W.A.S.P.: ameaças e atentados à vida de Lawless!
Por Willba Dissidente
Fonte: Site oficial da banda
Postado em 04 de maio de 2012
W.A.S.P. "30 Anos de trovão" é o nome da série de quinze textos que Blackie Lawless está publicando no "Official W.A.S.P. Nation Website" para comemorar o vindouro trigésimo aniversário de seu grupo, a se realizar em setembro de 2012. Todo mês o guitarrista, vocalista, produtor e lider do W.A.S.P. escreve um episódio contando o caminho que sua banda fez até se tornar umas das mais importantes do mundo do Heavy Metal. No Brasil, W.A.S.P. "30 Years of Thunder" é traduzida por Willba Dissidente e publicada primeiramente no Whiplash.net.
Edições anteriores:
Parte 01:
Parte 02:
Parte 03:
Parte 04:
Parte 05:
Parte 06:
Parte 07:
W.A.S.P. "30 Anos de trovão" - Parte Oito.
"UMA VERDADE INCONVENIENTE"
Então nós estávamos começando nosso segundo álbum, "The Last Command" (1985) e equanto acertávamos as músicas ouvimos de nosso publicitário que algo envolvendo nosso single "A.N.I.M.A.L. - F*CK like a Beast" acontencia em Washington D.C. Uma organização estava sendo formada para - supostamente - alertar os pais para o que seus filhos estavam ouvindo. Mais tarde nós descobrimos que eles se chamavam P.M.R.C., ou, Parents Music Resource Center (Centro de Recurso Musical dos pais). Eles estavam tentando impor sistemas para classificar discos de maneira analoga a que acontece com os filmes. A princípio, nós honestamente não tinhámos problemas isso, porém, com o passar do tempo começaram os rumores acerca de quem tomaria estas decisões e os critérios utilizados nas mesmas. Eu achei que seria um sistema auto-imposto que as selos de gravação iriam se fiscalizar, de novo, semelhante ao que acontece com os filmes. Quando estávamos próximos de terminar o disco a verdade começou a surgir... EU ESTAVA ERRADO!
Esse bando da P.M.R.C., posteriormente conhecido como "As esposas de Washigton", era liderado por Tipper Gore, esposa do então senador Al Gore, junto com Susan Baker, esposa do Secretário de Estado James Barker. Quando eu era criança, minha mãe costumava dizer: "Quem morreu e te deixou de chefe"?
Comecei a me perguntar a mesma coisa. Quem essas donas achavam que eram? Quem ou o que as qualificou para legislar sobre toda Indústria Musical Estadunidense? Aparentemente, elas estavam se auto-elegendo!! Por trás de tudo havia os poderosos maridos as protegendo e ajudando. Maridos estes com maiores ambições que ser um senador... muito maiores! Quando terminado o disco chegou um convite para irmos à capital federal participar de uma audição do senado acerca do "problema de letras obcenas" com o W.A.S.P. e nosso single "A.N.I.M.A.L." sendo alvos de uma lista chamada "Os Quinze Sujos". Eu estava sendo chamado, mais ou menos, para me defender na frente do Congresso dos Estados Unidos. Tudo por causa de algo que eu disse. Nos E.U.A., a primeira emenda da Constituição yanke garante "liberdade de expressão". Posteriormente eu veria fotos dos senadores segurando a capa de "A.N.I.M.A.L.". Isso era surreal, Senadores levantando uma foto de minha forquinha em frente ao Senado dos Estados Unidos!!
Simplesmente não dava para acreditar nisso!!!
Cerca de duas semanas antes de eu supostamente embarcar, Rod (Smallwood, empresário do IRON MAIDEN, ver edições anteriores) e eu sentamos com nosso publicitário, Mike Jensen, e discutimos o tema. Mike disse que estava preocupado "sentindo que algo envolvendo essa coisa de Washington não estava certo". Dai tiramos a decisão que eu não iria a essas audições do Senado. Eu havia agendando viajar a Nova York (terra natal de Lawless) alguns dias depois para participar do "New Music Seminar", que era uma das maiores convenções mundiais. Lá estaria a impressa do mundo todo, então eu poderia endereçar algumas coisas à P.M.R.C. evitando estar, literalmente, "em julgamento".
