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ForCaos: "Atrás do trio elétrico só vai quem quer"

Por Leonardo Daniel Tavares da Silva
Postado em 15 de julho de 2012

Amaudson Ximenes, um dos irmãos Ximenes, fundadores da banda de death metal OBSKURE, é uma das principais mentes pensantes por trás da Associação Cultural Cearense do Rock (ACR) e do FORCAOS, festival que acontece todo mês de julho em Fortaleza, com a presença de grandes bandas do metal nacional. Conversei com ele esta semana sobre o evento, que acontecerá nos próximos 20 e 21 de julho, e que, por nunca dar o passo maior que a perna, já chega à sua décima quarta edição (e muitas outras devem acontecer). A entrevista, você confere abaixo na íntegra.

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Whiplash: Amaudson, o Forcaos já se firmou há muito tempo como o maior evento underground do Nordeste. Conte como ele começou e como é realizar o Forcaos hoje?

Amaudson: iniciou-se nos idos de 1999, como alternativa do Fortal, conhecida micareta de Fortaleza, que reúne grupos musicais da Bahia. No início, a nossa cidade se transformava num verdadeiro cemitério, ou se aderia à micareta ou viajava. Só que em umas das reuniões da Associação Cultural Cearense do Rock (ACR), decidimos que não iríamos fazer nem uma coisa nem outra. "Atrás do trio elétrico só vai quem quer". A partir dali, criaríamos nosso próprio evento. A primeira edição acabou sendo um grande sucesso de público. Tivemos inclusive a cobertura de uma das revistas de circulação nacional da época, a Planet Metal. A partir de então, o evento ganhou visibilidade nacional. O local das três primeiras edições foi o extinto Casarão Cultural, espaço cultural que reunia além da ACR, sindicatos e associações comunitários de Fortaleza. O local era sediado em pleno centro de Fortaleza. Fazendo um paralelo com a edição que se avizinha, ganhamos muita experiência, credibilidade da mídia local e também especializada, dos grupos, do público e do poder público. A semente plantada nas primeiras edições gerou um evento que chama atenção dos fãs do metal e suas vertentes em todos os locais do Brasil. Isso gera uma responsabilidade enorme, fazendo com que a cada ano tenhamos que nos superar. Devo dizer, realizar um evento como ForCaos é extremamente prazeroso, mas também é muito trabalhoso por conta do expectativa e da credibilidade que recebeu ao longo dos últimos anos.

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Whiplash: Qual o papel das redes sociais na divulgação de um evento como esses? Há um aumento perceptivo na recepção do público?

Amaudson: As redes sociais são uma ferramenta bastante eficiente na divulgação de eventos como o ForCaos, uma vez que consegue chegar no público certo. Com certeza, o público tem crescido e se renovado ao longo dos últimos anos.

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Whiplash: O ForCaos este ano contará com dois seminários bastante interessantes. O primeiro sobre "Música, Direito Autoral e o papel do ECAD", imperdível para qualquer pessoa que esteja envolvida com música. O segundo, sobre "A mulher no Rock e Heavy Metal". Infelizmente, apesar de já há muito tempo termos grandes bandas femininas, como RUNAWAYS e L7, e mais algumas com garotas no vocal, como NIGHTWISH e os MUTANTES, este ainda é um mundo visto como quase exclusivamente masculino. Conte um pouco mais sobre esses seminários.

