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Judas Priest: Quem é rei jamais abandonará o trono!

Resenha - Redeemer Of Souls - Judas Priest

Por Felipe Cipriani Ávila
Postado em 06 de agosto de 2014

Nota: 9 starstarstarstarstarstarstarstarstar

Oriunda da cidade industrial inglesa Birmingham, o Judas Priest se formou no ano de 1969 e, ao lado da conterrânea Black Sabbath, logo se tornou uma das bandas mais influentes e respeitadas do que se convencionou chamar de Heavy Metal, influenciando e sendo modelo para inúmeras bandas, fato que perdura até os dias atuais. Após o anúncio em dezembro de 2010 do que seria a turnê de despedida do conjunto, a "Epitaph World Tour", que durou entre os dias sete de junho de 2011 e vinte e seis de maio do ano posterior, ninguém imaginou o que ainda estaria por vir em um futuro próximo. Já em agosto de 2011, o vocalista Rob Halford havia dito em uma entrevista que ele e o guitarrista Glenn Tipton possuíam composições para um novo álbum de estúdio previsto para ser lançado no ano seguinte. Contudo, o ano de 2012 foi avançando e não houve nenhum lançamento inédito, até que em outra entrevista concedida em agosto do mesmo ano para a revista Billboard, Rob Halford afirmara que o álbum sairia sim, porém não havia previsão exata, já que eles estavam se dedicando o máximo possível no desenvolvimento e lapidação das novas composições. Em junho de 2013 foi confirmado que a banda não se dissolveria e que a "Epitaph World Tour" não seria a turnê de despedida, como fora anunciado anteriormente. Naturalmente, a ansiedade de todos os seus seguidores era crescente, e eis que no dia 11 de julho de 2014 é lançado oficialmente na Europa o tão esperado novo trabalho de estúdio do quinteto, contendo um título poderoso e emblemático, "Redeemer Of Souls"!

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"Redeemer Of Souls" é o décimo sétimo álbum de estúdio do conjunto e o primeiro sem o guitarrista e um dos membros fundadores K. K. Downing, que como anunciado em um comunicado oficial em 20 de abril de 2011, se separou dos seus companheiros sem maiores explicações e detalhes. Para substituí-lo na "Epitaph World Tour" logo é apresentado Richie Faulkner, até então conhecido principalmente por integrar a carreira solo da filha do lendário contrabaixista do Iron Maiden Steve Harris, Lauren Harris. Estando efetivado no line-up, a responsabilidade de estrear em um novo álbum no catálogo de uma banda da estirpe e classe do Judas Priest era deveras grande. Por mais que houvesse impressionado o público e crítica especializada no que teoricamente seria a turnê de despedida, não havia como saber como este se sairia em estúdio, já que K. K. Downing sempre fora uma peça de extrema importância para a sonoridade do quinteto. Entretanto, o lançamento do novo álbum de estúdio mostra que, apesar da mudança, o Heavy Metal imortalizado pela banda continua muito vivo e relevante, sendo que Richie Faulkner deu um "gás" a mais ao restante dos membros, tendo participado ativamente no processo de criação ao lado de Rob Halford e Glenn Tipton. O álbum em questão marca o retorno ao Heavy Metal tradicional direto e clássico que a banda ajudou a criar e lapidar, diferentemente do anterior de 2008, "Nostradamus", que possui uma verve mais experimental e variada. Desta vez o quinteto mostra ao público e à crítica especializada que o gênero continua mais vivo do que nunca, de modo que os vários hinos contidos em "Redeemer Of Souls" provam isso com folga.

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A faixa de abertura, "Dragonaut", já enternece até o fã mais entusiasmado, sendo uma daquelas pérolas que faz o mesmo cantarolar o seu refrão formidável desde a primeira audição. Eis um tema que pode vir a se tornar clássico, por conter todas as características que fizeram a banda se tornar um dos maiores e mais respeitados expoentes da música pesada. Ainda bem que não "penduraram as guitarras", pois a identidade e o "poder de fogo" do quinteto permanecem intactos!

Após uma canção tão poderosa e impactante como a anterior, não há muito tempo para se respirar. O tema homônimo do disco já começa com riffs de guitarra, perdoe-me, caro leitor, pela expressão que pode soar exagerada, "arrasa carteirões", na linha mais tradicional do gênero. O vocalista Rob Halford se solta cada vez mais no seu desenrolar, mostrando que, apesar dos seus quase sessenta e três anos de idade, continua com o gogó abençoado. "Redeemer Of Souls" é precisa, com refrão marcante e solos da dupla Tipton/Faulkner fundamentados na velha escola, melodiosos e memoráveis.

