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A7X: Discografia Comentada, P. 2 (Expandindo horizontes)

Por Pedro de Jesus Prestes
Postado em 03 de junho de 2014

Após construir uma base de fãs sólida no underground e se filiar à Warner Bros. Records, o Avenged Sevenfold decidiu fazer a mudança mais audaciosa da sua carreira, deixar o Metalcore de lado e investir em um som mais aproximado do Rock/Metal clássico com "City of Evil", mudança essa que resultou na primeira exposição significativa da banda. O álbum se destaca por ser o primeiro a possuir apenas vocais cantados (marcados por uma performance bastante nasal de M. Shadows em certos momentos) e um trabalho de guitarra altamente rico, com solos, harmonias e leads abundantes, além de trazer à tona um lado mais melódico/progressivo da banda, com direito a arranjos orquestrais, influencias de música latina e etc.

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City of Evil

O disco se inicia com "Beast and the Harlot", dona de um riff poderoso que acompanha um grito potente de M. Shadows, a música consegue sintetizar bem o estado da banda no momento em que compuseram o álbum já que dá espaço para os integrantes deixarem suas marcas com solos rápidos de bateria e guitarra depois de cada refrão, que por sinal é um dos mais pegajosos do álbum. Sua letra versa sobre o desastre bíblico da Torre de Babel.

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"Burn It Down" abre com uma intro de slides acompanhados de uma batida rápida que dá lugar a um dueto de guitarras harmonizadas. A música é recheada de backing vocals e marcada por um canto extremamente nasal/melódico de Shadows, elemento que deve ter causado horror aos fãs antigos na época, já em "Blinded In Chains" o destaque absoluto é a linha de bateria que segue fugaz e cheia de viradas complexas, com Sanders cantando baixo nos versos como se estivesse sussurrando, para então dar lugar a um dos melhores refrãos do disco.

"Bat Country" é o clássico-mor da banda em "City of Evil", possui uma ótima linha de bateria, um excelente solo e um interlúdio tranquilo. Foi a primeira canção do a7x a receber alguma notoriedade na mídia, está presente em quase todos os shows do grupo e sua letra é baseada em uma passagem da obra "Fear And Loathing in Las Vegas" na qual o protagonista dirige pelo deserto de Nevada sob efeito de alucinógenos e tem a impressão de estar sendo atacado por morcegos gigantes.

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"Trashed and Scattered" é veloz, possui leads de guitarra abundantes, ataques abruptos e também está recheada de backing vocals. É notável que Sanders se utiliza de uma voz mais rasgada nessa faixa, cuja letra foi inspirada nos boatos sobre a perda da sua capacidade de gritar (boato esse que ainda é levado a sério por muitos até hoje).

O Avenged Sevenfold pisa no freio em "Seize the Day", uma balada romântico-melancólica com levada típica do Hard Rock oitentista. M. Shadows normalmente é auxiliado pelos outros membros nos vocais quando a canção é tocada ao vivo e sempre entrega uma performance bastante emocional, mas o destaque absoluto com certeza vai para o belíssimo solo de Synyster Gates.

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"Sidewinder" é o primeiro épico do álbum, onde definitivamente se nota o nível de proficiência musical atingido pelos integrantes da banda, especialmente Gates e The Rev. A peça se destaca principalmente pelos seus últimos minutos nos quais se transforma numa versão acústica de si mesma, assumindo um tom latino com direito ao acompanhamento de tamborins e um solo de violão espanhol (cortesia de Gates Pai), que atribui um sabor exótico totalmente novo para a faixa.

"The Wicked End" é um impetuoso ataque recheado de leads e riffs intrincados, além de possuir uma pesada intro de baixo acompanhada por uma batida visceral, um interlúdio magnificente adornado por instrumentos clássicos, coral e um solo bastante complexo. É a única faixa do "City of Evil" escrita por Jimmy "The Rev" Sullivan, sendo que o mesmo costumava dividir o vocal principal com Shadows quando a mesma era tocada ao vivo devido à dificuldade de manter um ritmo regular de respiração durante os versos.

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"Strength of the World" é a canção mais longa e épica do disco, sendo dona de um majestoso arranjo orquestral que a introduz, um poderoso refrão cantado em coro por todos os membros da banda, um belo interlúdio acústico, um solo excelente e um encerramento grandiosíssimo. A letra de "Strenght" aparentemente versa sobre um indivíduo que busca vingança contra aqueles que assassinaram sua família.

