Tim Ripper Owens e Torture Squad: grande show em Recife
Resenha - Tim Ripper Owens (Sport Club, Recife, 17/10/2009)
Por Josco
Fonte: Josco Weblog
Postado em 26 de outubro de 2009
A Blackout Discos e a In Cartaz realizaram no último sábado (17/10) um evento memorável para o cenário pernambucano do rock e metal. O cast contou com a presença da banda DEADLY FATE (Rio Grande do Norte), do vocalista TIM RIPPER OWENS (Estados Unidos) - acompanhado pela banda TEMPESTT - e da banda TORTURE SQUAD (São Paulo). O show foi realizado na sede do Sport Club do Recife, o mesmo venue de shows antológicos em Pernambuco em décadas passadas. Embora apresentasse atrações de renome, a presença do público não foi das maiores, onde contou com um número estimado em aproximadamente 350 pessoas em seu ponto máximo, durante a apresentação do TIM RIPPER OWENS.
DEADLY FATE
O evento teve início com a apresentação da banda DEADLY FATE, que veio ao Recife diretamente de Natal (RN) para divulgar o seu mais recente trabalho autoral, intitulado "Secret Land". Embora desconhecida (ou esquecida) do público local, apesar de já ter se apresentado por aqui antes, em outras oportunidades, a banda DEADLY FATE - anteriormente mencionada e destacada em websites por ANDRE MATOS - já dispõe de uma boa experiência e vivência musical.
Com uma sonoridade mesclada entre o heavy metal tradicional, o power metal e o melódico, muito bem equilibrados, a banda inicia o seu set com a intro "Prelude to War", em um bem elaborado clima épico, e estica com "Metal Warriors", com belos caprichos nos vocais. "Mother Nature's Cry" e "Inner Sight" (esta com belos solos de guitarras), todas do novo álbum, complementam o início da apresentação.
O público presente em frente ao palco ainda era pequeno, como sempre acontece nas apresentações de abertura, mas grande era a performance da banda que se apresentava.
Eles começaram a chamar a atenção ao executar a bem trabalhada "Secret Land", marcada por boas distorções, que foi seguida pela excelente "Different Ways", um belíssimo power melódico. Ambas as músicas fazem parte do álbum já citado.
A voz cativante de Oruam somada ao poder de execução do baterista Wilberto foram suficientes para atrair a atenção do público, que começava a se animar e formar um maior contingente em frente ao palco. Os belíssimos arranjos de baixo (Marcos) e guitarra (Neto) complementavam a atuação da banda que, aos poucos, mostrava toda sua competência.
"Tormentor", um clássico do W.A.S.P, foi o primeiro cover da noite e agitou bastante o público.
"Black Helmet", mais uma canção autoral, com melodia e batidas envolventes, mantem o ânimo dos bangers. A vibrante performance do Wilberto era mais uma vez destacada. A propósito, esta música foi lançada em 1990 como parte da coletânea "Whiplash Attack Vol. 1".
Eis que mais um cover clássico era executado: "Seven Seas", da norueguesa TNT, com uma interpretação bem hard rock.
Em "Bad Boys Running Wild" e "Now", ambas dos SCORPIONS, os músicos potiguares conquistavam ainda mais os pernambucanos.
"Shine Again" e "Excalibur", do álbum debut da banda, finalizavam sua apresentação em solo pernambucano com uma execução brilhante e muita personalidade.
A banda DEADLY FATE fez muito bem o trabalho de aquecimento para a atração seguinte, mostrando muita técnica e uma variação diversificada de influências para as suas composições.
Por fim, Oruam agradeceu ao público e à produção do evento pela recepção e atenção com que foram prestigiados, com o sentimento de um dever cumprido de modo convincente.
TIM 'RIPPER' OWENS
A atração principal da noite já era bastante esperada, onde o público, em número bem maior àquele da apresentação anterior, chamava pelo seu ídolo entoando 'Ripper', 'Ripper', 'Ripper'.
A banda de apoio do cantor, TEMPESTT, se formava no palco e logo iniciaram a introdução para a primeira música do set list do Owens, onde, pela nota da bateria, já deixou em fervor a todos aqueles que se imprenssavam à frente do palco.
"Painkiller" começava de modo matador a apresentação do Ripper. Ela foi seguida pelas "The Ripper" e "Burn In Hell", todas do JUDAS PRIEST (aqui JP). Era impressionante ver todo o público cantar cada uma das músicas.
