Symphony X: um marco na história de shows de Recife
Resenha - Symphony X (Clube Português, Recife, 24/10/2008)
Por Beto Petrozza
Postado em 04 de novembro de 2008
Duas coisas devem ser ditas antes de iniciar propriamente a resenha do show: 1) a passagem do Symphony X pela primeira vez ao Recife constituiu um marco para a cidade, que vem se consolidando como a vanguarda metálica do nordeste, tendo recebido inclusive público de outros Estados nordestinos, infelizmente não contemplados pela turnê (só neste ano a capital pernambucana recebeu show do Helloween e Gamma Ray juntas, do Possessed com o Sadistic Intent e do Scorpions, estando previsto ainda um do Nightwish para o mês de novembro). 2) Este texto não questiona a competência dos músicos do Symphony X, mas pretende apontar alguns aspectos negativos que comprometeram consideravelmente a qualidade do show.
A apresentação se iniciou por volta das 23h15min, com mais de uma hora de atraso. Como o previsto, primeiro veio a introdução "Oculus ex inferni", seguida de "Set the world on fire" e logo deu para perceber que o som estava péssimo (ao menos para quem não estava na frente, próximo ao palco). Esta é uma das músicas mais pesadas de toda a carreira da banda e possui um refrão bastante forte, cantado em uníssono pelo público, mas definitivamente não está entre minhas favoritas. De qualquer forma, constitui uma música bastante apropriada para a abertura do show. Em seguida veio "Domination", com sua introdução no baixo, tendo a frase "My domination" sido também cantada em uníssono pelo público. A ela, seguiu-se "Serpent’s Kiss", de modo que a banda iniciou o show com as quatro primeira faixas de seu álbum mais recente, "Paradise Lost" (incluindo a já citada introdução). Pessoalmente, achei este álbum fraco, pouco inspirado, sobretudo estas primeiras músicas, que considero dispensáveis ("Set the world on fire", tudo bem, já que é mais pesada, mas as outras duas não deveriam terem sido tocadas na minha opinião). A próxima foi "Masquerdade", bônus do penúltimo álbum ("The Odyssey"), tocada sem a introdução no teclado, já se iniciando em sua parte mais pesada. Ótima música, com participação maior do Michael Pinnella (teclado) e um refrão forte e mais uma vez cantando em uníssono. A ela se seguiu a faixa título do trabalho mais recente da banda. "Paradise Lost" é uma ótima balada, contando com mais presença do teclados de Pinnella (ao menos na introdução, tocado sem efeito, reproduzindo o som de um piano) e constituiu uma ótima oportunidade para que o vocalista Russell Allen demonstrasse que sua versatilidade vocal é executada com maestria também ao vivo (nas primeiras músicas do "Paradise Lost" ele cantara com uma agressividade nunca antes vista, mas na faixa título, variava entre um vocal agudo e um mais contido e grave). O público entrou no clima da balada e isqueiros e luzes de celular foram acessas e levantadas.Em seguida veio uma das melhores do set, "The Walls of Babylon", progressiva, longa e pesada (a melhor música do "Paradise Lost" na minha opinião, ao lado de "Seven", que juntamente com "The Sacrifice" foram as duas únicas do novo álbum não tocadas no show). "Babylon" e "Seven" me deram um alívio, pois demonstram que o Symphony X não desaprendeu a fazer metal progressivo (pois as primeiras músicas do "Paradise Lost" pouco ou nada têm de progressivo). O show prosseguiu com umas das músicas mais empolgantes de toda a carreira da banda: "Inferno (Unleash the fire)", iniciada com solos virtuosos do guitarrista Michael Romeo e seguida com aquele riff monstruoso, misturando a palhetada rítmica com o harmônico. O refrão também é bastante forte e a música foi um dos pontos altos do show. Mas senti falta de "Kings of Terrors" (preferiria ela à "Masquerade"). O show prossegue com uma música das antigas, "Smoke and mirrors" do "Twilight in Olympus", com destaque para a introdução, para o refrão e para a lenta parte inicial do solo de Romeo. Se não me engano, foi nesta música que o público jogou um chapéu de cowboy no palco. Russell Allen o colocou, mas merece destaque o momento em que o vocalista o colocou na cabeça do guitarrista Michael Romeo, que ficou muito bem com ele, bastante estiloso. "Revelation" é mais uma do "Paradise Lost", extensa (cerca de 10 minutos), com alguns toques de progressivo, merecendo destaque a introdução e o refrão. A próxima foi "Paradise Regained" (Part VII do épico The Divine Wings of Tragedy), com direito a um show de interpretação de Russell Allen (ainda mais que nas demais músicas) e o teclado voltou a aparecer mais. Pena que não a tocaram inteira... (e levando em conta que o show foi curto, não seria exagero a execução da música na íntegra, com seus 20 minutos). Ao fim da música a banda retirou-se do palco.