Nas audições do senado a industria musical estava sendo representada por FRANK ZAPPA, a estrela da música country JOHN DENVER e DEE SNIDER do TWISTED SISTER. Após as mesmas acontecerem eu fui à Nova York onde me encontrei com Frank (Zappa) e discutimos o que rolou lá. Por já ter lidado com censura na década de 1960, Frank já tinha visto tudo aquilo. Ele me disse que não perdi muita coisa, classificando-as como "o espetáculo do cachorro e do pônei". Essa é uma expressão estadunidense para dizer que algo é puro exibicionismo. Em outras palavras, uma grande piada destinada somente para impressionar as pessoas que não fazem idéia do que se trata. Então, essas audições eram somente uma grande piada, ou algo mais sinistro ocorria por de trás delas?
Muitas semanas passaram. Estávamos em turnê com o KISS na época e eu fui entrevistado por uma revista local de um dos lugares pelos quais passamos. A jornalista me colocou para ouvir uma fita que ela tinha. Era Tipper Gore e Susan Baker falando a respeito de quais eram suas reais intenções. Nada a ver com classificar discos. Suas palavras eram chocantes, pois elas estavam para criar perfis políticos para sí mesmas. Se tornou abundantemente claro posteriormente que Al Gore estava usando a P.M.R.C. da mesma forma que Richard Nixon usou a caça as bruxas comunistas nos anos 50 para se promover politicamente; assim poderia concorrer a presidente dos E.U.A. Numa próxima eleição Al gore tentou ser presidente...e PERDEU!!!
Tudo isso estava fazendo o W.A.S.P. se tornar um fênomeno nos E.U.A., significando que todo mundo sabia da gente. Fomos capa de revista após revista e nosso perfil crescia fora de controle. Engraçado, a P.M.R.C. tentava aumentar a popularidade de seus asceclas e inadvertidamente isso acontecia para a gente. Não havia dúvida: não dava para ligar a TV e não ouvir alguém falando da gente. Dia após dia isso continuava. A princípio nos divertíamos com toda atenção e pensávamos que venderíamos mais discos. Mas não rolou. Eles nos fizeram um fênomeno? Sim, mas o problema era, todo o pessoal já sábia quem éramos. Não nos ajudava agora as avós saberem quem era o W.A.S.P. Mas, eis o porquê deles irem atrás de nós logo no começo. Para a P.M.R.C. que meio melhor de conseguir atenção que usar um chamariz? Junto a isso haviam pesadas depressões. Cerca de um ano depois, pouco a pouco, as coisas começaram a ficar feias. Toda massiva publicidade começou a trazer os "loucos" (nota: trocadilho com o nome do filme "The Crazies", de George Romero, conhecido no Brasil por "Exército do Extermínio"). Muita gente começou a achar que o mundo seria um lugar melhor se o W.A.S.P. não estivesse nele.
Pelos próximos dois anos eu fui baleado duas vezes e recebi centenas e centenas de ameaças de morte. Uma vez meu carro sofreu uma sabotagem terrivel. Eu acabava te pegar a pista expressa em Hollywood e a roda dianteira esquerda do Jaguar XKE que eu dirigia saiu rolando. Eu guiava a 55 milhas por hora quando a roda se soltou. Estava na última faixa da direita quando a roda caiu e isso começou a me jogar para a esquerda na pista de 5 faixas expressas. Forcei o volante para impedir ser jogado a esquerda e não consegui. Olhei pelo meu retrovisor e ví um enorme caminhão Simi (de 18 rodas) dez pés atrás da faixa em que eu era empurrado para dentro. Ele puxou com tudo os freios para evitar me acertar e eu pude ver sair fumaça de seus pneus. Ele ficou menos de dois pés de passar por cima de mim!! Foi absolutamente um milagre que eu não fui morto!!!! Se não fosse a graça de Deus eu tinha morrido!!
O carro foi levado para o mecânico, que normalmente trabalhava nele, e depois de olhar como a forma para a roda havia sido sabotada ele me disse: "você já deveria estar morto"! Nós contatamos o F.B.I. para investigar o caso e eles me aconselharam a não morar mais sozinho, então eu comecei a ter gente da equipe morando comigo sempre que estivessemos em Los Angeles.