Amaudson: A idéia de agregar discussões aos shows musicais é um diferencial do evento desde a segunda edição. Geralmente, convidamos pessoas ligadas à universidade, ao universo musical, aos movimentos sociais e as experiências são compartilhadas com os músicos e o público que frequenta o evento. Esse ano, convidamos algumas pessoas tais como Alexandre Negreiros, que é pesquisador, músico e membro do Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado do Rio de Janeiro para conversar conosco sobre a problemática que dos direitos autorais no Brasil, bem como as contradições e descompassos da entidade que arrecada e distribui os direitos autorais no Brasil que é o ECAD. Discussão imperdível para quem é autor, compositor, estudante e pesquisador. A segunda mesa também vai ser de grande valia para a cena musical local, posto que é cada vez maior a participação da mulher no universo musical, sobretudo no rock e no heavy metal. Por outro lado, o preconceito é algo bastante latente. A nossa idéia é contribuir com o processo desmitificação desse tabu. Teremos três pessoas com experiências interessantíssimas. Marly Cardoso, vocalista do NO SENSE, conhecida banda de grind core concebida no início dos anos 90, é também advogado e colaboradora de revistas e sites especializados. Natália Ribeiro é coordenadora do Movimento Underground Carioca, também é jornalista e pesquisadora na área de comunicação e mídias sociais. Aline Madelon é vocalista da banda de hard rock THE KNICKERS, que também vai se apresentar no CCBNB no dia do Seminário. Além de ser uma mulher empreendedora, proprietária da loja Metal Fatality, na Galeria do Rock em Fortaleza. As três trajetórias vão instigar um debate, uma reflexão sobre a participação da mulher num universo dominado por homens.

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Whiplash: E a Bicicletada do ForCaos, uma idéia interessante. Fale mais como vai ser. Você conseguiu recuperar a sua magrela, roubada recentemente?

Amaudson: A 1ª Bicicletada do ForCaos, além de ser uma forma de protestar contra falta de mobilidade, de ciclovias e espaços apropriados para os ciclistas, também vai ser uma espécie de percurso por locais que abrigaram o rock e o heavy metal na cidade de Fortaleza nos anos de 1990 e inicio dos anos 2000. A bicicletada vai percorrer espaços como Casarão Cultural, onde surgiu o ForCaos e abrigou diversos shows do gênero entre os anos de 1995 a 2002, quando foi extinto. Passando pela Praia de Iracema, onde também muitos espaços foram extintos como o Padang Padang, Noise 3D, Jokerman Bar, Hey Ho Bar, também referência na cena local. Que abrigou duas edições do ForCaos e muitos eventos locais, nacionais e internacionais.

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Amaudson: Sobre a minha magrela, me deixou saudade, eram quinze anos, portanto, não precisa dizer da afetividade que tinha por ela. Mas já adquiri outra para participar da bicicletada e fazer os meus trabalhos e percursos diários.

Whiplash: Finalmente sobre as bandas, vocês fizeram uma seletiva, receberam o material das bandas no mês passado. Conte mais sobre o processo de seleção. Algum grande nome ficou de fora?

Amaudson: Devo dizer que recebemos um volume considerável de material que daria para fazer um evento durante um mês inteiro, infelizmente, só tínhamos dez vagas. Pelo menos 80 grandes nomes ficaram de fora. O processo de seleção se dar pela qualidade dos grupos, passando pela adequação dos mesmos as condições que são colocadas pelo evento. Infelizmente, não temos condições de bancar tudo. O problema maior é o tamanho de nosso país. As longas distâncias entre as cidades impedem de termos mais nomes em nosso evento.

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Whiplash: 20 bandas foram selecionadas, entre elas o UNEARTHLY, do Rio de Janeiro, e o HEADHUNTER D.C, da Bahia, que dividiriam os palcos com vocês naquele festival de São Luís. Em fevereiro, outro festival, na cidade de Mulungú, no interior do Ceará foi um fracasso. Não vamos citar nomes. Ao contrário destes, o Forcaos está na sua décima segunda edição (corrija-me se eu estiver errado) e nem concorre mais (em termos de data) com a micareta que acontece em Fortaleza todo mês de julho. Conte mais sobre como é a experiência de fazer um festival que é sucesso depois de tantas edições.

Amaudson: O evento encontra-se na 14ª edição, e este ano vai acontecer paralelo a micareta, entretanto, não enxergamos como empecilho ou dificuldade para nós, posto que criamos mecanismos, linhas de fuga e divulgação diferenciados que acabam por mobilizar o nosso público.

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Amaudson: A questão do sucesso, o segredo é continuar sempre tentando, buscando evoluir, buscando ser honesto com as pessoas e os grupos que estão envolvidos no processo. Outro diferencial: nunca querer dar um passo maior que as pernas, nunca querer prometer algo que não se pode cumprir. Não adianta vender algo que não se pode entregar. A partir dai, construímos e pavimentamos o nosso caminho, a nossa credibilidade e trajetória.

