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Stamp

Ummagumma: A onda de retornos de grupos consagrados atingiu o progressivo

Por Roberto Lopes
Postado em 22 de março de 2007

A onda de retornos de grupos consagrados também atingiu o rock progressivo, em que, desde 2004, alguns medalhões e ícones do estilo retornaram às suas atividades ou, pelo menos, reuniram-se em algumas apresentações. Aqui estão listadas os principais retornos que ocorreram no meio progressivo...

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Pink Floyd

A volta da formação clássica do Pink Floyd (David Gilmour, Roger Waters, Rick Wright e Nick Mason) se resumiu apenas a uma apresentação para o evento Live 8 em abril de 2005. Porém, se essa pequena apresentação parece pouco, para a conturbada história da banda após o álbum "The Wall", ao longo da qual David Gilmour e Roger Waters trocaram ásperas críticas por quase 20 anos, foi uma considerável vitória. Mesmo que esse "retorno" tenha apenas acontecido nessa apresentação, foi um fato surpreendente e que de certa maneira pode fechar com chave de ouro a longa e grandiosa história da banda (mesmo que Waters dê pistas de possíveis retornos do quarteto no futuro).


Genesis

Depois de uma grandiosa carreira com quase 30 anos de estrada, o grupo encerrou suas atividades após a fraca repercussão de "Calling all stations", em 1998. No ano seguinte, contudo, foi lançada a caixa "Genesis archives 1967-75", com o que surgiu a oportunidade dos cincos membros originais trocarem algumas informações musicais novamente. Depois, os membros ainda manteriam contato, mas sem nenhuma intenção aparente de uma reunião séria. Mas, após um período de especulações durante boa parte de 2006, o trio Phill Collins, Tony Banks e Mike Rutherford anunciaram uma turnê de retorno com quase 35 apresentações na Europa e Estados Unidos durante o ano de 2007. Isso acompanhado do relançamento dos CDs da banda em luxuosas edições remasterizadas no sistema 5.1. A volta do trio é um tanto estranha, pela aparência bastante envelhecida dos músicos e pelos ingressos com preços bem salgados (110 euros na Europa e 225 dólares nos EUA). Entretanto, os fãs do grupo torcem mesmo é para que a formação clássica, que incluiria o vocalista Peter Gabriel e o guitarrista Steve Hackett, possa retornar num futuro próximo. Na verdade, a reunião dos membros originais em 2005 previa mesmo uma recriação da turnê do álbum "The lamb Lies down on Broadway" de 1974 com o quinteto original, mas foi postergada pela agenda cheia de Hackett e Gabriel em 2007. Porém, ainda pairam as esperanças de que isso possa acontecer em 2008 ou talvez em 2009.


Van der Graaf Generator

Mesmo não tão conhecido quanto outros colegas sinfônicos como o Genesis ou o Yes, o VDGG sempre teve grande prestígio dentro do meio progressivo, com trabalhos de qualidade como "H to he, who am the only one" (1970), "Pawn hearts" (1971) e "Goldbluff" (1975). Depois de um melancólico final em 1978, os membros do grupo liderado pelo vocalista Peter Hammill tomaram rumos diversos, mesmo que nos anos 80 e 90 se esbarrassem em escassas e obscuras reuniões. Todavia, em 2005, o quarteto em sua formação clássica (Hammill mais o saxofonista David Jackson, o tecladista Hugh Banton e o baterista Guy Evans) fez um inesperado, porém bem recebido, retorno, com um belo trabalho em estúdio chamado "Present". Acompanhando o álbum, seguiu-se uma bem sucedida série de apresentações pela Inglaterra e Europa entre 2005 e 2006, o que rendeu um CD e DVD ao vivo gravado em Londres. O grupo pretende voltar aos palcos e aos estúdios este ano, infelizmente sem Jackson, que saiu para seguir outros projetos, o que aparentemente não influirá no resultado da nova empreitada.


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Asia

O supergrupo de art rock que obteve excelente repercussão comercial com seu primeiro disco de 1982 voltou recentemente com sua formação original: o ex-King Crimson John Wetton, o ex-ELP Carl Palmer, o Yes Steve Howe e o tecladista Geoff Downes. Após uma série de apresentações bem sucedidas entre 2006 e 2007 (incluindo o Brasil), com um repertório que inclui "Roundabout", "In the court of the crimson king" e "Fanfare from a common man", o grupo promete um novo álbum de estúdio para 2008, para alegria dos fãs que torcem para que a banda lance mais um bom trabalho de pop prog.