Esse foi APENAS UM dos MUITOS incidentes que aconteceram... houve muitos mais!!!
[an error occurred while processing this directive]David Coverdale veio ao estúdio um dia. Nós estávamos conversando sobre toda essa insanidade que rolava ao nosso redor e ele me perguntou, "como você lida com tudo isso?", eu disse "bem, quando eu acordo de manhã eu não me sinto mal - mas - também não me sinto bem". Ele disse "isso é pressão, filho". Eu respondi "é assim que sentimos isso"? Eu costumava tirar sarro dos caras que reclamavam da pressão que eles sentiam. Costumava dizer, "eles estão fazendo o que queriam fazer da vida, então quão ruim isso pode ser"? Eu descobri do jeito duro que existem tipos diferentes de pressão!!
Na época que terminamos o álbum "Inside the Eletric Circus" tudo isso havia começado a me transformar num recluso. Durante a turnê deste disco, muitas vezes casas de show inteiras tiveram de ser "limpas" antes de entrarmos no palco por causa de ameaças de bombas. Isso quer dizer, TODAS AS PESSOAS no local foram forçadas a sair, e após o local ser revistado, as pessoas podiam voltar. Cada vez isso demorava cerca de uma hora. Estava acontecendo em todo lugar. Posteriormente nossa segurança nos disso que o ÚNICO lugar sem ameaça de bomba naquela turnê foi a última noite da mesma no Long Beach Arena na California (nota: um dos locais onde o W.A.S.P. gravou seu primeiro disco ao vivo).
[an error occurred while processing this directive]Estávamos em turnê com o IRON MAIDEN no outono de 1986 em Lisboa. No nosso dia de folga ficamos numa pequena vila bem no Oceano Atlântico. Era ótimo! Estariamos onde NINGUÉM sabia quem éramos... ao menos por um dia. Eu havia ido almoçar com alguém da segurança e quando caminhávamos de volta para o hotel, viramos numa rua estreita de pedra calçada. Era muito legal, como algo saido diretamente de um velho filme. Virei na esquina e lá havia uma pequena loja com uma grande janela de vidro. Era uma pequena loja de discos. Na janela havia um poster em duas vezes o tamanho real da capa do disco "Inside the Eletric Circus". Eu parei para olhar aquilo e senti como se alguém me chutasse no estômago. Ficou claro naquele momento: eu tentava fugir de toda aquela insanidade e NÃO HAVIA LUGAR onde pudesse me esconder!!!!
Durante a turnê estadunidense nós estavamos numa arena em Toledo, Ohio. Vendo em retrocesso, subconscientemente, eu estava ficando cheio com tudo o que aconteceu e o que nós nos tornamos como resultado disso. No camarim, nos preparando para ir ao palco os caras todos empolgados, como eles sempre foram. Eu sentado acertando a maquiagem no espelho e podia ver todo mundo correndo atrás de mim preparando o show. Fiquei sentado observando e disse "vamos continuar sendo esse 'Circus' que nós criamos, ou vamos fazer algo que tenha VERDADEIRO MÉRITO MUSICAL!!!"
Pude ver o olhar de horror nas faces deles. Eles pensavam "oh não, está tudo acabado, ele finalmente pirou"!!! Eles estavam certos!!!
Nós terminamos o restante da tour, mas uma vez finda, eu tive uma verdeira busca espiritual sobre a direção musical que essa BANDA estava tomando, e também sobre a concepção de "o que nesse mundo de Deus aconteceu comigo"!!
Duas vezes nessa estória um espelho teve papel importantíssimo. Num trabalho a frente eu escreveria denovo sobre um espelho (Lawlesse se refere ao disco Crimson Idol)!!
Mas nunca de novo eu escreveria do mesmo jeito. Nunca de novo eu seria o mesmo.
As fases iniciais da banda tinham terminado. Estava acabado... havia sido muito por demais!!!
Mais no próximo mês.
B.L.
W.A.S.P.: 30 anos de trovão
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps