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Roger Waters: para ser vivido, visto, ouvido e sentido

Resenha - Roger Waters (Morumbi, São Paulo, 01/04/2012)

Por Otávio Augusto Juliano
Postado em 02 de abril de 2012

Quando li algumas resenhas das apresentações do ex-PINK FLOYD ROGER WATERS na Argentina e em Porto Alegre, pude perceber que algo grandioso seria visto em São Paulo e isso não era novidade mesmo.

O concerto "The Wall – Live" é um espetáculo de grandes dimensões. Mas só agora entendo o real sentido dos dizeres do também redator aqui do site, Paulo Finatto Jr., que ao escrever a resenha do show de Porto Alegre afirmou: "a qualidade do show comandado por ROGER WATERS é indescritível apenas com palavras". Ele tinha razão, afinal vejo-me agora na dura missão de descrever algo indescritível.

Roger Waters - Mais Novidades

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O que aconteceu neste domingo 1º de abril no Estádio do Morumbi foi algo sem precedentes. Pelo menos na vida deste redator que vos escreve (mas acredito que na vida de muitos dos presentes). Um verdadeiro espetáculo musical e visual, proporcionado por um perfeccionista ROGER WATERS.

Com atraso de apenas 15 minutos, o concerto começou às 19:45h, após um avião se chocar com o gigante muro de 137 metros de largura construído no palco, em meio a barulho de tiros e a explosões de fogos de artifício. Pronto, estava iniciada "a viagem" por todas as canções do álbum "The Wall" que os 70 mil presentes teriam a oportunidade de vivenciar nas duas horas seguintes.

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Já no início, em "Another Brick In The Wall – part II", um grande boneco inflável de um professor apareceu no palco e as crianças do Instituto Baccarelli (comunidade de Heliópolis) acompanharam ROGER para o refrão de uma das músicas mais marcantes de toda a história do PINK FLOYD. Vestidas com camisetas que traziam os dizeres "Fear Builds Walls" (o medo constrói paredes), a canção não poderia ter sido melhor representada, tendo as crianças do coral como estudantes com os dedos apontados para o professor cruel durante o refrão.

Em seguida o vocalista/baixista, assim como fez nas outras apresentações no Brasil, homenageou Jean Charles de Menezes, brasileiro morto em 2005 em Londres, ao ser confundido com um terrorista. Com a foto do garoto estampada no telão, WATERS, em português, dedicou o show a Jean e a sua família, pela luta por justiça. Antes de falar, ROGER foi saudado pelos fãs e também aproveitou para agradecer a presença das crianças que o ajudaram em "Another Brick In The Wall – part II".
"Mother" veio na seqüência, com ROGER empunhando um violão e proporcionou outro momento especial e marcante. Enquanto cantava os versos das músicas, ao perguntar se deveria acreditar no governo ("Mother, Should I Trust The Government?), a frase "No Fucking Way" foi projetada no muro.
Cada canção trouxe suas peculiaridades e projeções no telão que abrilhantaram ainda mais o espetáculo que se via no Estádio do Morumbi, sendo impossível descrever cada um desses momentos.

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O gigante muro que ia de uma arquibancada à outra, foi sendo preenchido ao longo da primeira parte do show, até que às 20:45h, as luzes se acenderam parcialmente e houve um intervalo de 25 minutos, como já era previsto. Durante o intervalo, o muro preenchido teve projetadas imagens e informações de soldados mortos em guerras ocorridas no mundo. Foi uma pausa ideal para que todos pudessem tirar fotos com o muro iluminado ao fundo e conversar sobre o magnífico concerto presenciado até então.

E tinha mais por vir. Às 21:10h, alguns poucos tijolos do muro foram abertos, para a introdução de "Hey You", a primeira canção da segunda parte do show. ROGER WATERS apareceu em frente ao muro, cantando em seguida a música "Is There Anybody Out There?". Em "Nobody Home", o vocalista reapareceu, dessa vez em uma sala de estar erguida em parte do muro.

