Alice Cooper: Descendo ao inferno com o "Goes To Hell"
Resenha - Goes To Hell - Alice Cooper
Por Neimar Secco
Postado em 18 de fevereiro de 2014
Depois do mega sucesso do projeto WELCOME TO MY NIGHTMARE, Alice Cooper lança a segunda parte da saga de Steven que, involuntariamente, marca o início de uma literal descida ao seu inferno particular.
Aparentemente tudo estava indo muito bem para Alice Cooper em 1976. Seu multiplatinado primeiro álbum solo lançado no início de 1975 foi sua maior vendagem até então. A tour que o promovia, com o show mais produzido e coreografado de Alice Cooper ate então, foi muito bem sucedida com várias arenas lotadas. Alice Cooper estava literalmente no auge profissional.
Mas que ninguém perguntasse a seu fígado e seu estado de saúde geral como era ser a parte invisível (mas nem tão imperceptível assim) de Alice Cooper, que literalmente vomitava sangue devido a seus excessos alcoólicos.
Alice Cooper Goes To Hell foi lançado em junho de 1976. Em princípio foi programada uma tour com um show tão ou mais produzido que o do álbum anterior em que o palco seria caracterizado como uma discoteque "ambientada" no inferno. Alice demonstraria sua repulsa ao gênero musical dominante na época, principalmente nos EUA.
O projeto foi abortado devido ao estado de saúde de Alice. Porém ele fez ainda algumas aparições em shows de TV e em premiações como "host" e assim, manteve sua imagem em grande evidência. I Never Cry, que não é uma balada romântica, mas sim uma confissão do alcoolismo que o deprimia e dominava foi um enorme hit, que chegou a ser o single de maior vendagem da Warner Bros. Mas não deixava de ser paradoxal que essa balada fosse o grande sucesso do vilão do rock na época.
Alice Cooper Goes To Hell abre com "Go To Hell", a faixa título em que um "júri" proclama a pena de Alice por todos os seus atos criminosos, seus abusos alcoólicos e sua conduta nada "politicamente correta". Uma das músicas autobiográficas de Alice, que marcaram esse período de sua vida e carreira. Destaque para o arranjo "progressivo" com a guitarra soturna de Dick Wagner, alguns efeitos sonoros de quebras de objetos e uma percussão muito climática.
A seguir vem "You Gotta Dance", a faixa disco do álbum em que Alice interpreta um frequentador de discoteque entregue às sensações dos embalos trazidos pelo ritmo e pelo clima envolvente do ambiente da discoteque. Para mim uma faixa que deixa muito a desejar, pois nem é um rock "padrão", nem uma música disco muito semelhante ao que se fazia na época.
"I’m The Coolest" é uma faixa bem "lounge", cujo clima é ditado pelo contrabaixo de Tony Levin (músico de estúdio renomado e muito solicitado nos anos 70 e 80) e pelas guitarras de Steve Hunter e Dick Wagner.
Em "Didn’t We Meet" Alice narra seus encontros com outras "almas" em sonhos. Certamente referências ao álbum anterior, situações vivenciadas por Steven, seu personagem-guia por esses tempos de sonhos/pesadelos pessoais.
O lado 1 fecha com a já citada balada (também autorreferente) "I Never Cry"
Na primeira faixa do Lado 2, Alice Cooper é recebido pelo Demônio em pessoa, com quem ele se lamenta e questiona os motivos de estar lá. A faixa, ao contrário do que se poderia esperar ou desejar, é quase cômica, com Steven tentando negociar sua saída do inferno (como se isso fosse possível) "Sure thing, kid, when hell freezes over", (Certamente, garoto, quando o inferno congelar, diz o diabo). Alice faz os dois vocais, o do condenado e o do diabo.
Em "Guilty", outra música explicitamente autorreferente e biográfica, Alice assume todas as suas culpas e contrapõe sua condição de vilão do rock à sua origem de filho de pastor.
