Resenha - Reroute to Remain - In Flames
Por Leandro Testa
Postado em 27 de fevereiro de 2003
Nota: 9 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
Comentar sobre o Reroute to Remain à essa altura do campeonato já não é mais nenhuma novidade. Colocar, então, à mesa a evidente qualidade destes suecos desde o tosco (porém simpático) Lunar Strain de 1994, seria a insistente impertinência de querer chover no molhado. Assim, no papel de terceira resenha no Whiplash!, ela serve muito mais como um parecer pessoal do que propriamente como meio de promoção a este que foi, ao ter sido lançado, um dos álbuns mais vendidos no mercado metálico nacional, prova da grande aceitação às denominadas "quatorze canções de insanidade consciente", independentemente das mudanças trazidas por seu intermédio.

"Mudanças?" Claro que sim! Os indícios de outrora, com vocais limpos e góticos, aqui se apresentam (para ser generoso) setuplicados, experimentos estes que o ‘axe-man’ Jesper Strömblad já demonstrava interesse logo após a edição do terceiro ‘full-length’, Whoracle (1997), quando inclusive cogitou a hipótese de reduzir o pique das músicas (e bem sabemos que ocorreu justamente o contrário...).
Apesar de diferentes entre si, considero o conteúdo de cada trabalho um tanto homogêneo em seu próprio universo, pedindo, talvez, uma parcela a mais de variação. Partindo de tal pressuposto, não havia como precisar o direcionamento a ser seguido depois do melodioso Clayman, e para desespero de alguns, este CD é, sem dúvida, o mais deslocado de todos eles.
A faixa-título abre-alas, chega negando tudo, ganchuda e pomposa, como se nada (ou muito pouco) estivesse acontecendo. Em seguida, "System" traz de volta o momento mais porrada de "Pinball Map"..., mas, peraí... subitamente dá-se início ao desfile de passagens soturnas, "aquelas", abundantes no movimento que tomou de assalto a cena norte-americana até então monopolizada pelo grunge.
Afirmar que inclusive no instrumental reinam os elementos ‘alterna’ seria uma hipérbole infundada, mas eles aparecem sim como interstícios, dosados para que não houvesse uma total rejeição por parte dos fãs, recentes ou de longa data, o que, todavia, vem dividindo opiniões, e não existe um ‘guestbook’ sequer que eu tenha lido sem que houvesse críticos contra e a favor.
No meu caso, sou sempre o primeiro a incentivar inovações, e se elas se revelarem bem feitas, de preferência com uma injeção de peso, irei aplaudir mais ainda. Não me importo com os ataques de "Linkin Park" gemidos pelo ‘frontman’, com efeitos ou não, afinal, este foi o único grupo da safra "sensação-do-momento-cheia-das-verdinhas" com quem me identifiquei. Por outro lado, se o ouvinte não detém um mínimo de empatia para com o estilo, deixar o disquinho rolar de ponta a ponta deve ser uma tarefa no mínimo esforçada.
E não é só isso: os teclados mais em evidência, ‘samplers’ que não deveriam estar lá, os ‘backings’ alegres, duetos escassos, acordes em profusão intermitidos por pequenas porções de riffs cavalares, e o quase abandono da principal característica da banda, as linhas harmoniosas de guitarra (que, quando aparecem, geralmente ficam submersas num mar de bases altas e sujas), são os pivôs das acusações. A dupla das seis cordas às vezes parece estar fazendo as "mesmas" coisas e, até onde eu sei, não era assim que ela costumava agir em conjunto...
Sim, tudo tem o seu devido argumento, porém, se há um alvo mais visado, este é "Transparent" (com a tal da afinação baixa) que não soube decidir se queria ser agressiva ou radiante. Colocar um rap aqui, um DJ ali, uns zunidos abelhudos e a produção de Ross Robinson, seria um prato cheio para os adeptos do ‘mallcore’ (leia-se Nu "Metal").
Causando também certa controvérsia estão duas (quase) acústicas (quase) totalmente cantadas de forma ‘clean’, "Dawn of a New Day" e "Metaphor", esta que, devido ao violino de fundo e depois à bateria, reaviva o saudoso sentimento ‘folk’ até então esquecido. Esmiuçar tanto elas quanto as demais seria algo desnecessário e tortuoso, mas vale ressaltar a grudenta "Cloud Connected", que, por ser marcante, foi escolhida para figurar o single e um vídeo-clipe.