"Betrayed" foi composta em homenagem ao grande Dimebag Darrell, sendo possuidora de ótimos riffs e solos, mas acaba passando despercebida por estar posicionada entre duas composições épicas. Liricamente, a canção apresenta uma estrutura bastante peculiar (quase esquizofrênica) já que em certos momentos parece estar sendo exposta a visão do assassino, em outros a do assassinado e por vezes soa como o ponto de vista de uma terceira pessoa.

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"City of Evil" tem como número final um poderoso brado anti-guerra. "M.I.A." se inicia com sutis dedilhados de guitarra que dão lugar a energéticos riffs cavalgados e uma interpretação inspirada por parte de M.Shadows (que escreveu a letra da canção baseada em mensagens trocadas com seus amigos lutando na Guerra do Iraque). O solo de "M.I.A." é um verdadeiro shredding (possivelmente o melhor do disco) e as harmonias de guitarra são perfeitamente bem colocadas, com o ápice da canção sendo atingido durante o coro após o solo, que é cantado pelos integrantes da banda em conjunto seus amigos. No final da peça ainda é possível apreciar um rápido e sutil solo de Synyster Gates que vai diminuindo em um "fade out" até o encerramento definitivo do álbum.

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O terceiro lançamento do a7x obteve vendas abaixo das expectativas da Warner Bros. nas primeiras semanas, estreando na posição 30 na Billboard 200, melhorando apenas após o clipe de "Bat Country" começar a ser exibido esporadicamente pela MTV. O álbum marca o rompimento definitivo da banda com a cena "Core", ato que chamou atenção inclusive do Metallica, que convidou o Avenged Sevenfold para abrir alguns dos seus shows, curiosamente o primeiro sendo dia 06/06/06. A maior parte das canções de "City of Evil" tem sido deixadas de fora do setlist devido à sua longa duração/dificuldade de execução.

Tracklist:

1. "Beast and the Harlot" – 5:43
2. "Burn It Down" - 4:58
3. "Blinded in Chains" – 6:35
4. "Bat Country" – 5:13
5. "Trashed and Scattered" – 5:55
6. "Seize the Day" – 5:32
7. "Sidewinder" – 7:01
8. "The Wicked End" – 7:10
9. "Strength of the World" – 9:14
10. "Betrayed" – 6:47
11. "M.I.A." – 8:46

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Avenged Sevenfold

Após realizar o ciclo de shows de "City of Evil", a banda voltou ao estúdio para gravar seu quarto registro, com o diferencial de que os membros estariam agora no comando da produção do álbum, razão pela qual o mesmo recebeu o nome do grupo. Quando perguntado sobre o que os ouvintes deveriam esperar do disco, M. Shadows atestou que pretendiam estender seus horizontes musicais ao invés de simplesmente compor um "City of Evil Pt. 2" ou "Waking the Fallen Pt. 2", e foi o que de fato fizeram, já que o registro apresenta um caráter mais simplista que os anteriores e está recheado de flertes com os mais variados tipos musicais, indo desde uma superprodução estilo Broadway, até baladas Country. O disco também é marcado por uma participação significativa do baterista Jimmy "The Rev", que compôs 4 das 10 canções do álbum e contribuiu com vocais em quase todas as faixas, sendo também a última vez que o mesmo gravou em estúdio com o a7x devido ao seu falecimento 2 anos mais tarde. Segue abaixo uma análise faixa-a-faixa do disco.

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"Critical Acclaim" – O autointitulado inicia com uma intro dramática de órgão, dando lugar para um solo que não se demora e logo explode em um riff dissonante e furioso. Logo perceber-se a melhora vocal de M. Shadows com relação à "City of Evil" que canta ao estilo "hip-hop" nos versos. Outros destaques da música são o refrão, cantado pelo falecido baterista Jimmy "The Rev" Sullivan, cuja voz estridente contrasta bem com a de Matt e um dueto de guitarra simples, porém super efetivo. A letra é de uma carta aberta aos cidadãos americanos que criticam seu país, mas não fazem nada para melhorá-lo.