O retorno se deu com a última do "Paradise Lost" tocada no show: "Eve of Seduction", com um riff e distorção de guitarra que merecem destaque bem como o refrão. Após ela, executam um dos maiores clássicos da banda: "Of Sins And Shadows", da qual destaco o riff de guitarra e os solos rápidos e virtuosos.Certamente uma das que mais agitou o público. Aparentemente estas duas já eram o bis e finalizariam o show, mas como surgiu um forte coro pedindo, a banda atendeu a manifestação, tocando a música pedida: "Evolution" é certamente um dos maiores clássicos da banda, merecendo destaque o riff de guitarra, os solos, o refrão e a participação mais nítida do teclado que em outras músicas (principalmente no refrão, o ápice da música em minha opinião). Foi um belo final, mas ficou um gostinho geral de quero mais (o show foi curto) e ao menos para mim, a ausência do clássico "Sea of Lies" foi nada menos que IMPERDOÁVEL (mas infelizmente, eu já esperava por isso). Além disso, não seria nada mal tocarem "Fallen", emendando com "Evolution".
Em suma: banda competente na execução das músicas, mas performance de palco fraca (exceção feita a Russell Allen); este certamente foi o destaque do show, tanto nas vocalizações/ interpretações como na presença de palco; o som, ao menos para quem não estava perto do palco, estava péssimo; o público foi ótimo na interação, cantando as músicas, jogando objetos no palco que foram utilizados pelos músicos (além do já mencionado chapéu de cowboy, foi atirada uma touca que Allen usou brevemente), tanto que o vocalista afirmou que o show em Recife foi o melhor da turnê até então: ("Definitivamente, esse foi o melhor show do Symphony X na América do Sul"), porém, se em qualidade o público foi 10, em quantidade, deixou a desejar (o show do Possessed, que é uma banda de extremo, realizado no mês de julho no mesmo local deu mais público). Evidentemente, mais vale a qualidade que a quantidade, mas tendo em vista que a passagem de uma banda do porte do Symphony X por terras nordestinas (normalmente esquecidas) e levando-se em conta o preço bastante acessível do ingresso (R$40, preço único), pode-se dizer que a presença aquém do esperado foi um ponto negativo. Por fim, o set fraco (curto, deixando clássicos indispensáveis de fora) não me deixa outra escolha senão dar nota 8 ao show. Foi bom, mas pelo potencial da banda, poderia ter sido bem melhor.
Quem sabe eles não retornam...
Russell Allen – Vocal
Michael Romeo – Guitarra
Michael Pinnella – Teclado
Michael Lepond – Baixo
Jason Rullo – Bateria
1 Intro - Oculus ex inferni
2 Set the world on fire
3 Domination
4 Serpent’s Kiss
5 Masquerade
6 Paradise Lost
7 The Walls of Babylon
8 Inferno (Unleash the fire)
9 Smoke and Mirrors
10 Revelation
11 Paradise Regained (Part VII da TDWOT)
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12 Eve of Seduction
13 Of Sins and shadows
14 Evolution
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