I Wanna Be Tour reúne gerações em prol da mesma trilha sonora
Resenha - I Wanna Be Tour (Allianz Parque, São Paulo, 23 e 30/08/2025)
Por Bianca Matz
Postado em 05 de setembro de 2025
Durante os dias 23 e 30 de agosto, o festival I Wanna Be Tour reuniu gerações para curtirem a mesma trilha sonora e provar que nem tudo é uma fase. O evento ocorreu em Curitiba na primeira data, na Pedreira Paulo Leminski e, em seguida, em São Paulo, no Allianz Parque.
O line up foi diverso e continha bandas clássicas do gênero, como: Yellowcard, Story of the Year, Forfun, Dead Fish, Gloria, Fresno, The Maine, Neck Deep, Fake Number, The Veronicas, Good Charlotte e Fall Out Boy. Além disso, a Vans Brasil foi a marca patrocinadora, que esteve presente na adolescência dos brasileiros.
E como o festival se trata de uma verdadeira maratona emo, o Allianz possuía dois palcos: It’s Not a Phase e o It’s a Lifestyle. Em que os shows eram apresentados de forma intercalada, proporcionando uma experiência de música sem parar.

E nesta edição, o Fake Number ficou responsável por abrir o palco It’s a Lifestyle, em que contou com uma "Intro", "Você vai lembrar" e "Aquela música" para aquecer o público que estava chegando bem cedo no festival.
Mesmo com o horário cedo, havia uma quantidade considerável concentrada na grade, em que cantavam em coro junto aos fãs presentes na arquibancada, como: "Segredos que guardei", "Último trem" e "4 mil horas".
Apesar do nome em inglês, a I Wanna Be Tour acertou em abrir com uma banda brasileira de tom melódico, que sempre tocou nas rádios, que o público conhece cada letra e lembra com bastante carinho. A setlist da banda foi finalizada com "Contra o tempo", "Platônico" e "Primeira lembrança".

E com o palco It’s Not a Phase não foi diferente, pois a banda brasileira encarregada de começar as apresentações naquele espaço foi o Gloria. Eles abriram o setlist com "Bicho do mato", "A arte de fazer inimigos" e "Um segundo, um nunca mais".
De uma apresentação a outra, já foi possível notar não apenas a quantidade de pessoas presentes no Allianz Parque, como o barulho de todas elas interagindo com a banda. E na metade da apresentação, o vocalista Mi Vieira chama o Lucas Silveira da Fresno aos palcos para performar "Horizontes".
A emoção que emanava de cada canto era incrível. Os fãs ovacionaram o grupo conforme as músicas iam compondo o setlist, sendo finalizada com "Anemia", "Asas fracas" e "Minha paz".

Neck Deep estreia no palco como a primeira banda internacional do It’s a Lifestyle e iniciam com tudo, presenteando os fãs com "Dumbstruck Dumb**k", "Sort Yourself Out" e "Motion Sickness".
Os integrantes junto ao vocalista pulam no mesmo lugar enquanto performaram as canções "Gold Steps", "Kali Ma" e "STFU". Outro detalhe que não podemos deixar de lado é o carinho que a banda possui com o Brasil, eles deixam a bandeira exposta logo abaixo da bateria.
A quantidade de canções foi semelhante à das duas primeiras bandas, em que apresentaram um pouco mais de 10 canções. E diferente do show em Curitiba na semana anterior, o vocalista Ben Barlow não tirou a camiseta para mostrar as suas tatuagens aos fãs. Após fechar com "December (Again)" e "In Bloom", Barlow agradeceu aos fãs por recebê-los, assim como fez gestos de coração com as mãos e abriu outra bandeira do Brasil. Todos que estavam presentes fizeram um coro chamando o nome da banda.

Story of the Year faz parte do trio (Yellowcard e Neck Deep) que estiveram presentes no side show que ocorreu no Tokyo Marine Hall. Por uma única música, o setlist acabou se tornando um pouco mais curto, porém, na mesma vibe do que entregaram no dia anterior, começando novamente por "Tear Me to Pieces" e "War".
Ao todo, a apresentação teve momentos mais tranquilos, em que a voz Philip Sneed suave doce como em "Anthem of your Dying Day". Os fãs que já estavam aos montes, acenavam de um canto ao outro, seguindo o ritmo da banda.
O repertório da banda foi finalizado com "In the Shadows", "‘Is This My Fate?’ He Asked Them" e "Until the Day I Die", em que todo mundo estava cantando no volume máximo e gravando cada segundo da canção com os celulares.

