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Sweden Rock Festival 2007: grandiosidade posta à prova

Resenha - Sweden Rock Festival (Norje, Suécia, 06 a 09/06/2007)

Por Thiago Martins
Postado em 11 de julho de 2007

O ano de 2007 marcou a maior edição do tradicional festival sueco. Pela primeira vez, foi adicionado um quarto dia ao evento, embora, desta vez, o cast tenha sido menos atraente em relação aos anos anteriores. Ainda assim, havia uma quantidade infindável de bandas boas. O Whiplash conferiu o evento e elege, entre outros destaques, os dez melhores shows – porque, no Sweden Rock Festival, as bandas têm entre 75 e 90 minutos e não fazem míseras apresentações de 20 ou 30 minutos como em alguns festivais.

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10. Heaven and Hell

Qualquer headbanger de respeito deve estar me xingando. Como o Black Sabbath com Dio pode estar apenas em décimo lugar? Explico: não é apenas uma banda no palco, é uma lenda. E, de mitos, espera-se sempre o inesperado. Infelizmente, não foi isso que a trupe capitaneada pelo vocalista baixinho presenteou ao público na noite de quinta-feira, no palco principal de Sölvesborg.

Inicialmente, o setlist foi mais curto do que o apresentado meses antes na tour pela América do Norte. "After All (The Dead)", "Lonely is the Word", "Lady Evil" e a nova "The Devil Cries" foram limadas sem dó do repertório. Ainda assim, manteve-se um desnecessário e chato solo de bateria de Vinnie Appice, bem como as versões estendidas de "Voodoo", "Die Young" e "Heaven and Hell" apagaram um pouco do fogo da performance, já não muito empolgante nas caras de um sempre sereno Toni Iommi e um Geezer Butler comedido e burocrático.

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Excetuados esses pormenores, o show, aberto com "The Mob Rules", foi fantástico. "Sign of the Southern Cross" e "Computer God" foram destaques absolutos, com Ronnie James Dio cantando com toda a sua simpatia inigualável na história do Heavy Metal, embora, no quesito voz, tenha ficado um pouco abaixo do seu usual. A apresentação ainda teve, além das já citadas, "Falling Off the Edge of the World", "I", "Children of the Sea" e o final com "Neon Knights". Se foi aquém das expectativas, não significa não ter valido a pena ver junta essa formação do Black Sabbath. Talvez os europeus confiram esse "algo mais" na turnê do Heaven and Hell por lá em outubro próximo. Que os brasileiros também possam desfrutar dessa chance.

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*** A organização do festival ***

Cumprir o horário à risca é um dos principais itens da cartilha dos organizadores do Sweden Rock Festival. Se uma banda tem noventa minutos para tocar a partir das 16:15, é bom entrar no palco na hora certa, pois dificilmente os organizadores darão algum tempo a mais. Felizmente, não houve ninguém com o som cortado nessa edição do evento.

Quanto aos palcos, excetuando-se o primeiro dia, a divisão era clara: quando uma banda tocava no Festival Stage, que continha dois telões, apenas havia apresentações concomitantes no Zepellin Stage, um palco de terceira grandeza, e na tenda, chamada de Gibson Stage, contendo um estande para os fanáticos pelo game Guitar Hero matarem a lombriga de não conseguir se manter afastado do console por quatro dias. Poucas coincidências estilísticas aconteciam, pois, enquanto o palco principal era dominado por atrações de grande porte, os outros dois recebiam grupos de menor peso.

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Os palcos secundários, Rock e Sweden Stage, sempre colocavam duas bandas ao mesmo tempo. A organização do festival é coerente ao dosar com precisão suas apresentações, de modo a raras vezes termos confronto de grupos com estilo parecido. Nesta edição, apenas os headbangers mais ecléticos acabaram por perder alguma coisa. Este resenhador, por exemplo, teve seu coração partido apenas quando o Dimmu Borgir foi ao palco ao mesmo tempo que o Thin Lizzy – e optou pelos veteranos primeiro por ser muito mais fanático pelo lendário grupo irlandês, além de contar com o fato de, cedo ou tarde, ter nova chance de ver os noruegueses "detratores de Deus". Não tão desesperador, mas também não muito legal foi ver o Amon Amarth dividir seu tempo com Axel Rudi Pell, assim como Kreator e White Lion, além de Skid Row e Tiamat. Nenhum estilo similar, assim apenas poucos tiveram algo para reclamar.

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9. Talisman

Um show com Jeff Scott Soto nunca é ruim. Nós, brasileiros, podemos atestar isso sem pestanejar muito, já que o vocalista americano vira e mexe aporta em terras tupiniquins para nos brindar com brilhantes apresentações. Nesse caso, o Sweden Rock também pode ter a mesma satisfação.