Até agora, o leitor deve estar pensando que meu intuito é de apenas denegrir o "novo" In Flames, mas, não olhando para trás, e em se tratando de uma avaliação individual, não posso deixar de expressar que este material é bom (apesar de distanciar-se da antiga proposta), muito bom mesmo, e ratifico que não tenho nada a cobrar deles, ainda mais porque desta vez não foram precisos covers, regravações, nem ‘bonus-tracks’ para se ultrapassar o limite de 40 minutos de duração (este possui 51’).
O que eu simplesmente não posso ignorar são os resultados desta fase: aquelas porcarias de ‘dreadlocks’ que esse ‘loki’ do Anders Fridén fez nos cabelos... (espero que me entendam)... E o que foi aquilo no Wacken, ordenando ao público: "Jump, jump!"? O incrível é que todos, até na postura de palco, chegam a se auto-denunciar. Ele devia se preocupar em cantar direito ‘ao vivo’ e não em ser performático ou mostrar a sua barba mal-feita digna de um ‘bad-boy’ yankee.
Portanto, "não" reclamem da transição do Reroute..., pois esta pode ter sido a última investida agradável do In Flames. Seu sucessor começará a ser edificado no fim de maio, num processo de total imersão na Dinamarca, e esta sim poderá ser a gota d’água para os mais radicais... Aliás, outro dia, numa troca de e-mails, a mim foi confidenciado que no próximo encarte um novo epíteto bem apropriado já virá estampado na capa: e agora conheçam o fenomenal "Korn Flakes"!!!...
Material cedido por:
Nuclear Blast/Century Media Records
www.centurymedia.com.br ou www.nuclearblast.de
Telefone: (0xx11) 3097-8117
Fax: (0xx11) 3816-1195
Email: [email protected]
Atenção a estas frases:
"Todos os dias, de todas as formas estamos ficando mais fracos" (Egonomic)
"Os pensamentos de outrora – esquecidos. Gosto de como esta nova pele me faz sentir" (Dawn of a New Day)
E a paráfrase de Lavoisier imortalizada pelo ‘Velho Guerreiro’ Chacrinha: "Nada se cria, tudo se copia". Qual é o caso deles?
Outras resenhas de Reroute to Remain - In Flames
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A banda brasileira que está seguindo passos de Angra e Sepultura, segundo produtor
Os melhores guitarristas da atualidade, segundo Regis Tadeu (inclui brasileiro)
"Guitarra Verde" - um olhar sobre a Fender Stratocaster de Edgard Scandurra
As músicas do Iron Maiden que Dave Murray não gosta: "Poderia ter soado melhor"
As duas bandas que atrapalharam o sucesso do Iron Maiden nos anos oitenta
A banda que deixou o Rage Against The Machine no chinelo tocando depois deles em festival
O artista que Neil Peart se orgulhava de ter inspirado
Ramones e a complexidade técnica por trás da sua estética
Mais um show do Guns N' Roses no Brasil - e a prova de que a nostalgia ainda segue em alta
Como foi para David Gilmour trabalhar nos álbuns solos de Syd Barrett nos anos 1970
O filme de terror preferido de 11 rockstars para você assistir no Halloween
O guitarrista que Steve Vai diz que nem Jimi Hendrix conseguiria superar
O disco do Metallica que para James Hetfield ainda não foi compreendido; "vai chegar a hora"
As bandas de rock progressivo que influenciaram o Mastodon, segundo Brann Dailor
A reação de Malu Mader e Marcelo Fromer à saída de Arnaldo Antunes dos Titãs

5 discos lançados em 1999 que todo fã de heavy metal deveria ouvir ao menos uma vez na vida
5 discos lançados em 1996 que todo fã de heavy metal deveria ouvir ao menos uma vez na vida
5 discos lançados em 1997 que todo fã de heavy metal deveria ouvir ao menos uma vez na vida
A música "raivosa" do Genesis que ganhou versão de pioneiro do death metal melódico
Cinco canções extremamente melancólicas gravadas por bandas de heavy metal
5 discos lançados em 2000 que todo fã de heavy metal deveria ouvir ao menos uma vez na vida


