Sublime With Rome: um show inesquecível no Rio de Janeiro
Resenha - Sublime With Rome (Circo Voador, Rio de Janeiro, 22/05/2011)
Por Gabriel von Borell
Postado em 31 de maio de 2011
A noite era cheia de expectativas. Bem antes do horário previsto para o início do show, centenas de fãs já marcavam presença nos arredores do Circo Voador, no Rio de Janeiro, neste último domingo (22). Muitos deles estavam desesperados na busca por um ingresso, já que toda a carga de convites havia se esgotado com antecedência. Mas esta era uma árdua tarefa. Sorte daqueles que conseguiram alguma entrada repassada, porque nem mesmo cambistas da área tinham ingressos disponíveis. E os que tinham vendiam a preços absurdos.
Toda esta mobilização tinha um propósito, afinal o antigo Sublime, uma das bandas mais importantes do ska-punk, estava novamente reunida depois de 15 anos de inatividade. O nome Sublime with Rome surge em função da batalha judicial que os integrantes remanescentes travaram contra a família do antigo vocalista Bradley Nowell. Os familiares do cantor, que morreu em 1996 vítima de uma overdose de heroína, não aceitavam que a banda continuasse a utilizar o nome original do grupo nesta nova reunião.
Após um acordo com a família de Nowell ficou decidido que eles adotariam, a partir daquele momento, o nome Sublime with Rome, em referência ao vocalista Rome Ramirez, que recebeu a difícil missão de substituir Nowell. Para felicidade dos fãs o cara dá conta do recado. Fora que o cantor tem uma voz muito parecida com a do falecido vocalista, o que de certa maneira ajuda o público a não sentir muita diferença ao testemunhar aquela nova figura no palco.
Já do lado de dentro do Circo Voador, duas mil pessoas aguardavam ansiosas para assistir um show que, alguns anos atrás, pareceria possível somente em seus mais belos sonhos.
O Sublime with Rome surgiu no palco pouco antes de 22h30, e sem a presença do seu baterista original, Bud Gaugh, que não veio à América do Sul por problemas de ordem pessoal e familiar. Ele foi substituído por Matt Ochoa, do The Dirty Heads. Bud só retornará ao grupo durante a turnê européia.
A banda sacudiu o público carioca já na abertura do show com uma sequência para fã nenhum botar defeito. A primeira faixa foi "Don’t Push", do álbum de estreia "40 Oz. To Freedom", seguida de "Garden Grove", do terceiro e mais bem sucedido disco, "Sublime", e "Right Back", que voltava mais uma vez ao primeiro trabalho da banda.
O set list prosseguiu sem fugir do repertório já mostrado nos outros shows da turnê sulamericana. Veio então "New Trash", "Smoke Two Joints", entre outras, até chegar em "Seed", que aparentemente não estava prevista no set list da apresentação no Rio de Janeiro. Os fãs pediram em coro e Rome, junto com seus companheiros, resolveram fazer a alegria da galera. A mesma coisa aconteceu com "Jailhouse". A música estaria prevista no repertório, porém, o Sublime with Rome tocou a canção justamente quando a plateia carioca começou a pedi-la. Mas talvez o grupo tenha apenas antecipado a execução da faixa.
Não faltaram também as músicas mais conhecidas em geral no Brasil, como "Date Rape", "Wrong Way", "Bad Fish" e "What I Got". Esta última foi cantada literalmente pelos fãs, já que Rome estava bem empolgado e virou o microfone para o público a partir da metade da canção.
Daí em diante, só se ouvia então as vozes da plateia carioca no Circo Voador. Depois, Rome fez questão até de interromper o show para sacar seu celular do bolso da calça para fotografar os fãs que, por sua vez, foram ao delírio com a atitude do cantor. Enquanto isso, Rome não se cansava de dizer que aquele era o melhor show de toda a turnê sulamericana.
Antes de retornar para o bis, a banda tocou a nova música de trabalho, "Panic", do álbum que chegará às lojas no próximo semestre, e "Under my Voodoo". Foi quando o baixista Eric finalmente interagiu com os fãs e até tirou sua camisa para exibir sua barriga avantajada. Eric até então estava completamente na dele, tocando seu instrumento e com um cigarro no canto da boca.
Enquanto o Sublime with Rome não voltava ao palco, o público fazia muito barulho. Pouco depois, o grupo retornou e o bis teve início com "STP" e "The Ballad of Johnny Butt".
Como não poderia ser diferente, a apresentação foi encerrada, pouco depois da meia-noite, com o maior sucesso do grupo, "Santeria", para deixar todos os presentes em êxtase. Ao se despedir, a banda não só jogou ao público palhetas e baquetas, como Eric arrancou todas as cordas do seu baixo e as arremessou para a plateia. Porém, isto não chegou perto do que Rome estaria prestes a fazer. O cantor simplesmente jogou a sua guitarra para os fãs, que, logicamente, agarraram no instrumento que nem carrapato. A disputa pela guitarra era tão concorrida que, depois de vários minutos, os seguranças botaram todo mundo para "brigar" pelo instrumento do lado de fora do Circo Voador. É claro que a guitarra ficou completamente destruída. Quem passava em frente ao local podia ver dezenas de fãs carregando os restos do instrumento.
No final das contas, o Sublime with Rome realizou um show inesquecível e provou que seu retorno não foi à toa. Uma banda que ressurge das cinzas e passa atestado de que ainda vem muito pela frente. Bradley Nowell deve estar feliz pelos seus antigos companheiros onde quer que esteja.
Set List:
1 - Don't Push
2 - Garden Grove
3 - Right Back
4 - New Thrash
5 - Smoke Two Joints
6 - Get Ready
7 - Lovers Rock
8 - Seed
9 - Jailhouse
10 - Spun
11 - Punk Jam
12 - Date Rape
13 - Wrong Way
14 - Myage (Descendents cover)
15 - PCH
16 - Scarlet Begonias
17 - 5446 That's My Number/Ball and Chain
18 - What I Got
19 - Take It or Leave It
20 - Badfish
21 - Let's Go Get Stoned
22 - Panic
23 - Under My Voodoo
Bis:
24 - STP
25 - The Ballad of Johnny Butt
26 - Santeria
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