Luis Alberto Braga Rodrigues | Rogerio Antonio dos Anjos | Everton Gracindo | Thiago Feltes Marques | Efrem Maranhao Filho | Geraldo Fonseca | Gustavo Anunciação Lenza | Richard Malheiros | Vinicius Maciel | Adriano Lourenço Barbosa | Airton Lopes | Alexandre Faria Abelleira | Alexandre Sampaio | André Frederico | Ary César Coelho Luz Silva | Assuires Vieira da Silva Junior | Bergrock Ferreira | Bruno Franca Passamani | Caio Livio de Lacerda Augusto | Carlos Alexandre da Silva Neto | Carlos Gomes Cabral | Cesar Tadeu Lopes | Cláudia Falci | Danilo Melo | Dymm Productions and Management | Eudes Limeira | Fabiano Forte Martins Cordeiro | Fabio Henrique Lopes Collet e Silva | Filipe Matzembacher | Flávio dos Santos Cardoso | Frederico Holanda | Gabriel Fenili | George Morcerf | Henrique Haag Ribacki | Jorge Alexandre Nogueira Santos | Jose Patrick de Souza | João Alexandre Dantas | João Orlando Arantes Santana | Leonardo Felipe Amorim | Marcello da Silva Azevedo | Marcelo Franklin da Silva | Marcio Augusto Von Kriiger Santos | Marcos Donizeti Dos Santos | Marcus Vieira | Mauricio Nuno Santos | Maurício Gioachini | Odair de Abreu Lima | Pedro Fortunato | Rafael Wambier Dos Santos | Regina Laura Pinheiro | Ricardo Cunha | Sergio Luis Anaga | Silvia Gomes de Lima | Thiago Cardim | Tiago Andrade | Victor Adriel | Victor Jose Camara | Vinicius Valter de Lemos | Walter Armellei Junior | Williams Ricardo Almeida de Oliveira | Yria Freitas Tandel |
Em seguida vem "Wake Me Gently", uma balada em que o sonhador se vê com medo de sair do sonho e encarar uma realidade de abandono e solidão.
"Wish You Were Here" juntamente com "Go To Hell" e "Guilty" forma o grupo de músicas mais "hard rock" do álbum e é baseada em uma música de Dick Wagner, criada para sua banda, Ursa Major e que pode ser ouvida no autointitulado álbum da banda.
A parte instrumental do final da música foi muitas vezes executada nos shows e inclusive está registrada no medley do álbum ao vivo "The Alice Cooper Show".
A parte final da ida ao inferno de Alice começa com a regravação de uma canção de 1918, "I’m Always Chasing Rainbows" em que o narrador fala da sua busca incessante e aparentemente interminável pela sorte e pela felicidade.
Acima, a gravação original de "Chasing Rainbows" – 1918
O final arrebatador dessa sequencia de "Welcome To My Nightmare" chega com "Going Home". Sim, apesar dos fantasmas da doença e da fragilidade física, Alice Cooper ainda chegaria seguro e em bom estado em casa, onde seus fãs "de essência" saberiam como encontrá-lo e como entender essa grande guinada do garoto que não sabia o que queria aos 18 anos (I’m Eighteen), que queria tirar férias eternas da escola (School’s Out) e que não queria mais ser visto como um cara legal (No More Mr. Nice Guy).
Aos 28 anos Alice fazia um balanço de sua carreira e de sua vida e inaugurava, assim, um novo período – não tão glorioso ou "paparicado", mas de resistência e luta como só os grandes sabem.
NOTAS
-- Lançamento: 25/06/1976
FAIXAS
01 Go To Hell (Cooper, Wagner, Ezrin) [5:02]
02 You Gotta Dance (Cooper, Wagner, Ezrin) [2:44]
03 I'm The Coolest (Cooper, Wagner, Ezrin) [3:57]
04 Didn't We Meet (Cooper, Wagner, Ezrin) [4:15]
05 I Never Cry (Cooper, Wagner) [3:43]
06 Give The Kid A Break (Cooper, Wagner, Ezrin) [4:13]
07 Guilty (Cooper, Wagner, Ezrin) [3:21]
08 Wake Me Gently (Cooper, Wagner, Ezrin) [5:03]
09 Wish You Were Here (Cooper, Wagner, Ezrin) [4:35]
10 I'm Always Chasing Rainbows (McCarthy, Carroll) [2:13]
11 Going Home (Cooper, Wagner, Ezrin) [3:47]
MÚSICOS (THE HOLLYWOOD VAMPIRES)
Dick Wagner - Guitars and Vocals (1,2,3,4,6,7,8,9,10)
Steve Hunter - Guitars (all)
John Tropea - Guitars (1,2,6,8,9)
Tony Levin - Bass (2,3,4,5,6,7,8,9,10,11)
Babbitt - Bass (1)
Allan Schwartzberg - Drums (1,2,4,5,6,7,8,9)
Jim Gordon - Drums (3,10,11)
Jim Maelan - Percussion and Soft Shoes (all) Bob Ezrin - Keyboards, Vocals (2,3,4,5,6,8,10,11)
Al Macmillan – Piano
Dick Berg - French Horn (5)
Backing Vocals - Michael Sherman, Shawn Jackson, Colina Phillips, Joe Gannon, Shep Gordon, Denny Vosburgh, Bill Misener, Laurel Ward, Sharon-Lee Williams
-- O primeiro título pensado para o álbum foi apenas HELL
Produção: Bob Ezrin
Gravado em:
Soundstage Toronto
Record Plant East
RCA Studios Los Angeles
Arranjos: Bob Ezrin, Al Macmillan, John Tropeae The Hollywood Vampires.
Design: Rod Dyer/Brian Hagiwara.
Fotografia: Bret Lopez.
A foto de Alice na capa do álbum foi feita nas sessões de fotos para Billion Dollar Babies, três anos antes. Houve (e ainda há) rumores de que se preferiu utilizar uma foto dessa época porque Alice não estava bem e sua aparência na época da gravação e lançamento do álbum refletia sua saúde debilitada.