"Almost Easy" – Uma das músicas compostas pelo baterista Jimmy "The Rev" e também um dos "hits" do grupo. A canção possui um refrão extremamente pegajoso e uma linha de bateria que apresenta um recurso percussivo peculiar que o próprio Jimmy caracterizou como "Double Ride".

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"Scream" – Faixa completamente voltada para o Groove, consistindo em riffs pesados e uma linha de baixo duplicada para dar mais textura ao pulso da música, que se encaixa com a bateria formando uma cozinha rítmica perfeita. A música ainda possui um rápido solo e um refrão viciante que esbanja conotações de prazer mórbido.

"Afterlife"– Composta por Jimmy Sullivan e contando com acompanhamento de um naipe de cordas, "Afterlife" é um dos clássicos indispensáveis do Avenged Sevenfold e um épico por si só, possuindo um refrão poderoso capaz de levantar multidões e um solo devastador que dispensa comentários (o melhor do disco).

"Gunslinger" – Com uma intro acústica ao estilo "Faroeste", essa faixa é uma das mais intensas do trabalho, com destaque para M. Shadows, que entrega uma performance bastante inspirada. A música explode em um poderoso riff de Hard Rock após aproximadamente um minuto, com direito ainda ao acompanhamento de uma voz feminina e um solo simples, porém carregado de emoção.

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"Unbound (The Wild Ride)" – Primeiramente nomeada "Disneyland Acid Trip" devido ao fato de os integrantes acharem que o instrumental soava como estar sob o efeito de ácidos no parque da Disney. Os destaques da faixa vão para a marcante linha de teclado presente na música, o coral religioso e a voz convidada de uma criança. A música apresenta um ritmo acelerado, leads rápidos e um vocal bastante firme de Shadows, mesmo assim acaba se destacando menos no disco.

"Brompton Cocktail" – Canção bastante climática e sombria composta por Sullivan. "Cocktail" se inicia com um zumbido que ganha acompanhamento de uma estranha percussão tribal até a entrada dos instrumentos em um groove potente, onde as guitarras são acompanhadas por um naipe de cordas, elemento que dá um toque lúgubre à composição.

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"Lost" – Uma faixa progressiva, experimental, rápida e melódica com múltiplas camadas de guitarra. A característica marcante da peça está contida no fato de que Shadows usa autotune em excesso (recurso que distorce a voz dando a ela um tom "eletrônico"), atribuindo um toque pitoresco à música, o que pode soar absurdamente estranho aos ouvidos de muitos, mas não tira o crédito da mesma de maneira alguma já que Synyster Gates dá um baile de técnica e criatividade.

"A Little Piece of Heaven" – Com certeza é uma composição que necessita de uma resenha à parte visto que é uma das mais estranhas no catálogo da banda. "A Little Piece of Heaven" já recebeu diversas alcunhas (Avenged Sevenfold Broadway, Conto de Fadas Macabro, Alice no País das Maravilhas encontra Satanás, Mr. Bungle vai ao circo e etc.). A música foi composta inteiramente por James Sullivan em um surto de criatividade e carrega toda a sua excentricidade como músico. Alguns odeiam, muitos a adoram, mas ninguém nega o quanto é cabulosa.

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A faixa funciona como uma peça teatral que conta a história de amor de um casal que envolve assassinato, canibalismo, necrofilia e outras coisas gore, porém a música não é nada menos do que divertida e também carregada de momentos românticos, pesados, operísticos e etc. Outro fato curioso a respeito da composição é que as guitarras ficam em segundo plano, deixando instrumentos clássicos (piano, violino, violoncelo, trompete, trombone, clarinete, saxofone) e o coral direcionarem a canção. Todos os membros da banda contribuem para os vocais da faixa, especialmente The Rev que assume a posição de vocalista principal junto com Shadows. A música ainda conta com um clipe em forma de cartoon trash baseado na letra, fazendo com que o resultado final da obra não seja nada menos que intrigante.

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"Dear God" – Após o caos de "A Little Piece of Heaven", o Avenged Sevenfold presenteia os ouvintes com um tranquilo número Country, embalado pelos violões de Gates e Zacky enquanto M. Shadows canta tranquilamente. A música apresenta uma voz feminina convidada e instrumentos de acompanhamento como banjo e pedal steel guitar. "Dear God" soa quase como um epílogo em relação às suas antecessoras e despede o ouvinte do que é com certeza o disco mais experimental e eclético da banda até hoje.