Magma

O criador e principal representante do estilo denominado de "zeuhl" e um dos ícones da cena vanguardista do progressivo ficou em banho-maria desde o fraco trabalho de estúdio "Merci" (1984), ainda que a banda tenha feito pequenas excursões entre 1996 e 2000. Mas seu líder, Christian Vander, resolveu lançar um novo trabalho de estúdio, "K.A." (Kohntarkosz Anteria), em 2004 e fez uma série de apresentações com a banda, obviamente com alguns jovens músicos em sua nova formação. Apesar da repercussão não ter sido muito grande, foi muito positiva, sendo muito bem recebida por crítica e público.


Além dessas reuniões que, para deleite do fã progressivo, já aconteceram, existem outras que poderiam muito bem ocorrer, mas...


Marillion

O grande ícone do neoprogressivo com certeza teve sua fase comercial mais bem sucedida durante a liderança do vocalista Dereck Dick, vulgo Fish, entre 1982 a 1988. Porém, para a surpresa e tristeza de milhões de fãs da banda, o vocalista saiu de forma áspera e ressentida da banda em setembro de 1988, saída essa marcada por brigas, desentendimentos e trocas de acusações de ambos os lados que se estenderam pela década seguinte. Mas tanto Fish quanto o Marillion conseguiram (aparentemente) esfriar os ânimos e fazer as pazes em 2000. Atualmente, uma reunião, mesmo que breve, poderia ocorrer: Fish anunciou que deverá fazer uma recriação do álbum "Clutching at straws", em homenagem aos vinte anos do disco, e o Marillion lançou um novo álbum de estúdio com a agradável surpresa da inclusão de músicas da fase Fish em shows recentes da banda. Mas, infelizmente, uma reunião de Fish com sua antiga banda é difícil, primeiro pelo grupo estar consolidado, inclusive com uma sonoridade mais moderna, com o atual vocalista Steve Hogarth (mesmo que a banda tenha seguido com uma carreira um tanto irregular após 1989). Outro fator são os fãs da banda, muitos deles polarizados entre os que gostam da fase Fish e os que preferem a fase Hogarth, que poderia ocorrer algum mal-estar entre esses dois lados, caso Fish eventualmente voltasse a cantar com seu antigo grupo.

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Henry Cow

O grupo que consolidou o "Rock In Opposition" sempre teve uma relação instável entre seus membros, e o término da banda no início de 1979, apesar de abrupto não foi surpreendente entre seus fãs. Não obstante, os membros do grupo, apesar das tais "diferenças musicais irreconciliáveis" nunca deixaram de se esbarrarem em apresentações ou projetos paralelos. O último deles foi uma apresentação no final de 2006 reunindo os ex-membros Fred Frith, Cris Cutler e Tim Hodgkinson. Mas um retorno do Cow, se não impossível, parece muito improvável. Os membros em si, bem estabelecidos dentro do meio de vanguarda (com exceção da baixista Lindsay Cooper, afastada da música por problemas de saúde), mostram claro desinteresse em reviver um "passado glorioso" e um certo ranço entre alguns deles, principalmente pelo excelente mas instável baterista Cris Cutler, impede que os músicos possam reviver o grupo, incluindo agora as novas experiências adquiridas por eles em duas décadas de experimentos.

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Spock’s Beard

A saída do vocalista e líder da banda Neal Morse do grupo foi recente (no final de 2002) e nunca totalmente esclarecida, mas sua volta ao grupo que comandou por quase 10 anos passa pela cabeça de muitos fãs do Spock’s Beard. Se, por um lado, Morse conseguiu manter a boa qualidade de seus trabalhos em seus discos-solo (mesmo que suas letras, de caráter religioso, inevitavelmente tenham ficado muito repetitivas), o mesmo não pode se dizer da banda, que, após três trabalhos de estúdio sem seu líder, ainda não conseguiu achar o caminho musical certo. Um possível retorno de Morse ao grupo não é de todo improvável, mas, caso ocorra, somente irá acontecer a longo prazo ou caso interesse a Morse.

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Roberto Lopes, 28, é arquivista e moderador do Ummagumma, onde é conhecido como bobblopes. O Ummagumma é um fórum que procura discutir todas as vertentes do progressivo. Todos estão convidados a visitá-lo e discutir a música progressiva, desde os medalhões sinfônicos até as bandas mais experimentais.

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Sobre Roberto Lopes

Arquivista, professor, cientista da informação e pseudo escritor de música nas horas vagas. Apesar de mais focado no Rock Progressivo e clássico, também curte metal, punk, rock alternativo e indie Rock.
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