Tratava-se de uma apresentação de despedida. Com todos os membros do Talisman ligados a projetos diferentes, a banda ficou como segunda opção e, já sem contar com Fredrik Akesson – recém ingressado no Opeth e que se apresentaria com o Krux no mesmo palco no dia seguinte –, escolheu o Sweden Rock para fazer sua despedida dos palcos europeus. Não à toa, pois o festival tem grande importância na carreira do conjunto, vide suas performances no festival permearem os dois dvds lançados pelo conjunto.

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Com Brian Young – da banda de David Lee Roth – soberbo nas guitarras, o Talisman foi o headliner de sexta-feira do Zeppelin Stage, fato ao qual mostrou ser digno após um início de show arrebatador, com uma música emendada em outra, sem pausas para recuperar o fôlego. Os suecos não deixavam por menos e cantavam junto pérolas do hard rock como "Colour my XTC", "Break The Chains", "Mysterious" e "Comin’ Home". Não faltou uma seção de Soto ao piano – ele até ameaçou "Don’t Stop Believin’ para delírio dos presentes, mas logo disse ter "se enganado de show" – já sabia o vocalista sobre o pé na bunda que levaria do Journey poucos dias depois? O final, com "I’ll Be Waiting" e o cover de "Crazy", do Seal, deixou todos satisfeitos, ficando para trás um possível desgosto pelo encerramento das atividades da banda. Uma despedida em grande estilo.

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*** A inclusão do quarto dia ***

A edição 2007 do Sweden Rock Fest foi marcada pela adição de outro dia de shows. A quarta-feira, no entanto, não foi uma jornada completa. Metade da área do festival esteve fechada, ainda em fase final de preparação. Apenas o Zeppelin, de terceira grandeza, a tenda Gibson Stage e um outro palco chamado de SR, improvisado no estande da rádio patrocinadora do evento, receberam apresentações – exceto pelo The Australian Pink Floyd Show, o único a tocar no secundário Sweden Stage.

Não parece ter sido uma idéia boa. Apesar de mais bandas terem tido a chance de se participar do festival, os ingressos aparentemente limitados à primeira data, o menor espaço e menos opções de comida acabaram sem incrementar praticamente nada ao charme do festival a não ser um arrombo de grandiosidade exagerado que, caso não seja controlado, pode vir a prejudicar a qualidade do evento – algo já sofrido pelo Wacken.

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Felizmente, os demais dias correram sem atropelos. E, com um cast fraco, a primeira data do Sweden Rock serviu mais para se ambientar ao festival e conferir os estandes de discos espalhados pelo local, capazes de levar um brasileiro à loucura ou à falência, tal a oferta de produtos a preços razoáveis, quase de graça se levado em consideração o padrão de consumo escandinavo.

8. Axel Rudi Pell

Há certas coisas que não mudam, e nós ficamos felizes por serem assim. O Axel Rudi Pell é um desses casos. Com o line-up estabilizado desde The Masquerade Ball, o grupo continua a lançar discos de qualidade, apesar de jamais sair de sua linha como se fosse um Rainbow moderno. Ao vivo, isso fica mais evidente, fato comprovado mais uma vez no Sweden Rock.

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Tocando no Rock Stage, a banda é comandada por um carismático e técnico Johnny Gioeli nos vocais, provavelmente um filho bastardo de Freddie Mercury em trejeitos e performance de palco. O grupo ainda conta com músicos de alto gabarito – além do sempre presente, mas dispensável, solo de bateria de Mike Terrana (poderiam ter tocado alguma canção a mais). Até uma canja de Jeff Scott Soto foi especulada, mas, infelizmente, não aconteceu. Nem precisou.

Destaques foram os já clássicos da carreira de Rudi Pell, como "Fool Fool" e o medley com "Masquerade Ball" e "Casbah", sem contar as empolgantes músicas mais recentes como "Rock the Nation" e "Strong as a Rock". Para não deixar de pagar seu tributo a Ritchie Blackmore, as improvisações de "Mystica" contiveram uma citação a "Mistreated" do Deep Purple, e a banda executou com maestria a belíssima "Temple of the King", do Rainbow. Ronnie James Dio deve ter ficado satisfeito com a performance bombástica de Gioeli. No final, "Call Her Princess", do Steeler, veio com o tradicional duelo entre o tecladista Ferdy Doernberg e Axel Rudi Pell. Desnecessário, mas valeu pela diversão dos próprios músicos.

