Resenha - Darklands - Shadowsphere
Por Sílvio Costa
Postado em 21 de dezembro de 2004
Nota: 9
Esse grupo português já tem alguma história no underground do seu país. Os integrantes já passaram por grupos como Raw e Rebellion e mostram toda a sua experiência neste trabalho de estréia. O que se ouve aqui é um death metal muito bem trabalhado, com muita influência escandinava, porém muito mais agressivo que os seus congêneres suecos e finlandeses. Bases fortes, vocais bem trabalhados e uma produção muito acima do que seria de se esperar de um trabalho semi-independente. O Shadowsphere mostra que, acima de tudo, tem o que dizer e não está no cenário apenas para ser mais um dos inúmeros clones de In Flames e Children of Bodom que aparecem pelo menos duas vezes por mês.
As guitarras soam afiadíssimas e destilam riffs muito bem elaborados e, apesar de as canções soarem um pouco complexas demais, garantem bons momentos de headbanging. O peso está bem evidenciado em todas as 13 faixas, mesmo quando os riffs são mais melódicos. Outro grande destaque é a imensa criatividade do batera André Silva. Num estilo em que a velocidade é o que mais conta, ele consegue criar passagens que alternam técnica apurada com senso rítmico muito acima da média. A sessão rítmica do Shadowsphere é realmente de impressionar. Apesar de a produção soar "limpa demais" em alguns momentos, o que acaba tirando parte do peso que a banda imprime a suas músicas, Darklands acaba soando de uma forma inesperada justamente por causa desse capricho extra na produção e da imensa criatividade dos músicos (ouça o incrível riff de entrada de "At the Graves" e confirme isso que estou dizendo).
Um dos maiores problemas nas bandas de death metal melódico, a meu ver, sempre foram os vocais. Normalmente o estilo não dá margem a muita variação de timbres de voz e isso acaba tornando a tarefa de ouvir por inteiro um disco desse estilo uma tarefa cansativa. Mas, no caso do Shadowsphere, os vocais não comprometem a qualidade final do trabalho. Isto porque o vocalista Luís Goulão é claramente influenciado pela velha escola do death metal, o que significa dizer que a performance dele é bem mais agressiva que dos demais vocalistas do estilo. A maior prova disso está na pesadíssima "Forever". Os solos curtos e eficientes de Rui Neves e do próprio Luís Goulão complementam a atmosfera musical do Shadowsphere, que acabou criando um trabalho muito acima dos concorrentes escandinavos mais diretos. Apesar da estranheza inicial (especialmente pelo fato de a banda usar muitos elementos de NWOBHM, o que, de certo modo, é bastante incomum em bandas com essa proposta) há, sem dúvida muitos elementos que farão a alegria dos deathbangers órfãos do At the Gates e da fase "heavy" do In Flames.
Banda:
Luís Goulão – Guitarras, backing vocals
Paulo Gonçalves – Vocal
André Silva – Bateria
Rui Neves – Baixo.
Material cedido por:
Floyd Records International
Contatos:
[email protected]
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