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"Halls Of Valhalla" tem introdução emocionante e empolgante, que vai crescendo e ficando cada vez mais pesada, com excelente trabalho do baterista Scott Travis. Rob Halford logo mostra o porquê de ser considerado uma lenda com um agudo bem potente. A canção segue forte, com ótimos riffs de guitarra e refrão de fácil assimilação, todavia, ao mesmo tempo, muito bem criado. Os solos de guitarra aqui presentes são bonitos e repletos de feeling. Em certo ponto, Rob Halford nos brinda com mais um agudo incrível! Prosseguindo com a energia e "poder de fogo", temos "Sword Of Damocles", outra bem pesada, porém com linhas vocais mais cadenciadas, mas não enfadonhas ou menos marcantes. O refrão é sólido e mostra bem como o vocalista bretão possui pleno domínio da sua voz, sabendo adotar as linhas vocais que a música pede, sempre com muita imponência e elegância. O quinto tema, "March Of The Damned", já se inicia em uma linha bem tradicional, com ótimas linhas vocais. O refrão é bem eficiente, preciso e memorável. Os solos de guitarra da dupla Tipton/Faulkner são formidáveis! Outra canção repleta de feeling e com um espetáculo à parte de Rob Halford é "Down In Flames". Com instrumental coeso e poderoso, a mesma certamente funcionará muito bem ao vivo. Os solos de guitarras gêmeas estão, mais uma vez, afiados e enérgicos! Por outro lado, "Hell & Back" pode até enganar os mais desavisados, parecendo se tratar de uma balada, já que o seu princípio é acústico e suave, com Rob Halford imprimindo bastante sentimento à sua interpretação. Porém esta logo cresce com linhas de contrabaixo características e bem evidentes de Ian Hill, ficando pesada e imponente. O refrão é fabuloso e objetivo! É, sem sombra de dúvida, bastante elogiável a química já existente entre a dupla Tipton/Faulkner, nos brindando com solos de guitarra excepcionais. Seguindo um direcionamento mais sombrio, temos "Cold Blooded", com um andamento bem envolvente e hipnotizante. Outro exemplo do quão versátil e dinâmica é a voz do já mencionado e elogiado várias vezes Rob Halford, mesmo após tantos anos de carreira. Fica mais encorpada no seu desenvolvimento, atingindo um peso absurdo, com outro grande trabalho de Scott Travis.

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Ah, o que pode ser aludido sobre "Metalizer"? Temos aqui o Judas Priest na sua mais pura essência e glória! A ponte e o refrão são sensacionais e épicos! Eis um verdadeiro hino que só poderia ser concebido por uma banda de tal nível e qualidade! Os solos de guitarra são altamente inspirados! Esse é daquelas obras que prontamente emocionam os mais ávidos fãs do Heavy Metal tradicional e clássico! A décima faixa, "Crossfire", começa classuda e elegante, com linhas vocais muito bem encaixadas. Os solos da dupla Tipton/Faulkner são repletos de feeling e paixão. Rob Halford solta a voz no final, mostrando que o seu gogó permanece firme e forte! Seguindo um direcionamento mais tenso e taciturno, temos "Secrets Of The Dead", contudo não abrindo mão de uma boa dose de peso, com uma bela parede sonora. O refrão é bem diferenciado, porém de fácil memorização.

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Já caminhando para o final do play, somos bombardeados por um clássico instantâneo, com um refrão no mínimo formidável. Palavras não serão justas para descrever o quão épica, memorável e esplendorosa é "Battle Cry"! Para aqueles que estavam com saudades dos agudos potentes, característicos e outrora mais frequentes de Rob Halford, fiquem tranquilos, pois na referida pérola ele dá tudo de si, cantando com uma paixão e vigor de deixar qualquer vocalista de vinte e poucos anos com inveja. Finalizando "Redeemer Of Souls", temos a belíssima balada "Beginning Of The End", suave e repleta de sentimento, deixando o ouvinte emocionado e já com vontade de escutar o álbum outra vez!

Há os que podem proferir, talvez, que o disco é clichê e não "reinventa a roda", não apresentando nada de inovador. Mas, façamos a seguinte pergunta, há a necessidade real disso? O Judas Priest seguramente não precisa provar mais nada para ninguém. E os "clichês" presentes foram criados e moldados pelos próprios, de modo que a integridade do conjunto permanece intacta e vívida. "Redeemer Of Souls" é um trabalho de Heavy Metal feito como modo de homenagear todos os fãs, por tantos anos de fidelidade, e contêm todas as características e peculiaridades que tornaram o grupo britânico um dos mais amados e reverenciados do gênero! Álbum maravilhoso, daqueles para se ouvir continuamente, tamanha a energia, poderio e qualidade! Yes, the Priest is back! Aprecie sem moderação!

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Formação da banda:
Rob Halford – Vocal
Glenn Tipton – Guitarra e sintetizador
Richie Faulkner – Guitarra
Ian Hill – Contrabaixo
Scott Travis – Bateria

Faixas:
1 – Dragonaut
2 – Redeemer Of Souls
3 – Halls Of Valhalla
4 – Sword Of Damocles
5 – March Of The Damned
6 – Down In Flames
7 – Hell & Back
8 – Cold Blooded
9 – Metalizer
10 – Crossfire
11 – Secrets Of The Dead
12 – Battle Cry
13 – Beginning Of The End

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Sobre Felipe Cipriani Ávila

Headbanger convicto e fanático, jornalista (graduado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas), colecionador compulsivo de discos, não vive, de modo algum, sem música. Procura, sempre, se aprofundar no melhor gênero de música do mundo, o Heavy Metal, assim como no Rock'n'Roll, de um modo geral, passando pelo clássico, pelo progressivo, pelo Hard setentista e oitentista, e não se esquecendo do Blues. Play It Loud!
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