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*** Comes e Bebes ***

Uma das grandes qualidades do Sweden Rock está na variedade das opções de comida. Desde um mítico "steak à Lousiana" – do qual muita gente falou, mas este resenhador, quando a fome apertou, apenas viu uma fila imensa ou recebeu pedidos de desculpas pelo prato já estar esgotado – até um brasileiro erradicado na Suécia que explorava os nativos com absurdas 50 coroas suecas (em torno de 14 reais) por quatro coxinhas ou croquetes pequeninos (daqueles congelados à venda em caixinha em supermercado) acompanhados de um molho aparentemente vagabundo (não ia desperdiçar meu dinheiro para provar!). Isso tudo em meio a inúmeras opções de pizzas, nachos, kebabs e hambúrgueres, nada lá muito asséptico, mas que pelo menos não me causou qualquer efeito colateral. Os preços não eram convidativos, embora o custo-benefício fosse melhor do que os salgados tupiniquins.

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Já com relação à bebida, a figura muda. Por 49 coroas suecas (como eles não tem notas de 49, seu troco já vinha compromissado com a "caixinha dos vendedores", sob o risco do olhar feio caso a inútil moedinha voltasse para a sua carteira, embora eu nem ligasse), você comprava a uma cerveja de aproximadamente 300ml chamada Sweden Rock Premium Beer, de teor alcoólico de quase 5%, mas de gosto pra lá de duvidoso e servida numa garrafa de plástico quase sempre à temperatura ambiente (o calor da primavera escandinava não assusta nenhum brasileiro, mas, para a cerveja, ainda é muito quente, justificando minha abstinência em boa parte do evento). A latinha de refrigerante, por sua vez, custava "míseras" 15 coroas suecas (quatro reais) – era possível encontrar uma garrafa quente do líquido negro do capitalismo por 20 coroas –, mais em conta do que em muita balada na noite paulistana.

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7. Meat Loaf

O ator e cantor americano já é um veterano dos palcos e soube muito bem como conduzir a performance mais teatral de toda a edição de 2007 do Sweden Rock. Primeiro, cercou-se de duas backing vocals, a morena Aspen Miller e a loira Carolyn Colletti, ambas fantásticas em qualquer sentido que se procure avaliá-las. Obviamente, não se esqueceu de músicos gabaritados, como o guitarrista Paul Crook (ex-Helmet, Anthrax entre tantos outros) e o baterista John Miccelli (ex-Rainbow).

Durante os noventa minutos, misturou em seu set, no palco principal, músicas novas como "If it Ain’t Broken, Break it" ou "In the Land of the Pig, The Butcher is King" a clássicos do porte de "Paradise by the Dashboard Light" – cuja montagem rendeu ao gordo frontman um beijo lascivo em Aspen Miller – e "You Took the Words Right Out of My Mouth". Não faltaram hits como "I’d Do Anything For Love (But I Won’t do That)" ou "Life is a Lemon and I Want my Money Back", todos encenados de forma competente pelo "bolo de carne", trazendo sempre o público para participar – ou sem fazer cerimônia para lhe mostrar o ingrato dedo médio quando a resposta não era à altura esperada.

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O show, ainda permeado por efeitos pirotécnicos, teve seu auge, como não podia deixar de ser, na fantástica "Bat Out of Hell", com os suecos delirando enquanto o vocalista se esforçava sem muito sucesso para conseguir cantá-la. O bis, com três covers (de Ram Jam, K.C.Douglas e Rolling Stones), talvez tenha deixado muita gente sedenta por mais material próprio do americano, porém, ao final de "Gimme Shelter" com as duas backing vocals comandando a banda, havia muito pouco a se reclamar.

*** Decepções do festival ***

Obviamente, apesar de grandes shows, um festival do tamanho do Sweden Rock é feito de várias apresentações em desacordo com as expectativas criadas. E nem todas são como o Heaven and Hell, que, apesar de abaixo do esperado, ainda foi de alto nível o suficiente para fazer parte das melhores apresentações do evento.

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Algo similar ocorreu com o Quiet Riot. Se o show foi correto, esperava-se bem mais de uma lenda tão grande do hard rock. Muitas versões estendidas tornaram morna a apresentação dos americanos, quando se aguardava agitação do começo ao final. Se Rehab é um disco de alto nível, suas músicas ao vivo funcionaram mais para temperar o ambiente, nunca como destaques. Nos clássicos, como os covers do Slade "Mama Weer All Crazy Now" ou "Cum Om Feel the Noize", o show pegava fogo, mas, no geral, muitos altos e baixos. Até o final, com a empolgante "Bang Your Head (Metal Health)", teve seu incêndio apagado por solos e mais solos. Talvez um set mais curto – o grupo tocou por 90 minutos no palco principal - tivesse ajudado o grupo.

