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Os novos caminhos do rock progressivo

Por Roberto Lopes
Postado em 02 de dezembro de 2006

Muitas vezes considerado estagnado e jurássico, o progressivo sobreviveu à crise dos anos 80 e tem revelado não só muitas bandas novas, mas também muitas bandas inovadoras. Ressurgindo em alguns lugares improváveis como Suécia, Israel e Polônia, o progressivo atual ainda se mantém prolífico, ainda nos surpreende, enfim, ainda continua progredindo. Aqui um breve relato das novas sendas trilhadas pelo progressivo hoje em dia...

Uma das críticas mais comuns feitas ao rock progressivo é de que o estilo parou no tempo e que a força do mesmo consiste em grupos com mais de 30-35 anos de existência. Mesmo que durante certo tempo essas críticas fizessem algum sentido, o rock progressivo atual há muito tempo não depende dos "grandes grupos de outrora" para manter seu nome e sua força. Com certeza não devemos desprezar a importância de bandas como Yes, Genesis, Gentle Giant, Emerson Lake & Palmer, Jethro Tull, Uriah Heep, Camel, Focus e tantos outros medalhões, que não só garantiram a fase de maior sucesso para o estilo, na primeira metade dos anos 70, mas que, de certa forma, são uma espécie de "carro chefe" do gênero, com as quais, muitas vezes, ouvintes leigos adquirem suas primeiras impressões sobre o que é progressivo.

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Porém, apesar de sua importância, a avalanche punk e disco no final dos anos 70 tornou mais o árido espaço oferecido ao gênero na década de 80 e fez com que o mesmo amargasse um longo período de estagnação. Ainda que resistisse bravamente com uma ou outra cena aqui e ali, como o neoprogressivo ou algumas bandas isoladas, o progressivo passaria anos estigmatizado como música de "velho" e "maluco" ou com uma imprensa chamando o estilo "carinhosamente" de "música de penteadeira", "a fase mais nauseabunda do rock", entre outras pérolas. A honrosa exceção foi a vertente vanguardista do estilo, notadamente o "Rock in Opposition", que ironicamente teve sua consolidação e ápice justamente na década de 1980.

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Não obstante, mesmo contra todas as expectativas, o rock progressivo conseguiu um novo fôlego no início dos anos 90, ainda que enfrentando alguns problemas já conhecidos (crítica hostil, mercado desfavorável, preconceito de fãs de outros estilos), conseguiu descobrir novos caminhos e fazer com que recuperasse parte do terreno perdido.

Por um lado, tivemos alguns grupos (After Crying, Porcupine Tree, Ozric Tentacles, Spocks Beard...) que, com sua qualidade, reacenderam parcialmente o interesse da crítica e público pelo progressivo; por outro, e nesse caso mais importante, foi o surgimento de novas cenas e subestilos que não só dariam um novo gás ao gênero, mas também indicaram novas possibilidades de renovação.

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Aqui estão listados cinco novos cenários que fizeram com que o estilo nos últimos quinze anos (1991-2006) conseguisse sair da fase de "letargia" e obtivesse novamente algum espaço dentro do cenário rock:

Suécia (e demais países nórdicos...) - O lançamento do disco "Hybris" pelo sexteto sueco Änglagard em 1992 marcaria o surgimento de uma nova cena que pode ser considerada a que deu novo ânimo a vertente sinfônica do progressivo (ligada aos ícones do gênero como Yes, Genesis e King Crimson), não só relendo a proposta oferecidas pelos medalhões, mas renovando e dando alternativas a um subestilo dado como "morto" anos atrás. Consistindo em uma nova geração de virtuosos músicos suecos (mais alguns músicos experientes, como o guitarrista Ronie Stolt e o tecladista Pär Lindh), o cenário sinfônico desse país rendeu grupos com uma interessante produção musical e com uma qualidade, em especial no caso do Änglagard, que não se via desde o ápice do subestilo nos anos 70. Seja com a grandiosidade de grupos como o Flower Kings e Pär Lindh Project, com o peso de bandas como o Anekdoten, de propostas interessantes de bandas como Landberk, Sinkadus e Paatos e sem contar projetos como o Morte Macabre, The Tangent e Karmanaic, mostrou uma cena variada e disposta a recuperar toda a grandiosidade oferecida pelo progressivo sinfônico. A qualidade das bandas suecas se espalhou por outros países nórdicos, como na vizinha Noruega que rendeu bons grupos como o White Willow e Wobbler.

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Polônia - A cena neoprogressiva, iniciada na Escócia no início dos anos 80 com grupos como Marillion, IQ e Pallas, teria sua fonte de renovação na cena polonesa. O país, desde o início dos anos 80, sempre possuiu uma cena progressiva bastante prolífica, mas que só pôde realmente despontar em meados da década seguinte, após o colapso de regime comunista no país em 1989. Collage, Quidam, Abraxas, Svann, Satellite são apenas alguns dos nomes de um cenário bastante interessante, que conseguiu colocar novas influências e injetou maior complexidade nesse subestilo.

