A7X: Discografia Comentada, P. 3 (Do pesadelo à realeza)
Por Pedro de Jesus Prestes
Postado em 07 de junho de 2014
Em dezembro de 2009, o Avenged Sevenfold se viu passando pela situação mais difícil de sua história com a perda do baterista e membro fundador James "The Rev" Sullivan para uma overdose acidental de medicamentos e álcool. Após cogitarem seriamente dar um fim à banda, os integrantes decidiram se reunir em estúdio uma última vez para dar vida ao material que havia sido composto até então como forma de honrar o falecido amigo, para isso eles recrutaram o deus das baquetas, Mike Portnoy do Dream Theater, que era também um dos grandes ídolos de Jimmy. "Nightmare" é um divisor de águas na carreira do a7x pelo fato de ter sido o disco que elevou o grupo ao status "grande banda", atingindo 1° lugar na Billboard e sendo o responsável por reunir uma imensa legião de fãs (e alguns haters) sob sua música.
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Nightmare
O disco se inicia com a faixa-título, que se mostra perfeita para esse fim, por possuir uma intro climática, riff marcante, punch, peso, intensidade, cozinha perfeita e um grande refrão. Basicamente é o tipo de música que se torna um clássico instantaneamente, o que de fato aconteceu. M. Shadows compôs a canção e alega possuir um carinho especial por ela pelo fato de que Jimmy a adorou assim que ouviu e costumava profetizar que ela seria algo grande. O clipe da faixa foi baseado no filme "Jacob's Ladder" (1990), um dos favoritos de The Rev.
"Welcome To The Family" se inicia com um pequeno solo de bateria e segue numa pegada Hard/Heavy, apesar de não ser tão pesada quanto sua antecessora. A canção foi escrita por The Rev e conta com um ótimo solo de Syn Gates.
"Danger Line" é uma peça emocional que apresenta múltiplas linhas de guitarra bastante complexas e em seus últimos minutos ganha um tom solene de marcha, seguindo tranquila com direito ao acompanhamento de cornetas e assovios até se encerrar.
"Buried Alive" é uma das faixas mais trabalhadas do disco e se destaca por seguir a clássica fórmula da canção que começa sutil e vai ganhando peso gradativamente numa evolução impressionante, típica da fase áurea do Metallica. Liricamente a canção parece narrar a ida de alguém ao inferno e é uma das favoritas tanto da banda quanto dos fãs durante os shows.
"Natural Born Killer" segue quebrando tudo, apresentando partes instrumentais bastante complexas, com destaque para Mike Portnoy, que apresenta um desempenho monstruoso. A canção foi baseada no filme americano "Natural Born Killers" (1994), que é um dos favoritos de M. Shadows.
"So Far Away" era uma canção incompleta composta por Synyster Gates na época de falecimento do seu avô, porém após a morte daquele que foi seu melhor amigo durante quase 20 anos, Brian decidiu finalizá-la. A canção é acústica, bastante emocional, possui leads simples, porém carregados de emoção e é acompanha de um belo clipe em tributo a Jimmy.
"God Hates Us" é uma paulada Thrash que acelera o álbum, com direito a alguns Death growls por parte de M. Shadows, que mostra ainda ser capaz de fazer guturais até melhor do que em sua "fase áurea". A música é a mais pesada do disco (talvez da discografia da banda), possui riffs nervosos e um solo explosivo bem ao estilo do Slayer.
Após a pedrada de "God Hates Us", o Avenged Sevenfold presenteia o ouvinte com uma tríade de baladas. "Victim" é um épico lamento que conta com a adição de uma voz feminina e sinos fúnebres, possui uma performance vocal bastante emocional que se alterna entre a suavidade dos versos e o peso do refrão, além de solos de guitarra que esbanjam sentimento, já "Tonight The World Dies" é soturna e possui um leve ar sombrio de blues, se destacando pelo fato de que Gates Pai contribui tocando Pedal Steel Guitar.