Tracklist:

1. "Critical Acclaim" – 5:15
2. "Almost Easy" – 3:55
3. "Scream" – 4:50
4. "Afterlife" – 5:55
5. "Gunslinger" - 4:11
6. "Unbound (The Wild Ride)" – 5:11
7. "Brompton Cocktail" – 4:13
8. "Lost" – 5:02
9. "A Little Piece of Heaven" – 8:02
10. "Dear God" – 6:36

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Live In the LBC & Diamonds In The Rough

A turnê para promover o disco branco resultou na gravação do primeiro registro ao vivo do a7x em 2008, um show em Long Beach, California, que contou com versões de 6 das canções do disco autointitulado (Critical Acclaim, Almost Easy, Scream, Afterlife, Gunslinger e A Little Piece of Heaven), 3 de City of Evil (Beast and the Harlot, Seize The Day e Bat Country) e 2 de Waking The Fallen (Second Heartbeat e Unholy Confessions), além de uma pequena jam de "Walk" do Pantera com um fã nos vocais.

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O lançamento ainda conta com um lado B chamado "Diamonds In The Rough", onde banda compilou as sobras de estúdio das sessões de gravação do seu disco branco, incluindo covers de "Flash of The Blade" do Iron Maiden e "Walk" do Pantera, versões alternativas de "Afterlife" e "Almost Easy" e 7 faixas inéditas excluídas do álbum por diversos motivos (destoar da proposta inicial do disco, dificuldades para execução ao vivo, experimentalismo excessivo e etc.).

"Demons" foi composta por The Rev, possui uma linha de bateria demolidora e uma performance vocal bastante esquisita por parte de Shadows, já "Girl I Know" por pouco não entrou no disco de 2007, apesar dos seus leads insanos de guitarra antes de cada refrão e sua letra a respeito de uma mulher demoníaca.

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"Crossroads" é dona de um riff excelente (que a banda usa constantemente para incentivar moshs nos shows) e apresenta mais um desempenho inflamado de The Rev, mas a falta de trabalho no vocal denuncia o porquê de a música ter sido "esquecida".

"Until The End" é melancólica e conta com um arranjo orquestral regido por Gates Pai, "Tension" por sua vez, ganha destaque pelo experimentalismo exacerbado, com um groove de bateria absurdamente técnico acompanhado por notas de piano, linhas de guitarra/backing vocals bastante incomuns e para completar, um interlúdio relaxante com direito a um solo simples, porém bastante emocional. Synyster Gates declarou gostar bastante da canção apesar de não saber o que eles tinham na cabeça quando a produziram.

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"The Fight" é dotada de bons solos e riffs apesar da sua simplicidade em relação às demais e "Dancing Dead", a épica faixa que narra uma festa de zumbis dançarinos antes do apocalipse, infelizmente também acabou ficando de fora da versão final do álbum autointitulado apesar de o seu solo ser considerado até hoje pelos fãs um dos melhores da história do a7x.

Tracklist:

Live in the LBC (DVD)

1. "Critical Acclaim"
2. "Second Heartbeat"
3. "Afterlife"
4. "Beast and the Harlot"
5. "Scream"
6. "Seize the Day"
7. "Walk" (Cover do Pantera)
8. "Bat Country"
9. "Almost Easy"
10. "Gunslinger"
11. "Unholy Confessions"
12. "A Little Piece of Heaven"

Diamonds in the Rough (CD)

1. "Demons" – 6:16
2. "Girl I Know" – 4:26
3. "Crossroads" – 4:33
4. "Flash of the Blade" (cover de Iron Maiden) – 4:05
5. "Until the End" – 4:46
6. "Tension" – 4:51
7. "Walk" (cover de Pantera) – 5:24
8. "The Fight" – 4:09
9. "Dancing Dead" – 5:54
10. "Almost Easy" (CLA Mix) – 3:57
11. "Afterlife" (versão alternativa) – 5:55

Confira abaixo a versão ao vivo da canção "A Little Piece of Heaven" em 2008, para o DVD "Live In The LBC".

Leia a primeira parte da matéria no link abaixo.

E a terceira parte na matéria está no link a seguir.

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