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Já fui a muitos shows que me causaram arrepios ao ouvir certas canções interpretadas ao vivo, mas a experiência de presenciar "The Wall – Live" com tamanha qualidade e perfeição, foi ao algo que foi além disso. Em "Comfortably Numb", o público ficou extasiado. ROGER na parte de baixo, ao pé do muro, enquanto Robbie Wyckoff cantava e Dave Kilmister tocava guitarra de cima do muro. Um dos pontos altos do concerto, dentre tantos outros.

ROGER WATERS ainda parou em outro momento para falar em português com o público e agradecer a presença de todos. Nessa hora, no grande muro, foi projeto um "obrigado" em letras maiúsculas. O vocalista anunciou então "Run Like Hell", que agitou bastante a platéia, a essa altura já com um enorme porco inflável passando de mão em mão pela pista. No porco, dizeres em português e espanhol, como a frase "o novo Código Florestal vai matar o Brasil".

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Às 21:58h, ao som de "Tear Down The Wall" ("Derrubem o muro"), parte da música "The Trial", o muro foi então derrubado, para se chegar ao ápice da noite. O espetáculo se encaminhava para o seu final e a banda veio à frente dos destroços do muro para executar a última canção do concerto: "Outside the Wall". ROGER ainda aproveitou para apresentar um a um os competentes músicos que o acompanharam e todos foram saindo devagar por baixo do palco.

Como disse acima, foi algo fantástico, sem precedentes. Pouco mais de duas horas de uma incrível experiência musical, visual e sentimental, em que a ótima música executada foi só mais um dos inúmeros atrativos da noite. Um concerto para ser vivido, visto, ouvido e sentido. Felizes dos que tiveram essa oportunidade e saíram do Estádio do Morumbi impressionados com tamanha grandiosidade da apresentação de ROGER WATERS em São Paulo.

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O vocalista toca novamente em São Paulo no dia 03 de abril, descansa alguns dias e segue para o México no final do mês.

Agradecimentos a Henrique e Guilherme (T4F) pela atenção e credenciamento.

Banda:

Roger Waters – vocal, baixo, violão, trompete
Robbie Wyckoff – vocal
Graham Broad – bateria, percussão
Dave Kilmister – guitarra, banjo
G.E. Smith – guitarra, baixo, bandolim
Snowy White – guitarra
Jon Carin – teclado, violão, guitarra
Harry Waters – órgão, teclado
Jon Joyce – backing vocals
Kipp Lennon – backing vocals
Mark Lennon – backing vocals
Pat Lennon – backing vocals

Set List:

PRIMEIRA PARTE

1 – "In the Flesh?"
2 – "The Thin Ice"
3 – "Another Brick in the Wall – parte 1″
4 – "The Happiest Days of Our Lives"
5 – "Another Brick in the Wall – parte 2″
6 – "Mother"
7 – "Goodbye Blue Sky"
8 – "Empty Spaces"
9 – "What Shall We Do Now?"
10 – "Young Lust"
11 – "One of My Turns"
12 – "Don’t Leave Me Now"
13 – "Another Brick in the Wall – parte 3″
14 – "The Last Few Bricks"
15 – "Goodbye Cruel World"

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SEGUNDA PARTE

16 – "Hey You"
17 – "Is There Anybody Out There?"
18 – "Nobody Home"
19 – "Vera"
20 – "Bring the Boys Back Home"
21 – "Comfortably Numb"
22 – "The Show Must Go On"
23 – "In the Flesh"
24 – "Run Like Hell"
25 – "Waiting for the Worms"
26 – "Stop"
27 – "The Trial"
28 – "Outside the Wall"

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Sobre Otávio Augusto Juliano

Otávio é paulistano, tem 29 anos e faz algo nada a ver com o Rock: é advogado. Por gostar muito de música e não possuir talento algum para tocar instrumentos musicais, tornou-se um comprador compulsivo de cds. Sempre interessado em leitura ligada ao Rock e Metal, começou a enviar algumas pequenas colaborações para a Whiplash e hoje contribui principalmente com textos relacionados ao Hard Rock, estilo musical de sua preferência. De qualquer forma, é eclético e não dispensa álbuns de todas as demais vertentes do Metal, sendo fã incondicional de W.A.S.P., Mötley Crüe e dos trabalhos do guitarrista Steve Stevens.
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