"Fiction", originalmente chamada "Death", foi a última canção composta por The Reverend apenas três dias antes de sua morte, com sua letra consistindo em uma fantasmagórica despedida. A faixa é a única do catálogo do Avenged que não apresenta linhas de guitarra, sendo apenas Jimmy na voz, piano e bateria, com os vocais de M. Shadows sendo adicionados posteriormente, resultando num dueto emocionante, quase sobrenatural, definitivamente um dos momentos mais significativos e espirituais na história do grupo.
"Save Me" é até o presente momento a canção mais longa da discografia da banda e esbanja influencia de Dream Theater, sendo caracterizada pelos membros do a7x como "uma jornada sombria sem fim.". A faixa conta com alguns vocais e arranjos de The Rev previamente gravados em demos e é rica em duetos, riffs, solos de guitarra e possui uma linha de bateria bastante intrincada que faz jus à técnica de Portnoy. Todos esses fatores colaboram para que "Save Me" seja uma canção de proporções épicas perfeitas para encerrar um álbum com tamanha carga emocional.
Para aqueles que adquiriram a versão de luxo, "Nightmare" ainda conta com a faixa "Lost It All", uma curta, porém divertida canção de Heavy Metal que apresenta um riff marcante, servindo como uma boa descontração para o ouvinte após o turbilhão musical/emocional de "Save Me".
Tracklist:
1. "Nightmare" – 6:16
2. "Welcome to The Family" – 4:05
3. "Danger Line" – 5:28
4. "Buried Alive" – 6:41
5. "Natural Born Killer" – 5:15
6. "So Far Away" – 5:26
7. "God Hates Us" – 5:19
8. "Victim" – 7:29
9. "Tonight The World Dies" – 4:41
10. "Fiction" – 5:12
11. "Save Me" – 10:56
Hail To The King
Após a saída de Mike Portnoy em 2010, o a7x, que ainda passava pela sua maior provação, iniciou a busca por outro baterista para realizar as próximas turnês, alguém apto, jovem e de preferência desconhecido. Sugestões e candidatos surgiram de todas as partes, mas a banda acabou optando por Arin Ilejay, que foi recomendado pelo técnico de bateria Mike Fasano. Arin, na época com apenas 23 anos e baterista da banda de Metalcore cristã Confide, aceitou a proposta e passou pelo batismo de fogo tocando shows em grandes festivais e gravando duas músicas para a franquia de jogos Call of Duty, a pesada "Not Ready to Die" (2011) e "Carry On" (2012), com leves influências de Power Metal.
Após fechar o ciclo de turnês e oficializar Arin como membro integral do Avenged Sevenfold, a banda entrou em estúdio para compor material para seu sexto lançamento, que viria a ser nomeado "Hail to the King". A idéia por trás do álbum consistia em compor músicas com groove "sabbathico" que soassem perfeitamente inteligíveis em grandes shows, estádios e etc, considerando o crescimento exponencial pelo qual o grupo havia passado nos últimos tempos e graças a esse fator as canções se tornaram mais simples e lentas, mas não necessariamente menos pesadas.
"Shepherd of Fire" se inicia com um som de sinos e o crepitar de chamas que dão lugar ao som da guitarra de Gates acompanhada de uma batida estacada e um naipe de metais até que toda a banda se junta para o ataque. A canção possui um refrão arrebatador, gira em torno de um único riff e soa típica do a7x, apesar de ser notado o caráter simplista da mesma.
A faixa-título possui um lead de guitarra implacável que se faz presente durante toda a composição e um groove efetivamente simples. A canção é dona do tipo de coro capaz de levantar multidões em arenas e um solo que apesar de não ser mirabolante, se encaixa perfeitamente na proposta da peça, já "Doing Time" acelera um pouco o ritmo do disco e deixa clara a influência de bandas como Guns N' Roses e Aerosmith no momento de sua composição.
"This Means War" talvez seja a música mais odiada do catálogo do Avenged pelo fato de seu ritmo remeter ao clássico do Metallica "Sad But True", o que muitos erroneamente caracterizaram como "plágio". A faixa foca no groove de um único riff pesado e liricamente aborda a guerra, tema já trabalhado em álbuns anteriores em canções como "M.I.A.", "Gunslinger" e "Danger Line".
"Requiem" tem suas bases construídas em cima de uma atmosfera sombria e um groove "arrasa-quarteirão", enquanto Shadows anuncia o retorno de um suposto lorde das trevas. A canção é bastante teatral e se utiliza de um coral que canta palavras em latim, fazendo com que se assemelhe à uma versão super pesada de algumas músicas de bandas como Ghost B.C.
"Crimson Day" é a primeira balada do álbum e conta com um sutil arranjo de cordas, a canção foi liricamente inspirada no nascimento do primeiro filho de Matt, dando um ar intimista e familiar para a mesma. Segundo Synyster Gates, a banda retirou influencias musicais de Elton John para compor a faixa.
"Heretic" se destaca por focar em partes mais melódicas (com nuances típicas do Megadeth noventista) ao contrário das demais faixas do trabalho e em "Coming Home" a banda pisa no acelerador e entrega uma canção bastante cativante, com Shadows bradando um grandioso refrão e uma sucessão eletrizante de solos ao final (com direito à mais uma participação de Papa Gates). A letra da música narra a história épica de um personagem que navegou oceanos, enfrentou demônios, viu deuses, foi ao inferno, teve suas convicções questionadas e agora finalmente tem a oportunidade de voltar para o seu lar. Segundo Shadows, a letra foi construída em cima de metáforas a respeito de situações que o Avenged Sevenfold enfrentou como banda no decorrer de seus 15 anos de existência.
[an error occurred while processing this directive]"Planets" e "Acid Rain" encerram o disco e são dois lados de uma mesma moeda. A primeira narra a destruição eminente do planeta Terra por uma suposta ameaça intergaláctica e possui uma atmosfera apocalíptica bastante cinemática, que é favorecida pela adição de um arranjo de metais. A faixa é dona de um groove massivo e colossal, mas o destaque definitivo da mesma vai para Sanders, que entrega uma performance vocal absurda. Já "Acid Rain" é uma balada sinfônica de sonoridade etérea que narra a história de um casal que presencia o apocalipse descrito na faixa anterior e consequentemente morrem juntos tendo seus corpos lançados ao espaço pela eternidade.
Para aqueles que adquiriram a versão de luxo de "Hail to the King", há uma faixa extra chamada "St. James", composição de Synyster Gates que obviamente se trata de mais uma homenagem para o falecido Jimmy Sullivan. A música exalta a personalidade de The Rev de maneira celebrativa e destoa das outras canções do álbum pelo fato de possuir melodias e linhas de bateria mais trabalhadas, além de um coro majestoso que transborda uma saudade quase palpável, tendo sido descrita pelos próprios integrantes como "A luz para a sombra de So Far Away".
"Hail to the King" marca mais um passo na discografia do Avenged Sevenfold, que continua seguindo a filosofia eclética de nunca se repetir, ou fazer com que um álbum soe como a "continuação" do anterior. O disco mais uma vez alcançou a primeira posição nas paradas de sucesso e como sempre causou um alvoroço na comunidade do rock pesado, mantendo-se como um dos principais lançamentos do estilo em 2013. Atualmente o a7x está galgando degraus para se tornar o maior nome da história do rock pesado surgido nos últimos 15 anos, conquistando a posição de headliners em festivais de respeito mundo afora e deixando todos curiosos a respeito de qual será o próximo passo da banda musicalmente falando.
[an error occurred while processing this directive]Tracklist:
1. "Shepherd of Fire" – 5:22
2. "Hail to the King" – 5:04
3. "Doing Time" – 3:27
4. "This Means War" – 6:09
5. "Requiem" – 4:23
6. "Crimson Day" – 4:57
7. "Heretic" – 4:55
8. "Coming Home" – 6:26
9. "Planets"– 5:56
10. "Acid Rain" – 6:38
11. "St. James" – 5:01
Leia a segunda parte da matéria no link abaixo.
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