Resenha - Unweaving the Rainbow - Frameshift
Por Daniel Dutra
Postado em 21 de julho de 2004
Nota: 8
Projeto capitaneado pelo multiinstrumentista Henning Pauly, o Frameshift aposta na fusão entre o heavy metal e o rock progressivo e ganha pontos justamente por ter muito mais do segundo estilo. Isso porque os grupos tradicionais de prog metal têm muito mais peso e o que encontramos aqui não deixa de ser uma fuga. Em comum a muitas obras do gênero há o fato de o disco de estréia, Unweaving the Rainbow, ser conceitual.
As letras são baseadas nos livros de Richard Dawkins, que segue os passos do cientista inglês Charles Darwin (1809-1882) e sua Teoria da Evolução pela seleção natural. Mas como isso aqui não é aula de biologia, vamos à música. Para dar vida às 15 faixas do CD, Pauly assumiu quase todas as guitarras, baixos e teclados - Nick Guadagnoli (guitarra e baixo) e Shawn Gordon (teclados) aparecem vez ou outra - e contou com a ajuda do eficiente batera Eddie Marvin e do vocalista James LaBrie, do Dream Theater.
Pronto, aí está o maior atrativo do álbum e ao mesmo tempo um de seus pontos fracos. Above the Grass - Part 1 é a introdução a violão e voz e, sem querer parecer implicante, alguém ainda tem paciência para as interpretações melosas de LaBrie? Ele quase consegue estragar River out of Eden, que lembra o lado mais pop do Dream Theater, mas a música é bonita e se livra de ficar no grupo das faixas que são boas, mas que estão em segundo plano. Caso de La Mer, Walking Through Genetic Space e Cultural Genetics - e curiosamente esta última tem as partes mais pesadas do disco.
Como não é sempre que LaBrie soa como o ex-RPM Paulo Ricardo, dá para saborear bem o que há de legal no disco. A animada The Gene Machine, Message from the Mountain, a bonita Origins and Miracles e Your Eyes, cujos primeiros segundo lembram a belíssima Iris, do Goo Goo Dolls. Mesmo Above the Grass - Part 2, que de "reprise" só tem o vocal enjoativo de LaBrie, é muito bacana. Maior e mais progressiva, com um melhor momento acústico e um belo solo.
Claro, um trabalho com quase 1h20min de duração deve ter seus melhores momentos e, mais ainda, seu destaque absoluto. No primeiro grupo, encontramos as ótimas Spiders, com boas quebradas de andamento a cargo de Marvin e um bom jogo de vozes; Nice Guys Finish First, numa levada contagiante e backing vocals à Queen; Off the Ground, em que chamam a atenção a linha de baixo e a influência de Marillion; e Bats, cujo instrumental ganhou bastante com o solo de saxofone de Steve Katsikas.
No topo do pódio, a excelente Arms Races, canção menos acessível de Unweaving the Rainbow. Instrumental perfeito e com muitas mudanças de tempo, sem traço algum de auto-indulgência. Apenas música feita por quem sabe tocar e caprichou na hora de compor. Ou seja, para quem pode e não para quem quer.
Hellion Records: www.hellionrecords.com.br
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