The Maine mostrou que os seus fãs são realmente apaixonados, por estarem animados desde a primeira até a última canção. A banda que não pisava no Brasil desde 2017, deixou todo o público emocionado com a sequência de "Touch", "Don’t Come Down" e "Numb Without You".
O vocalista John O'Callaghan alerta que "I don’t play pop music" (Eu não canto música pop, em tradução livre), dando início às outras canções, como "Like We Did (Windows Down)", "Sticky" e "Everything I Ask For". É notável a empolgação da banda com os fãs, ao mesmo tempo que é fácil ouvir murmúrios entre as pessoas de que o setlist escolhido está ótimo!
"Loved You a Little", "Blame" e "Black Butterflies and Déjà Vu" fecham o repertório da banda, em que fica na memória a felicidade do vocalista, que dispara um "This is fu***ng crazy, man" (Isso é doido pra cac***, cara; em tradução livre) no microfone.

Em seguida, Dead Fish sobe ao palco ao lado, em que os fãs da banda se conectam facilmente ao vocalista, que surge pulando, dançando e interagindo, sempre conversando com todos que estão presentes, trazendo "A urgência", "Tão iguais" e "Queda livre".
O vocal Rodrigo Lima anima o pessoal: "Vamos, São Paulo!", saltando das plataformas do próprio palco, realizando outra sequência de canções, como: "Asfalto", "Dentes amarelos" e "49".
Não contente com a forma que estava realizando sua performance, Lima levanta a camisa, provoca a plateia e os fãs sobrem uns em cima dos outros demonstrando a empolgação com a banda, que finaliza o setlist com "Proprietária do terceiro mundo", "Afasia" e "Sonho médio".

Quando as gêmeas australianas do The Veronicas subiram ao palco, o público foi à loucura. Elas trouxeram um setlist semelhante ao que haviam apresentado anteriormente no side show no Cine Joia naquela mesma semana, porém, algumas músicas ficaram de fora, pois a performance da dupla precisava ser mais enxuta para caber no festival.
Elas começaram com as mesmas três primeiras canções: "Take Me on the Floor", "When It All Falls Apart" e "Everything I’m Not". Ambas trajando looks semelhantes, elas agradecem o apoio dos fãs que estão ouvindo a dupla desde 2005.
Tão animadas quanto o outro show, elas dançam as coreografias das músicas, pulam e demonstram muito amor ao público brasileiro. E novamente, elas fecham o setlist com "Jungle", "4ever" e "Untouched".

As próximas duas bandas foram o timing perfeito, pois ambas se complementam e era de praxe que estivesse cada canção na ponta da língua dos jovens durante o começo dos anos 2000.
Forfun chega com um tom mais leve, em comparação aos outros grupos masculinos, em que os fãs cantam com todos os pulmões. "Hidropônica", "Good Trip" e "Dia do alívio" mantiveram o tom jovial que o festival procura resgatar. Era clássico atrás de clássico e o público não se cansava de cantar.
Danilo Cutrim, um dos vocais da banda, bate um papo e cumprimenta a todos com um largo sorriso no rosto, trazendo outra sucessão de letras memoráveis, como: "Morada", "Gruvi quântico" e "Sigo o som".
Em diversos momentos, o público canta trechos das músicas, mais precisamente os refrões com muita emoção. O público cai na gargalhada quando Cutrim afirma "ser cringe" e fecha o setlist com "Cara esperto", "Costa verde", que dedicou a Fresno e ao Dead Fish; e "História de verão".

E claro, a Fresno veio carregada de suspense no início da sua apresentação, em que o público mais atento conforme o tempo ia passando. As vestimentas de todos os integrantes estavam impecáveis, mas é necessário destacar a baixista Ana Karina que entregou um look perfeito, performando de forma brilhante.
"Infinito / Deixa o tempo / Eu sei", "Onde está?" e "Eu nunca fui embora" fizeram parte do repertório da banda que, infelizmente, apresentou algumas falhas técnicas no microfone de Lucas, o vocalista.
Lucas compartilha com os fãs que a banda sempre sonhou com aquele momento, que eles sempre quiseram compor um line up de um festival e, logo em seguida, anunciou "Diga - Parte 2", em que todo mundo gritava, foi o momento em que o local inteiro fez um coro do início ao fim, mal dava para ouvir o vocalista.

Foi uma apresentação muito emocionante, a energia estava surreal e não tem como esquecer do desfecho composto por "Se eu for eu vou com você", "Milonga" e "Desde quando você se foi".
Yellowcard chegou impressionando os fãs abrindo sua apresentação com um solo ao som da música tema de "Top Gun - Ases Indomáveis", filme clássico de 1986. Em seguida, em uma iluminação avermelhada, é tocado "Only One" e "Lights and Sounds", que traz uma introdução diferente, junto a um trecho do longa-metragem "Goonies", de 1985.
Não demora muito para que o vocalista Ryan Key pede interação do público com palmas ritmadas, assim como também ele sinaliza para que todos liguem as lanternas dos celulares durante "Breathing". As próximas canções daquela tarde seriam "honestly i" e "Believe".