"Believe" foi a música da vez. Ela faz parte do recém-lançado álbum solo "Play My Game", do Tim Owens. Naturalmente, nem todas as pessoas a conheciam e estavam ali para conferir os covers mesmo.
"Electric Eye" (JP) chegou para mais delírio dos fãs, seguida por "And... You Will Die" (BEYOND FEAR). Para cada cover que Owens cantava a sua voz ficava ainda melhor. É inegável e impressionante, ao mesmo tempo, o poder vocal que este cantor desfere sobre cada uma das músicas apresentadas.
Chegamos à metade do show com a contagiante "Rising Force" (YNGWIE MALMSTEEN), onde o público foi ao delírio. A equipe de segurança começa a ter trabalho para conter a multidão que não parava de agitar.
Ripper ataca com a faixa "The Green Manalishi (With The Two Pronged Crown)". Esta música, a propósito, foi composta pela banda FLEETWOOD MAC, sendo regravada como um cover pelo JUDAS PRIEST, onde fez um grande sucesso.
Um dos pontos altos do show - dos mais aguardados - foi durante a execução de "Flight Of Icarus", do IRON MAIDEN. A legião de fãs do MAIDEN em Recife é gigante. Covers desta banda sempre fazem sucesso nesta terra, sendo muito bem vindos. A equipe de segurança novamente teve trabalho, e desta vez foi redobrado. Ao final, a platéia gritava "Olê, olê, olê, olê... Ripper, Ripper", lembrando o coro cantado no show do IRON MAIDEN, em março deste mesmo ano.
Ao anunciar a próxima, Ripper deu ainda mais tarefas árduas ao pessoal da segurança, trazendo o super clássico "Grinder" (JP).
Uma pequena pausa para os agradecimentos. Owens fez questão de agradecer ao público com muito entusiasmo. E foi um agradecimento merecido, pois todos estavam de parabéns pela receptividade com o músico e por cantarem as canções juntos com a banda.
Após os agradecimentos, Owens intruduziu a canção seguinte com uma dedicatória. Eis que mais um cover do JUDAS PRIEST era apresentado: "One On One".
A galera, em puro êxtase, não parava de agitar. E quando a banda soltou o riff de "Symptom Of The Universe" (BLACK SABBATH), foi impossível conter tal agito. E a equipe de segurança se viu mais uma vez em necessidade de mais trabalho. No meio desta música, houve uma interação muito marcante entre a platéia e o Owens, onde gritos de "yeah, yeah, yeah" foram entoado por todos, com uma bela coreografia do público, que aplaudia com as mãos para o alto.
Depois desta apresentação, a banda pára e a saída do palco anunciava a proximidade do final do show. O bís era aguardado.
Foram poucos minutos de ausência do palco e, ao retornar, Ripper ensaiou uma distribuição de água para o público poder se refrescar. A esta altura, a temperatura estava bastante elevada. "You are number one!" (Vocês são número um!) era gritado pelo Owens, em uma clara demonstração de agradecimento ao público, que aplaudia em retorno.
"Breaking The Law" (JP) fez a banda voltar com todo gás. Ripper e seu timbre de voz extremamente agressivo, junto com a precisão dos membros da banda TEMPESTT, levou o público ao êxtase novamente. Este foi o momento em que a segurança do evento teve maior trabalho, pois o público quase invadiu o palco.
"Living After Midnight" (JP), mais um cover vibradíssimo, fechava o set list finalizando a apresentação do Owens, deixando constatado o motivo pelo qual ele figura entre os melhores vocalistas de Heavy Metal da atualidade. A sua passagem pelo JUDAS PRIEST lhe rendeu o respeito por novos admiradores. A sua presença de palco, muito contagiante, é outro fator característico de sua performance.
Após o show do Tim Ripper Owens, boa parte do público começava a deixar o local. Outros se dispersaram formando grupos de conversas e outros mais foram ao bar 'abastecer' o corpo.
TORTURE SQUAD
Já era bastante tarde, quando, após alguns ajustes, eis que a banda TORTURE SQUAD iniciava a sua apresentação de modo arrasador: "Living For The Kill", do álbum mais recente, "Hellbound", marcava a entrada deles ao palco do Sport Club. O início da apresentação não poderia ser melhor. As pessoas correram para frente do palco para prestigiarem a banda.
Os bangers respondiam com muita empolgação, ao que a banda resolve emendar com "The Beast Within", do mesmo álbum. Amilcar Christófaro mostra o motivo de ser considerado um habilidoso mestre das baquetas, com muita segurança em sua performance.