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Também decepcionou a apresentação abaixo de mediana do Blind Guardian. Com um setlist próximo ao executado no Brasil, incluindo algumas músicas fora do padrão como "I’m Alive" e "Welcome to Dying", o conjunto pecou na performance, seja em técnica, com as canções soando vazias e Hansi Kursch cantando-as muito mal, seja na presença de palco, com pouquíssima movimentação e carisma zero. A vibração do público, essencial para elevar o nível do seu show, acabou dissipada num ambiente aberto permeado por muita gente não fanática: ouvir a horrenda voz do vocalista em "The Bard’s Song – In the Forest" resume tudo.

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Não foi das melhores a performance do The Australian Pink Floyd Show. Quem esperava uma emulação perfeita dos deuses do rock progressivo acabou se deparando com apenas uma banda cover de certa competência, apesar de toda a produção de palco e de um setlist inusitado com, por exemplo, "Set the Controls for the Heart of the Sun". Ao fazer a voz de David Gilmour, até que as coisas iam bem, mas era falho demais nas partes de Roger Waters, talvez muito menos complicadas de serem cantadas.

Já o Aerosmith cometeu os mesmos pecados do show de meses atrás em São Paulo. Desta vez, o grupo concentrou todos os seus hits na primeira metade da apresentação – "Eat the Rich", em vez de "Rag Doll" e "Janie’s Got a Gun", comparando ao setlist do Brasil –, mas, quando se esperava que a apresentação decolasse numa parte rockeira setentista, apenas o groove de "Last Child", substituindo a fogosa "Toys in the Attic", apareceu de diferente da noite no Morumbi. Com um teleprompter para ajudar nas letras, a idade mais uma vez atrapalhou Steven Tyler nos tons, apesar de não atingir seu inabalável carisma. O auge, como sempre, foi o final com "Sweet Emotion", "Draw the Line" e "Walk this Way", comandadas por um Joe Perry empolgadíssimo para um público já sonolento. Muito pouco para um headliner desse cacife.

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Outra decepção foi o Iced Earth, mas esse merece um tópico à parte...

6. Kreator

Experiente em shows do Kreator, jamais a possibilidade de trocar uma outra apresentação de uma lenda querida do thrash metal passou pela minha cabeça em relação a conferir uma outra apresentação da boa farofa americana do White Lion – reformulado e revitalizado por Mike Tramp. E a opção acabou valendo, e muito, a pena, tendo em vista a posição que os veteranos alemães ocupam nesse ranking.

Mille Petrozza estava ensandecido no Rock Stage. Com vários shows do Kreator na bagagem, jamais havia presenciado o líder da banda despejando tanto veneno de forma tão agressiva no palco. Ninguém ficou de fora: atacou os racistas com veemência ao anunciar a fabulosa "Europe After the Rain"; criticou todos os políticos alemães e a "farsa" do encontro do G8, que ocorria no mesmo fim de semana na Alemanha, antes de "Betrayal". Ainda fez todos os suecos acabarem com suas vozes ao dar gritos de ódio – até soletrou "H-A-T-E" para não dar motivo a ninguém para não berrar pulmões afora antes de "Flag of Hate".

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Ainda teve mais. Como era a primeira vez que sua banda tocava no festival, Mille fez questão de incitar os suecos a abrirem uma roda como nunca fizeram, criticando as iniciais como "boas para o Sweden Rock, mas fracas para o Kreator" – apesar de não deixar em nenhum momento de demonstrar sua satisfação com a efusiva participação do público. O setlist conteve o essencial da banda, da abertura com "Violent Revolution" aos clássicos "People of the Lie", "Extreme Agressions" e "Pleasure to Kill", a nova "Enemy of God", a diferente "Phobia" e o final com "Tormentor". Pancadaria e agressividade como reza a cartilha de um show de thrash metal.

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*** Iced Earth ***

Um dos melhores shows e das maiores decepções do festival, a banda americana capitaneada por Jon Schaffer e comandada ao vivo pelo estupendo Tim "Ripper" Owens merecia um capítulo especial, pois foi um momento atípico da edição de 2007 do Sweden Rock.

Enquanto esteve no palco do Rock Stage, o Iced Earth foi magistral. Se Owens não cantou as músicas com todo o modo característico de seu antecessor Mathew Barlow, também esteve longe de fazer feio. "Burning Times", "Vengeance is Mine", "Pure Evil", "Violate" e "The Hunter" foram executadas com peso e competência, mantendo o público sueco gritando junto e, por vezes, ainda mais alto que o ex-vocalista do Judas Priest. A nova "Ten Thousand Strong", assim como "The Reckoning" e "Declaration Day", estão muito aquém do material mais antigo, mas não comprometeram.

