Pink Floyd: uma análise do álbum The Wall
Por Neimar Secco
Fonte: thewallanalysis.com
Postado em 22 de dezembro de 2013
O texto a seguir é a introdução de uma ótima e aprofundada análise, que encontrei recentemente na internet, sobre The Wall, uma das maiores criações do rock progressivo e um marco também entre os álbuns conceituais, executado com maestria pela banda e produzido em parceria com o competentíssimo Bob Ezrin. Espero que após (ou durante) a leitura sua vontade de escutar novamente, ou pela primeira vez, o álbum seja imediata. "Boa viagem" e derrube o muro que (talvez) separe você dessa obra-prima do rock.
The Wall, do Pink Floyd, é um dos álbuns mais criativos da história do rock. Desde o lançamento do álbum de estúdio em 1979, da tour entre 1980 e 1981 e o filme subsequente, The Wall tornou-se sinônimo de (se não a exata definição do termo) "álbum conceitual".
Através da audição, que é "explosiva" em disco, aterradoramente complexa no palco e, visualmente explosiva na tela, The Wall investiga a vida do protagonista ficcional, Pink Floyd, a partir dos seus dias de infância na Inglaterra pós segunda guerra mundial até o seu autoimposto isolamento como renomado astro do rock, conduzindo a um clímax que é tanto catártico quanto destrutivo.
Desde o início, a vida de Pink gira em torno de um abismo de perda e de isolamento. Nascido durante as dores finais de uma guerra que tirou a vida de cerca de 300.000 soldados britânicos (dentre eles, o pai de Pink) a uma mãe superprotetora que dispensa a seu filho doses iguais de amor em abundância e fobia, Pink começa a construir um muro mental entre si mesmo e o resto do mundo para que ele possa viver em um equilíbrio constante e alienado de "colagens de filmes", livre das confusões emocionais da vida.
Cada incidente que causa sofrimento a Pink torna-se mais um tijolo em seu muro cada vez mais alto: uma infância órfã de pai, uma mãe dominadora, um sistema educacional insensível, inclinado a produzir "engrenagens compatíveis" (submissas) na roda da sociedade, um governo que trata seus cidadãos como peças de xadrez, a superficialidade do estrelato, um casamento alienado e até mesmo as drogas às quais ele se volta a fim de encontrar libertação.
Conforme seu muro vai chegando ao final (da construção), cada tijolo isolando-o do resto do mundo - Pink gira em parafuso em um verdadeiro mundo de insanidade. Contudo, no minuto em que o muro se completa, a gravidade das escolhas de sua vida inicia. Agora acorrentado a seus tijolos, Pink assiste sem defesas (ou talvez ele fantasie) enquanto sua psiqué aglutina-se na exata persona ditatorial que antagonizou com o mundo durante a Segunda Guerra Mundial, cicatrizou sua nação, matou seu pai e, em essência, poluiu sua própria vida desde o nascimento.
Na mesma proporção em que essa história é contada principalmente do ponto de vista de Pink com foco em (uma) vitimização niilista, também ocorre uma forte contracorrente existencialista na qual a liberdade não pode ser separada da responsabilidade pessoal.
Culminando em um julgamento mental tão teatralmente rico quanto os maiores shows teatrais, o conto de Pink termina com uma mensagem que é tão enigmática e circular quanto o resto de sua vida. Seja vista em definitivo como uma história sarcástica sobre a futilidade da vida ou uma jornada esperançosa de morte e renascimento metafóricos, The Wall é seguramente um marco musical importante, merecedor do título "arte".
Assim como na maioria das artes, o álbum conceitual do Pink Floyd é uma combinação de imaginação com a própria vida do autor. O álbum germinou durante a tour do álbum de 1977, Animals, quando o frontman Roger Waters, cada vez mais desiludido com o estrelato e o status "eudeusado" que os fãs costumam atribuir aos rock stars como ele mesmo, cuspiu na face de um frequentador de concertos superzeloso. Horrorizado com seu desencantamento, Waters começou a esquadrinhar esses sentimentos de alienação adulta assim como aqueles nascentes da perda de seu próprio pai durante a Segunda Guerra Mundial para dar vida ao personagem ficcional, Pink. As loucas histórias que cercam o primeiro frontman da banda, Syd Barrett -- incluindo suas fugas em drogas e subsequente retirada do mundo -- proporiconou a Waters inspiração adicional para o rock star temperamental.
As contribuições dos colegas de banda David Gilmour, Nick Mason e Richard Wright proporcionaram as pinceladas finais para um anti-herói contemporâneo um homem comum, existencial e tentando duramente encontrar (ou discutivelmente perder) a si mesmo e o significado em um século fragmentado pela guerra.
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