É admirável ver a junção do clássico ao contemporâneo em questão de ritmo, assim como também quando lembramos da estética da banda, por ter Sean Mackin como violinista, em que consegue se destacar durante a performance da banda; assim como Ryan trajado em sua calça com efeito vinil. O setlist da banda foi finalizado com "With You Around", obviamente com mais um trecho de um filme e dessa vez foi "De Volta para o Futuro", de 1985; seguido de "Better Days" e "Ocean Avenue".
Antes do início de Good Charlotte, os fotógrafos já estavam informados que o número de profissionais para registrar a seguinte apresentação seria limitada devido às técnicas utilizadas no palco. E realmente, todos tiveram noção após assistir "The Anthem", "Girls & Boys" e "Riot Girl".

Após uma chuva de confetes branco, muito efeito strobo e labaredas no palco com "I Don’t Work Here Anymore", "Wondering" e "Life Changes", era de se imaginar que os fãs estariam totalmente animados, cantando e dançando todas as músicas e que a grade estaria abarrotada.
Diferente dos outros shows do dia, o vocalista Joel Madden não perdia muito tempo, ele engatava uma música atrás da outra, sem nenhum respiro. Apenas em um breve momento, ele dialogou com o público: "We love you, São Paulo! ‘Obrigado’!. How are you doing tonight?" (Nós amamos vocês, São Paulo! ‘Obrigado’! Como vocês estão nessa noite?, em tradução livre). E concluíram o repertório com a sequência de "Dance Floor Anthem", "I Just Wanna Live" e "Lifestyles of the Rich & Famous".

O acontecimento chamado Fall Out Boy foi um grande divisor de águas, pois assim que o show anterior acabou, finalizando o palco It’s a Lifestyle, muitas pessoas foram embora, deixando apenas os fãs da última banda do It’s Not a Phase presentes. Porém, isso não foi motivo para ser algo negativo, apenas deixou o local mais confortável e fácil de transitar.
O setlist teve início com as canções "Love From the Other Side" e "Grande Theft Autumn/Where Is Your Boy", que foram alavancadas na emoção dos fãs por conta da inclusão de "Sugar, We’re Goin Down".E ainda o baixista Pete Wents em determinado momento desceu dos palcos para cumprimentar os fãs.
O show em si foi separado por blocos estratégicos entre músicas muito famosas, que eram hits durante os anos 2000; e outras canções que nem tanto. Logo, era uma mistura bem perceptível dos fãs que se empolgavam ou não com as letras. Essa sequência foi no meio do repertório da banda com "I Don’t Care", do álbum Folie à Deux, que é ilustrado com dois ursinhos de pelúcia, sendo estes a decoração presente no palco de forma inflável. "Phoenix", que contou com um grande espetáculo de pirotecnia; e "Dance, Dance", mantendo o ritmo dançante da banda.

"This Ain’t a Scene, It’s an Arms Race" e "My Sons Know What You Did in the Dark (Light Em Up)" não podiam ficar de fora deste bloco temático. Em que houve mais um uso dos métodos pirotécnicos no palco, com direito a fogos de artifício e labaredas. O único ponto que não agradou foram as ilustrações toscas e exageradas utilizadas nos telões, que abusavam de efeitos especiais e cinematográficos.
É impressionante como a voz do Patrick Stump continua exatamente a mesma, desde o lançamento das canções, podendo chegar nos tons mais graves e nos mais agudos. No entanto, apesar do talento, acabou se tornando um momento caótico quando ele foi ao piano performar "What a Catch, Donnie" e "Golden", pois o timing das canções quebrava todo o ritmo dos fãs que estavam ora muito agitados e, de repente, ora muito calmos.

Para fechar de forma inesquecível, o setlist necessitava de dois clássicos da banda, como: "Thnks fr th Mmrs", que não teve a abertura semelhante ao clipe; e "Centuries", em que os fãs puderam fazer o coro acompanhando o vocalista nas horas do refrão.
Ao todo, a I Wanna Be Tour é um tipo de festival cativante e divertido, pois consegue unir todo mundo que curte o mesmo gênero musical. No entanto, isso não quer dizer que todas as pessoas presentes curtam as bandas de maneira uniforme. É evidente os "queridinhos" e os mais "lado B" dentre os artistas do line up, mas é isso que torna a experiência única.
Seguimos curiosos e com grandes expectativas sobre o que devemos aguardar na próxima edição do festival. Abra-se o questionamento se haverá "figurinhas repetidas" ou será revelado bandas ou grupos que nem lembramos mais, apenas estavam adormecidos em nossos corações.

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