Resenha - Another Sun - Thalion
Por Daniel Dutra
Postado em 21 de agosto de 2004
Se você gosta de heavy metal, certamente já ouviu falar do Thalion. Mais do que isso, deve ter tido no mínimo uma ponta de curiosidade de ouvir Another Sun, uma vez que nos últimos meses a forte publicidade está estampada na contracapa das principais revistas especializadas do país. Não à toa, diga-se, pois tudo é envolvido por um profissionalismo poucas vezes vistos num disco de estréia, algo ainda mais impressionante se levarmos em consideração que a média de idade dos integrantes é de 20 anos.
Ao contar com a ajuda de um time de primeiro nível - Philip Colodetti na (impecável) produção, Miro em alguns arranjos, Fábio Laguna (Angra) nos teclados e Isabel de Amorim na arte de todo o encarte - o trabalho de Alexandra Liambos (vocal), os guitarristas Rodrigo Vinhas e Fábio Russo, David Shalom (baixo) e Giancarlo Scairato (bateria) poderia ser minimizado, mas nem de longe isso é o caso. Another Sun não apenas é muito bom, mas mostra um grupo com um futuro absolutamente promissor à frente, algo que o tempo irá tratar de ratificar.
A introdução Atmospheres e a real faixa de abertura Follow the Way mostram que o grupo - mais ainda Vinhas, principal compositor - fez direitinho a lição de casa. Chega a ser impressionante a facilidade com que os clichês ganham vida, basicamente os do metal melódico. Follow the Way é o típico arrasa-quarteirão, com andamento mais rápido e, claro, dois bumbos quase onipresentes. Na verdade, está justamente na influência do estilo o lado negativo do CD, já que é difícil de engolir partes que são comuns a toda e qualquer banda do melódico, principalmente os tais bumbos acompanhados por uma guitarra que desconhece o significado de um riff.
Nivela por baixo, sem dúvida, mas é fato que o Thalion acaba passando por cima ao injetar uma boa dose de peso - afinal, estamos falando de um álbum de heavy metal - e também de passagens mais quebradas típicas do prog metal. Ponto para a banda, pois isso faz de Another Sun (com um quê de hard rock), da bela balada Life is Poetry, da speed Long Farewell e das trabalhadas Show Me the Answers e Wait for Tomorrow músicas bem legais, seja por causa de bons solos ou dos refrãos grudentos, seja por causa de ótimas passagens instrumentais.
Mas não pára por aí. Três canções são a prova do que foi escrito mais acima, de que o Thalion é mais realidade do que promessa. Sem disfarçar a influência de Angra, principalmente nos solos dobrados e no trabalho de Shalom nas quatro cordas, a ótima Solitary World apresenta os elementos que fazem a diferença - repetindo: bons riffs e passagens quebradas e calmas convivendo em harmonia com momentos mais pesados. O mesmo vale para a excelente The Journey, cadenciada, pesada e de longe a melhor música de Another Sun.
Não, eu não esqueci de The Encounter, muito menos de Alexandra Liambos. Se alguém falar que ela não tem identidade, não pode ser levado a sério. Felizmente sem apelar para o lado soprano da coisa, a menina manda muito bem e isso pode ser constatado em Show Me the Answers, Wait for Tomorrow e Life is Poetry, nas quais sua performance é ótima. No mais, com 18 anos nem mesmo Michael Kiske tinha identidade própria - seu negócio era soar como Geoff Tate (Queensryche). Aí hoje você escuta The Encounter e fica maravilhado, de queixo caído e sem palavras.
Com uma belíssima orquestração a cargo de Miro, a música é mesmo muito bonita e o dueto de Alexandra com Kiske, um dos melhores momentos do CD. Só que quando esse cara abre a boca, meu Deus, a técnica absurda que sai dos alto-falantes é acompanhada de um sentimento que ele mesmo coloca no que está fazendo e que não dá para explicar. Nas entrelinhas, mais uma amostra de que Another Sun é um trabalho profissional de uma banda jovem e muito talentosa. O que mais você pode querer?
Hellion Records: www.hellionrecords.com.br
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