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Pain Of Salvation: Uma das bandas mais representativas

Resenha - Road Salt Two - Pain Of Salvation

Por Júlio André Gutheil
Postado em 10 de fevereiro de 2012

Nota: 9 starstarstarstarstarstarstarstarstar

Daniel Gildenlöw e sua trupe estão de volta. O Pain of Salvation é uma das bandas mais representativas da cena progressiva na atualidade, sempre lançando discos ousados, de temáticas variadas e sempre carregadas de profundidade e reflexão. Daniel é um músico inquieto, que está sempre em busca de novas possibilidades para sua arte, jamais se acomodando em uma única sonoridade, desbravando novas e obscuras águas e quase sempre desafiando os admiradores de seu trabalho a embarcar em uma nova aventura.

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O que temos agora é a segunda parte do disco lançado em 2010, "Road Salt One", que recebe o sub-título Ivory. Este "Road Salt Two" (Ebony), como pode-se reparar tanto pelas capas quanto pelos sub-títulos, é uma espécie de antagonismo do trabalho anterior. A concepção é a mesma, apostando alto em psicodelismo e na veia latente dos anos 60 e 70 que se ouviu na primeira parte da obra, porém com um certo quê mais obscuro, um tanto agoniado talvez, com ares mais complexos e divagantes. Uma comparação interessente seria dizer que a primeira metade é quase reta, enquanto que a segunda é tortuosa e cheia de revés que atiçam ainda mais a imaginação do ouvinte.

A introdução 'Road salt Theme' é uma peça retrô, de estilo cinematográfico. Realmente linda e logo dá o tom do que há de se ouvir mais adiante. 'Softly She Cries' vem na pegada Hard Rock setentista que já se ouviu em RS1, com guitarras de timbres marcantes e repletas de distorção e um clima denso e psicodélico.

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Ainda mais anos 70 que a faixa anterior, 'Conditioned' já começa com uma levada de guitarra empolgante. É uma canção menos complexa, mas que compensa bastante pelo belo ritmo balançante e os momentos viajantes propiciados pelas ótimas linhas de teclado. 'Healing Now' é uma canção bem dizer acústica, com uma profusão de dedilhados e notas trêmulas que flutuam de uma forma encantadora. Uma ótima faixa com uma excepcional interpretação de Daniel nos vocais.

O psicodelismo vem com tudo em 'To the Shoreline', que munida também de elementos bem progressivos resulta numa faixa cativante, com Daniel cantando muito bem, com interpretação marcante, emotiva e repleta de feeling. Assim como o RS1 teve momentos que remetiam aos trabalhos mais antigos da banda, novamente temos uma faixa com cara mais tradicional: 'Eleven'. Bem pesada, com altos e baixos impressivos e carregada de uma atmosfera tensa. Mas aomesmo tempo consegue agregar as características da nova sonoridade da banda. Nota para a destacada atuação do baterista Leo Margarit.

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Logo em seguida temos a muito simples, porém lindíssima, '1979'. É curta, pouco complexa e sem grandes atrativos técnicos, mas que conta com Daniel mais uma vez se superando na forma de dar vida à canção com sua voz, alguns instrumentos mais exóticos discretamente colocados e uma aura de encantadora simplicadade. E ainda temos a letra maravilhosa, que consegue tocaros sentimentos de qualquer pessoa que já deixou a adolescência para trás.

'The Deeper Cut' é outra que remete a progressividade original da banda. Também tem um ar pesado, nervoso e denso. Belas linhas de guitarra, baixo satisfatóriamente atuante e a bateria destacada uma nova vez, ditando com maestria o ritmo da música. E nesse mix de passado e presente que marca tão profundamente a fase atual do Pain of Salvation chega 'Mortar Grind' (que já constava no EP "Linoleum" do começo do último ano). Pode-se dizer que seja a mais pesada do disco, com mais cara de metal, porém repleta de momentos calcados em épocas passadas e ainda em outras pirações de Daniel Gildenlöw.

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'Through the Distance' é irmã gêmea de '1979', ambas se completando perfeitamente. O mesmo clima, a mesma emotividade, a mesma sensação de saudade. Outra pérola.

Chegando próximo ao final da viagem, temos a mais progressiva e mais diversificada canção do disco: 'The Physics of Gridlock'. Um pequeno épico de oito minutos, divididos em três partes distintas. Temos peso, distorção, devaneios e psicodelismo a valer, alternando-se com sonoridades exóticas e uma certa atimosfera de júbilo e grandiosidade, realmente o encerramento de uma saga. O grande e mais substancial atrativo é a útima parte, cantada em francês, língua que deu ainda mais emotividade a interpretação de Daniel e encerrando em altíssimo estilo esta insana viagem que nos foi ofericida.

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E o adeus definitivo se dá com 'Ending Credits', do mesmo estilo da abertura do disco, cinematográfica. Uma bonita canção instrumental,que realmente dá a sensação de ser a trilha do final de um filme em preto e branco enquanto sobrem os crédtios finais, colocando um ponto final na rica e abstrata aventura que acabamos de ter.

Sobre o tema do disco, novamente não me arrisco a dar qualquer parecer. Antes de mais nada, cada uma dessas canções tem a intenção de significar algo pessoal e marcante para cada ouvinte, individualmente, sem necessitar de uma história explícita e que todos devam aceitar.

Já disse uma vez que considero Daniel Gildenlöw um verdadeiro gênio, megalomaníaco e excêntrico, mas um gênio. E a coragem dele em fazer o que bem quiser, o que o seu senso de artista pede, faz com que eu o admire ainda mais. Essa saga de Road Salt é mais uma ótima obra desenvolvida por ele, e que consagra mais e mais o Pain of Salvation como uma das bandas mais criativas do cenário metálico contemporâneo.

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Toda a arte do disco é muito bonita também, e embelezará sua coleção se você adquirir. Não perca!

O Pain of Salvation é:

Daniel Gildenlöw – Vocais, guitarras e baixo
Johan Hallgren – Guitarra e vocais adicionais
Fredrik Hermansson – Teclado, piano, orgão e mellotron
Léo Margarit – Bateria e backing vocals

Track List:

1. Road Salt Theme (00:45)
2. Softly She Cries (04:18)
3. Conditioned (04:30)
4. Healing Now (04:34)
5. To The Shoreline (03:03)
6. Eleven (06:28)
7. 1979 (02:53)
8. The Deeper Cut (06:14)
9. Mortar Grind (05:49)
10. Through The Distance (03:00)
11. The Physics Of Gridlock (08:43)
12. End Credits (3:25)

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Sobre Júlio André Gutheil

Nascido em Feliz, interior do Rio Grande do Sul, de origem alemã e com 20 anos de idade. Grande fã de Blind Guardian, Paradise Lost e Opeth, além de outras várias bandas de diversos estilos distintos. Pretende cursar jornalismo e também se dedicar o máximo possível à crônica do mundo Heavy Metal. Escreve no blog www.metalmeltdowndiscos.blogspot.com. Twitter: @jagutheil.
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