Resenha - From The Cradle To The Stage - Rage
Por Maurício Gomes Angelo
Postado em 27 de dezembro de 2005
Nota: 9 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
20 anos de história. 25 álbuns no currículo – incluindo aí vários EP’s, lançamentos especiais e sendo 17 desses de estúdio. Seria Peter "Peavy" Wagner um workaholic? Melhor: quantos workaholics deste nível existem?
Seja lá qual for este número, Peter sabe muito bem como comemorar duas décadas de trabalho pesado. Voltar a Bochum, cidade alemã que o viu nascer com o Avenger, lotar o clube Zeche (pequeno, porém bastante acolhedor) e desfilar alguns de seus maiores clássicos em duas antológicas horas. "Orgy Of Destruction", título assaz sintomático, dá início ao show com duas pedradas encantadoras: "War Of Worlds" e "Great Old Ones", completando a mesma tríade de abertura de seu último álbum, "Soundchaser". A nova formação, há 5 anos junta, consegue reunir brilhantemente o thrash/speed do início de carreira com a veia mais melódica (trazendo os refrães grudentos desta, claro) experimentada durante a década de 90. E o Rage é, sem dúvida, a banda que melhor consegue agregar as duas coisas, tirando melodias surpreendentes da composição mais pesada possível.
Se em estúdio já fascinam, a potência que adquirem ao vivo é recompensadora. Victor Smolski supre perfeitamente a ausência de qualquer dupla de guitarristas predecessores, sendo incrivelmente rápido, preciso e habilidoso, indo desde harmônicos a lá Malmsteen (e a influência do sueco é notável) até riffs da melhor escola thrash oitentista. Seu solo, a propósito, trabalha muito bem suas diversas influências, fazendo valer (e muito) os 6 minutos de duração. Falando em instrumental, a seqüência de "Unity", soberba, com o vôo solo de Mike Terrana na bateria, abusando de malabarismos, brincadeiras e usando todo o kit, acredite, não cansa.
Em termos técnicos, a operação das câmeras não é tão profissional quanto deveria. Por vezes têm-se a impressão de um certo amadorismo no ar, como se você ou eu pudesse fazer a mesma coisa. Os ângulos são óbvios (porque não uma câmera sob a bateria de Mike? ou uma vista "aérea" melhor?) e certas posições incomodam. Isto deixa as duas horas de duração do show perigosamente enfadonhas num certo momento. O tamanho diminuto do clube Zeche deve ter impedido um trabalho mais abrangente, mas não é desculpa para a falta de inteligência.
Todavia, não há nada que a atuação deste power trio e a qualidade de suas composições, muito acima da média, não compensem. "Sent By The Devil", "Enough Is Enough", "Soundchaser", "Don’t Fear The Winter" e "Higher Than The Sky" (com seu refrão entoado quatro músicas antes de sua execução!) provam o momento sublime em que vivem.
Se a gravação é meio tosca, o mesmo não se pode dizer da produção do DVD. Altamente cuidadosa, apresentando um show gráfico em telas e menus, o conteúdo do segundo disco é profissionalíssimo A começar pelo documentário "20 Years Of Rage", quase cinematográfico, com Peavy contando minuciosamente detalhes da história da banda, divida em partes e sendo entremeada por vídeos e fotos raras, além de depoimentos dos outros músicos. Ainda temos mais dois documentários em estúdio, não menos interessantes, making off de um show da banda e uma seqüência fantástica de vídeo clips. Desde "Down By Law", de 1987, até "Down", de 2002, destacando-se "True Face In Everyone" e o medley com a orquestra em "Língua Mortis". Neste ínterim podemos ver o quanto a música do Rage passou por várias fases e principalmente a profunda mudança na voz de Peavy. Saindo do tradicional speed oitentista, onde abusava dos agudos, tão tradicionais na época (lembrando personalidades tão díspares quanto King Diamond e Jimmy Brown, do Deliverance) até a voz quase completamente grave dos tempos atuais. Independente da ênfase, Peavy é ótimo, como cantor, compositor, líder e baixista. Desde segundo disquinho, a se lamentar somente a ausência de uma legenda em português, que pode atrapalhar quem tem dificuldade com a língua britânica.
"From The Cradle To The Stage – 20th Anniversary" transpira uma banda gigantesca em musicalidade e competência mas incompreensivelmente tímida em fama e adoração. Fazendo shows com os do Live N’ Louder e lançando material deste gabarito eles têm tudo, e muito mais do que o suficiente, para mudar este quadro. Indispensável para headbangers. Rage On!
Hellion Records – 2005.
Outras resenhas de From The Cradle To The Stage - Rage
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Hellfest terá 183 bandas em 4 dias de shows na edição de 2026 do festival
Duff McKagan elege as músicas do Guns N' Roses que mais gosta de tocar ao vivo
Roxette anuncia dois shows no Brasil em 2026
Os três melhores guitarristas base de todos os tempos, segundo Dave Mustaine
O hit do Nirvana sobre Whitesnake, Guns N' Roses, Aerosmith e Led Zeppelin
Para alguns, ver o AC/DC é um sonho. E sonhos não têm preço
Quando Lemmy destruiu uma mesa de som de 2 milhões de dólares com um cheeseburguer
O músico que Jimmy Page disse que mudou o mundo; "gênio visionário"
Rob Halford fala sobre a importância de estar há quase quatro décadas sóbrio
O "vacilo" que levou Nicko McBrain a achar que fosse passar no RH do Iron Maiden
Leia o discurso de Jim Carrey apresentando o Soundgarden no Rock and Roll Hall of Fame
30 clássicos do rock lançados no século XX que superaram 1 bilhão de plays no Spotify
Internautas protestam contra preços de ingressos para show do AC/DC no Brasil
Os 25 melhores álbuns do metal britânico, segundo o RYM
O grave erro do Pink Floyd que há décadas complica a vida de um renomado cientista
As bandas de thrash favoritas de James Hetfield, fora do Big 4
A música que era "segundo plano" para o Metallica e acabou virando um clássico imortal


Rage lança vídeo de "Innovation", faixa de seu próximo disco de estúdio