Tudo vai acontecendo muito rápido, quando, sem respirar, eles mandam "Towers On Fire", um grande sucesso do álbum "Pandemonium". Amilcar destruiu tudo pela frente onde, juntamente com o Castor, no baixo, formam a cozinha mais perfeita do thrash/death metal nacional.
Mais do "Hellbound", com a agressiva "In The Cyberwar" e "Man Behind The Mask", e mais destruição. Augusto Lopes, substituto do guitarrista anterior, Maurício Nogueira, mostra a que veio. Seus riffs precisos e sua ótima presença de palco lhe conferem elogios por parte do público que chamava pelo seu nome aos gritos.
Após as músicas, o Vitor rasgou elogios ao público que ficou até tarde para ver a apresentação da banda e fez uma declaração emocionante onde, em resposta, ouviu a platéia gritar "Torture Squad, Torture Squad"... A banda é muito competente no que se propõe a fazer e não é a toa que ela, de fato, figura entre as melhores do gênero da atualidade.
"The Unholy Spell", do álbum homônimo, chega para ainda mais agito. E haja trabalho para a equipe de segurança do evento. É incrível a energia que esta banda consegue passar ao público.
"Hellbound", faixa-título do trabalho mais recente da banda surge para levar todos ao delírio extremo. A voz visceral do Vitor Rodrigues é um show à parte. Sua atitude no palco causa impacto.
Mais uma pausa e outra vez o Vitor agradece ao público e à produção pela realização do evento. Em seguida, a banda faz uma sequência matadora: "The Host" (álbum "The Unholy Spell") e uma volta às origens com "Convulsion" e "Murder Of A God", ambas do álbum "Asylum of Shadows". O TORTURE SQUAD impressiona de novo.
"Horror And Torture" e "Pandemonium", ambas do excelente álbum "Pandemonium", complementam a sequência anterior com muito mais peso.
"Chaos Corporation" (do "Hellbound") expalhou literalmente o caos entre todos. Como era de se esperar, o público enlouqueceu e o mesmo aconteceu com os seguranças para contê-los. Ao final desta música, o Vitor anuncia que haveria uma surpresa para o público.
O set list chega ao seu fim com a contagiante "Orgasmatron" (MOTÖRHEAD). Mas a surpresa não era essa: Vitor Rodrigues assumiu o baixo e o Castor foi para o vocal. Amilcar tomou o controle da guitarra e o Augusto comandou a bateria. Esta alteração foi recebida com muitos aplausos por todos os que ficaram até o final da apresentação. E os membros não decepcionaram.
Mais tarde, nos bastidores, o Amilcar revelava que esta mudança de posições no line-up foi uma ideia que surgiu a partir de um programa em que eles participaram, onde a proposta era fazer algo improvisado. Foi a primeira vez que eles fizeram isso no palco. Se a ideia virar moda, vale pelo inusitado.
Apesar do número inferior do público, a banda TORTURE SQUAD deixou claro que não faz restrições em suas apresentações, não importando para quantas pessoas eles estejam tocando. Uma belíssima aula de competência e profissionalismo a ser seguido.
Aos que foram embora antes, deixaram de conferir um dos nomes de maior repercussão do thrash/death metal mundial em uma fantástica apresentação, consideravelmente a melhor da noite no âmbito geral.
O espaço destinado a shows no Sport Club do Recife, através deste evento, mostrou novamente ser uma grande e válida opção. Já está na hora de a produção local organizar um evento grandioso, ao estilo do Abril Pro Rock, que acontece tradicionalmente no primeiro semestre do ano. Um festival de heavy metal será bastante prestigiado pelos headbangers em Pernambuco. Resta ao público local fazer a sua parte, comparecendo aos eventos e prestigiando a cena do rock e metal do estado e demais localidades.
Parabéns à Blackout Discos e a In Cartaz pela coragem na produção de mais um grandioso evento. Parabéns ao DEADLY FATE, TIM RIPPER OWENS/TEMPESTT e TORTURE SQUAD. Parabéns a todos aqueles que apoiaram esta iniciativa.
OBS.: As fotos das bandas Deadly Fate e Torture Squad foram registradas por mim (JOSCO). Os créditos para as fotos do show do Tim ‘Ripper’ Owens vão para o amigo Rubens Gusman, que me acompanhou durante a cobertura do show e gentilmente autorizou a publicação delas.
MUITO OBRIGADO, RUBENS.
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