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Whiplash: Quanto tempo cada banda terá para se apresentar? Alguma delas, as de maior renome talvez, poderão ter um set list mais extenso?

Amaudson: cada banda tem quarenta minutos, sendo dez para fazer os ajustes e trinta minutos de apresentação. Os headliners tem entre 50 e uma hora de apresentação.

Whiplash: Qual o papel do poder público na realização do evento? Vocês terão algum apoio governamental ou institucional?

Amaudson: Este ano temos o apoio da Câmara Municipal de Fortaleza, da Assembleia Legislativa, do Centro Cultural Banco do Nordeste, da Prefeitura Municipal de Fortaleza e do Sebrae – Ceará, do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Além do Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado do Rio de Janeiro e da Casa Fora do Eixo Nordeste.

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Whiplash: Você é o guitarrista e fundador da OBSKURE, uma das mais tradicionais do underground cearense e referência para muitas bandas novas. Posso presumir que o OBSKURE tem presença garantida no ForCaos ou isso não existe?

Amaudson: O OBSKURE é uma das doze bandas filiadas a ACR que estão escaladas para o ForCaos 2012. E o processo seletivo é diferenciado, se dá não só pela qualidade musical, mas também pela participação dos grupos associados a nossa entidade ao longo do ano. Todavia, não quer dizer que temos sempre nosso lugar garantido, já ocorreu edições que não participamos. Esse ano, estamos com o CD novo lançado e em processo de divulgação, um relançamento em fase final que é o 7 EP "Opressions in Obscurity" pela TLB Records, que vem sendo produzido na Alemanha. Além disso, participamos recentemente da V Mostra Petrúcio Maia de Música de Fortaleza, promovida pela Prefeitura de Fortaleza. Em agosto, somos um dos grupos selecionados para XI Feira da Música de Fortaleza. A participação no ForCaos é o reconhecimento do que vem sendo feito pela banda ao longo desse ano.

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Whiplash: Eu tenho frequentado os shows no Grab (clube em Fortaleza que vem recebendo grandes nomes do metal local e nacional) e tenho visto bandas autorais muito boas se apresentando, lançando bons CDs, demos e o pessoal perto do palco demonstrando conhecer as músicas, algumas vezes até cantando junto. Num dos últimos eventos, com quatro bandas, saí de lá com dois full length e uma demo (sem falar que eu já tinha o CD da quarta banda). Você tem a mesma percepção de crescimento do underground cearense?

Amaudson: Quem conhece cenas de outros locais do Brasil sabe que a de Fortaleza, é uma das cenas mais ativas e criativas do país. O problema é a síndrome de "vira-latas" que muitos grupos e pessoas carregam. O que vem de fora é sempre melhor. O buraco é mais embaixo, não é assim. Por outro lado, uma parte das bandas e do público tem percebido isso. O exemplo do GRAB, do Rock Cordel, dos eventos da Rede Musicativa, dos shows internacionais que passam por aqui com mais constância são o reflexo do fortalecimento da cena fortalezense e do Ceará.

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Whiplash: Convide o público nordestino para o ForCaos.

Amaudson: compareçam ao ForCaos, adquiram CDs, camisetas e materiais das bandas. Só assim vão estar ajudando a cena musical de sua cidade.

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Sobre Leonardo Daniel Tavares da Silva

Daniel Tavares nasceu quando as melhores bandas estavam sobre a Terra (os anos 70), não sabe tocar nenhum instrumento (com exceção de batucar os dedos na mesa do computador ou os pés no chão) e nem sabe que a próxima nota depois do Dó é o Ré, mas é consumidor voraz de música desde quando o cão era menino. Quando adolescente, voltava a pé da escola, economizando o dinheiro para comprar fitas e gravar nelas os seus discos favoritos de metal. Aprendeu a falar inglês pra saber o que o Axl Rose dizia quando sua banda era boa. Gosta de falar dos discos que escuta e procura em seus textos apoiar a cena musical de Fortaleza, cidade onde mora. É apaixonado pela Sílvia Amora (com quem casou após levar fora dela por 13 anos) e pai do João Daniel, de 1 ano (que gosta de dormir ouvindo Iron Maiden).
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