Luis Alberto Braga Rodrigues | Rogerio Antonio dos Anjos | Everton Gracindo | Thiago Feltes Marques | Efrem Maranhao Filho | Geraldo Fonseca | Gustavo Anunciação Lenza | Richard Malheiros | Vinicius Maciel | Adriano Lourenço Barbosa | Airton Lopes | Alexandre Faria Abelleira | Alexandre Sampaio | André Frederico | Ary César Coelho Luz Silva | Assuires Vieira da Silva Junior | Bergrock Ferreira | Bruno Franca Passamani | Caio Livio de Lacerda Augusto | Carlos Alexandre da Silva Neto | Carlos Gomes Cabral | Cesar Tadeu Lopes | Cláudia Falci | Danilo Melo | Dymm Productions and Management | Eudes Limeira | Fabiano Forte Martins Cordeiro | Fabio Henrique Lopes Collet e Silva | Filipe Matzembacher | Flávio dos Santos Cardoso | Frederico Holanda | Gabriel Fenili | George Morcerf | Henrique Haag Ribacki | Jorge Alexandre Nogueira Santos | Jose Patrick de Souza | João Alexandre Dantas | João Orlando Arantes Santana | Leonardo Felipe Amorim | Marcello da Silva Azevedo | Marcelo Franklin da Silva | Marcio Augusto Von Kriiger Santos | Marcos Donizeti Dos Santos | Marcus Vieira | Mauricio Nuno Santos | Maurício Gioachini | Odair de Abreu Lima | Pedro Fortunato | Rafael Wambier Dos Santos | Regina Laura Pinheiro | Ricardo Cunha | Sergio Luis Anaga | Silvia Gomes de Lima | Thiago Cardim | Tiago Andrade | Victor Adriel | Victor Jose Camara | Vinicius Valter de Lemos | Walter Armellei Junior | Williams Ricardo Almeida de Oliveira | Yria Freitas Tandel |
A TURNÊ "ABORTADA"
Em 25 de junho de 1976 foi lançado "Go To Hell". Uma turnê com 30 datas foi planejada, mas cancelada. Dois dias antes da data marcada para o início dos ensaios Alice foi internado no hospital da Universidade da California com o diagnóstico de anemia
1976 (20/03/76) também foi o ano do casamento de Alice Cooper com sua dançarina e coreógrafa da tour anterior: Sheryl Gail Goddar (Sheryl Cooper). Estão casados até hoje.
Em 1976, Alice lançou também sua primeira biografia oficial, Me, Alice, "como relatada a" Steven Gaines.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A música de amor - carregada de ódio - que se tornou um clássico dos anos 2000
A canção dos Rolling Stones que, para George Harrison, era impossível superar
O melhor baterista dos últimos 10 anos, segundo Lars Ulrich do Metallica
A banda clássica que poderia ter sido maior: "Influenciamos Led Zeppelin e Deep Purple"
As quatro músicas do Metallica que James Hetfield considera suas favoritas
Brian May escolhe os três maiores solos de guitarra de todos os tempos
O Melhor Álbum de Hard Rock de Cada Ano da Década de 1980
Camiseta oficial de Ozzy Osbourne zoa Roger Waters por fala que irritou a todos
A banda esquecida que Eric Clapton considera os pioneiros do heavy metal
Líder do Metal Church conta como a nova formação da banda foi montada
David Gilmour revela quais as quatro bandas de prog rock que ele mais detesta
O solo de guitarra que deixa Dave Grohl e Joe Satriani em choque; "você chora e fica alegre"
A melhor música do clássico álbum "Powerage" do AC/DC, segundo Angus Young
O músico que fez o lendário Carlos Santana se sentir musicalmente analfabeto
Tony Iommi escolhe o maior guitarrista de todos os tempos; "meu ídolo"
A banda que o lendário Jimi Hendrix chamou de "maior de todos os tempos"
Como o "sofrimento" de um incrível vocalista gerou uma maravilhosa balada sobre dor e cura
Geddy Lee elege os dois maiores solos de guitarra de todos os tempos

A banda que Joe Perry quase escolheu no lugar do Aerosmith; a proposta parecia fazer sentido
Com mais de 160 shows, Welcome to Rockville anuncia cast para 2026
Metal Church recruta ex-membros do Megadeth e Alice Cooper para nova formação
Três Álbuns Seminais Lançados em 1975, nos EUA
A banda que Alice Cooper recomenda a todos os jovens músicos
Aos 77 anos, Alice Cooper explica como nunca perdeu a voz
O filme de terror preferido de 11 rockstars para você assistir no Halloween
Metallica: "72 Seasons" é tão empolgante quanto uma partida de beach tennis
Clássicos imortais: os 30 anos de Rust In Peace, uma das poucas unanimidades do metal
