downing, guitarrista original da banda. De antemão digo que Richie Faulkner, novo guitarrista, fez um trabalho fenomenal no disco.

"Dragonaut", faixa que abre o disco, começa com o som de uma tempestade que dá vez ao poderoso riff criado por Faulkner e Tipton. Halford apresenta excelentes vocais nessa música, mantendo-se em uma faixa bastante confortável pra ele. O refrão da música é bom e os solos cruzados de Faulkner e Tipton são sensacionais. Um excelente início para o disco.

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"Redeemer of Souls", já conhecida como primeiro single do disco, se inicia com a pesadíssima bateria de Scott Travis. Como no resto do disco, o instrumental é espetacular e novamente Halford tenta se manter uma zona de conforto, o que durante todo o álbum se mostra uma excelente idéia.

"Halls of Valhalla" começa aumentando a tensão para um agudo de Halford. A música é acelerada e mais um vez os riffs criados pelo Priest são espetaculares. Depois dos 4 minutos de música Halford executa uma bonita parte vocal e é seguido por um pequeno intervalo instrumental que preparam para o maior grito do disco, "Valhallaaaaaaaaaaa", que arrepiará a espinha de qualquer fã do Priest que estiver ouvindo a música com o som alto. A música com certeza é um dos destaques do disco.

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"Sword of Damocles" é mais cadenciada e começa com uma excelente bateria executada por Travis. Halford força os agudos durante toda a música, mostrando que está muito bem; constatação que fará os fãs felizes. Após a metade da música há uma passagem apenas de guitarras, seguida de vocais que lembram o Judas da década de 70, retornando sem aviso para o ritmo forte da música.

"The March of the Damned" é o outro single do disco. Segundo Tipton, ela se refere aos fãs que se reúnem e seguem o Judas para seus shows com distinta determinação. A música serve como uma homenagem. Ela é bastante cadenciada e possui um riff marcante, principal característica da música. A voz de Halford nela parece excessivamente metálica, talvez com efeitos demais. "Down in Flames" e "Hell and Back" seguem com a fórmula do disco: introdução com ótimos riffs, bateria marcando e dando espaço para os vocais de halford, além de um intervalo para os solos. Duas ótimas músicas. "Cold Blooded" é um pouco mais cadenciada e mostra, mais um vez, um excelente trabalho na bateria de Travis e nos solos de Faulkner/Timpton.

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"Metallizer" começa frenética: riffs pesados, bateria a lá Painkiller, baixo de Hill socando ao fundo e um grito de Halford para abrir os trabalhos. A música lembra àquelas do disco de 1990 durante boa parte de sua execução, apesar de possuir trachos mais lentos. Uma das melhores do disco.

"Crossfire" possui uma excelente entrada que flerta com o blues, dando espaço para riffs marcantes que acompanham a música até o fim. Apesar disso, a música não convence muito. "Secrets of the Dead" começa mais um vez lenta, apenas com o som de um sino e guitarra. A música possui um ritmo menos acelerado e é sempre bem acompanhada pela bateria de Travis marcando o tempo e os riffs de Faulkner e Tipton.

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"Battle Cry" começa com uma pequena interação entre Faulkner e Tipton nas guitarras, seguida da cozinha e um vocal bastante interessante de Halford. Em músicas como essa ele acerta o tom e convence muito nos vocais, mostrando novamente que ainda consegue entregar um material vocal incrível. Outro destaque do disco.

"Beginning of the End" termina o disco em grande estilo. Mais melancólica e lenta, a música consiste basicamente em um apoio instrumental para Halford cantar esta belíssima canção. Uma forma acertada de fechar este maravilhoso álbum.

Existem 5 bonus tracks que serão lançadas futuramente em edições especiais: "Snakebite", "Tears of Blood", "Creatures", "Bring it On" e "Never Forget".

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De forma prática, pode-se dizer que o instrumental do Judas Priest continua completamente impecável. Richie Faulkner se saiu muito bem, mostrando grande desenvoltura em trabalhar com Glenn Tipton na criação de grandes riffs e solos. O baixo de Ian Hill é sempre muito bem colocado e forma uma excelente cozinha com Scott Travis, que nunca esteve tão monstruoso desde o Painkiller. Halford é uma grata surpresa (havia dúvida de como ele se sairia apenas ouvindo os dois singles), mostrando que gerencia muito bem as limitações de sua voz e ainda assim consegue cantar da forma que queremos ouvir as 62 anos. O disco se aproxima demais do auge dos anos 80/90 e é o melhor disco desde o retorno de Rob Halford a banda.

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Redeemer of Souls é um álbum essencial do Judas Priest e, como eles haviam afirmado que seria anos atrás, é um celebração ao Heavy Metal e possui tudo o que os fãs querem ouvir.

Line-up: Rob Halford (Vocais)
Ian Hill (Baixo)
Glenn Tipton (Guitarra)
Richie Faulkner (Guitarra)
Scott Travis (bateria)

Músicas: 01. Dragonaut
02. Redeemer Of Souls
03. Halls Of Valhalla
04. Sword Of Damocles
05. March Of The Damned
06. Down In Flames
07. Hell & Back
08. Cold Blooded
09. Metalizer
10. Crossfire
11. Secrets Of The Dead
12. Battle Cry
13. Beginning Of The End
Bônus :
14. Snakebite
15. Tears Of Blood
16. Creatures
17. Bring It On
18. Never Forget

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