Prog metal - Esse subestilo, que teve seu nascimento em 1988 com o lançamento dos álbuns "Operation: mindcrime" do Queensryche e "No exit" do Fates Warning, foi o que talvez mais conseguiu angariar novos fãs para o rock progressivo, apesar do fato de muitos dos fãs prog mais "tradicionais" torcerem o nariz no que para eles parecia uma "heresia": a união de elementos de grupos como Yes, Marillion e Rush com o peso do heavy, thrash e até mesmo death metal. O grande ícone do subestilo atualmente ainda é o Dream Theater, que, apesar dos últimos trabalhos sem a mesma qualidade dos grandes discos lançados nos anos 90, ainda mantém um grande respeito por parte crítica musical e uma legião fiel de fãs e admiradores. Além disso, os diversos projetos paralelos bem sucedidos de seus membros, como o Transatlantic, Liquid Tension Experiment, entre outros, consolidaram ainda mais o nome do grupo dentro do progressivo. Além dos Estados Unidos, talvez a principal cena para o prog metal (com destaque para grupos como Symphony X, Zero Hour, Cynic, Tool, Shadow Gallery e Spastic Ink), o subestilo também teve ramificações de bons grupos na Suécia (Opeth, Pain of Salvation, Meshuggah, Evergrey), Holanda (Ayreon), Dinamarca (Royal Hunt) e até mesmo no Brasil (Sleepwalker Sun e Mindflow).

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Post rock - Um subestilo que também surgiu no final da década de 80 e que também gerou controvérsias dentro do meio progressivo foi a chamada post rock (nome dado pelo jornalista inglês Simon Reynolds em 1994), que consistiu de algumas bandas ligadas ao rock alternativo que resolveram misturar elementos e estilos sonoros dos mais variados em sua música, do krautrock alemão de bandas como Can e Neu!, passando pelo space rock do Pink floyd e chegando à música ambiente de Brian Eno. Consolidado por grupos como o inglês Talk Talk e os americanos do Slint e, posteriormente, o Tortoise, a cena acabou se expandindo, rendendo bons grupos como os canadenses Godspeed You Black Emperor! e Fly Pan Am, o islandês Sigur Rós, o escocês Mogway, o inglês Flying Saucer Attack e os americanos Explosion in the sky e The Mars Volta. As dúvidas em relação a incluir nesse estilo o rótulo de rock progressivo ainda persistem nas discussões entre crítica, publico, fãs e nas próprias bandas, entretanto um certo consenso já está surgindo de que pelo menos não se deve ignorar as altas doses de elementos de rock progressivo imbutido na sonoridade desses grupos.

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Avant-prog - o progressivo de vanguarda, ou pelo menos a vertente ligada ao RIO, foi um dos poucos cenários no progressivo a conseguir produzir material de qualidade no final da década de 70 e por toda a década seguinte. Nos anos 90 em diante, as bandas da vertente vanguardista do gênero experimentaram ainda mais na adoção de novas formas de improvisações, seja em estúdio ou em suas performances ao vivo, e na inclusão de novos estilos e influências (rock industrial, elementos latinos, fusion e até um pouco de punk/hardcore em alguns grupos) em sua música. Exemplos de bons grupos surgem desde a América Latina, com o chileno Akineton Retard e o mexicano Cabezas de Cera, aos americanos do Sleepytime Gorilla Museum, Fântomas e Far Corner, a uma interessante (e inesperada) cena no longíquo Israel, que rendeu grupos como Ahvak, Hot Fur e Kruzenshtern & Parohod e a distorção de bandas japonesas como Tipographica, Ruins, Happy Familly, OOIOO e Acid Mothers Temple. Destaca-se também o surgimento de novos grupos dentro do cenário europeu, em países como a Itália (Gatto Marte), França (Volapük, Sotos, Täal e Nebelnest), Finlândia (Alamaailman Vasarat) e Inglaterra (Guapo).

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Talvez outras cenas e subestilos pudessem ser citados nesse artigo, mas os cinco aqui listados podem ser considerados, se não os mais importantes, os que mais conseguiram angariar novos fãs e obter maior atenção da mídia e crítica especializada ao progressivo. Graças e eles, podemos dizer que o advento desses novos caminhos para o rock progressivo, se não o colocou de volta aos áureos tempos de sucesso comercial e reconhecimento artístico, fez com que o mesmo recuperasse parte de seu fôlego perdido por quase duas décadas e desmitificou alguns preconceitos que tanto prejudicavam a classificação e análise desse estilo musical.

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Roberto Lopes, 28, é arquivista e moderador do Ummagumma, onde é conhecido como bobblopes. O Ummagumma é um fórum que procura discutir todas as vertentes do progressivo. Todos estão convidados a visitá-lo e discutir a música progressiva, desde os medalhões sinfônicos até as bandas mais experimentais.

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Sobre Roberto Lopes

Arquivista, professor, cientista da informação e pseudo escritor de música nas horas vagas. Apesar de mais focado no Rock Progressivo e clássico, também curte metal, punk, rock alternativo e indie Rock.
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