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Como de praxe, assim que acabara "Iced Earth", a banda se despediu e saiu do palco. Passavam-se 55 minutos de um show previsto para durar uma hora e meia, e então começava-se a especular acerca ou de um bis majestoso com a recentemente (mal) regravada trilogia final "Something Wicked", ou então tedioso com a longa e chata "Gettysburg (1863)" tocada na íntegra. Mas o tempo passava e nada. De repente, os técnicos começaram a desmontar o palco. E vaias surgiam da platéia.

Como já afirmado antes, o Iced Earth, enquanto esteve no palco, foi magistral. Mas por tempo insuficiente. Ainda não se sabe o motivo pelo qual o grupo de Jon Schaffer não voltou. As vaias foram merecidas, tamanha a desconsideração da banda ao não dar nenhuma explicação aos fãs que a aguardavam. Enquanto outros grupos se esforçam para encaixar seus sets em 75 minutos, ou até menos, os americanos desperdiçaram meia hora de show. Uma pena, pois se encaminhava para facilmente constar nessa lista dos dez melhores do Sweden Rock Festival.

5. Thin Lizzy

Inicialmente, soa até meio chato chamar de Thin Lizzy essa formação, pois qualquer fã do bom e velho rock’n’roll sabe ser o lendário Phil Lynnot a alma da banda. Apesar de tanto Scott Gorham quanto John Sykes terem feito parte do grupo, não são emblemáticos o suficiente para carregar tal legado nas costas. Desse modo, entendamos esse show no Sweden Stage como um tributo ao grandioso baixista e vocalista falecido em janeiro de 1986, algo que Sykes sempre fez questão de reforçar e dedicar cada segundo a ele. Assim sendo, que homenagem!

John Sykes é um exímio guitarrista, isso qualquer pessoa pode facilmente confirmar dando uma olhada em seu curriculum com o Whitesnake, Blue Murder e Tygers of Pan Tang. No entanto, o modo como conduziu os vocais foi de tranqüilidade e carisma inabaláveis, forçando até um pouco no sotaque irlandês para se aproximar das performances originais. Na execução, o duo de guitarras, auxiliados pelos sempre eficientes Marco Mendonza e Tommy Aldridge (baixo e bateria, respectivamente), deu o show peculiar e esperado, principalmente em músicas como "Massacre", "Waitin’ for an Alibi", "Don’t Believe a Word", "Cowboy’s Song" e "Suicide".

Obviamente, não faltaram os hits "Bad Reputation", "Boys are Back in Town" e "Rosalie", mas quem acabou roubando a cena durante a magistral performance do grupo foram os suecos, cantando, além das letras, praticamente todas as melodias de guitarra. E ver o encerramento de um show com "Black Rose", tendo todos os seus solos cantados em uníssono, emociona a qualquer pessoa, até mesmo a um John Sykes pasmo com a reação da platéia. Inesquecível.

*** Solos de bateria ***

Uma das pragas da edição de 2007 do Sweden Rock foram os solos de bateria. Se quando tocados num show regular eles já tendem a ser chatos demais, num festival, são piores ainda. O fato de a organização conceder às bandas um tempo relativamente grande para se apresentar não significa que elas podem jogar fora com coisas estúpidas. Mas por motivos diversos, elas o fazem.

Por exemplo, ninguém tem coragem suficiente para chegar a Mike Terrana ou a Tommy Aldridge e lhes dizer que seus solos de bateria já não são mais tão divertidos quanto eram da primeira vez que o fizeram. Apesar de sempre haver alguém que nunca os viu e o público não deixar de participar, já estão bem batidos os truques com baquetas do ex-membro do Rage, ou as cabeçadas e batucadas do veterano de tantas outras bandas. Tanto o Axel Rudi Pell quanto o Thin Lizzy poderiam usar esse tempo de forma bem mais produtiva, afinal, músicas não faltam e os instrumentistas não pareciam cansados.

Diferentemente do Scorpions, quando o solo de James Kottak vem sempre como uma pausa para Klaus Meine dar a sua sugada final em gás hélio de modo a agüentar o restante do show. O problema é que o solo é muito sem graça: nada diferente de um cara meio maluco tocando bateria sem lá muito sentido – e olha que ele até deu garrafadas na cabeça para entreter. Bateristas são figuras estranhas.

E, ainda assim, deixam-nos ser donos de banda. Aí, não tem jeito, o solo é inevitável. Frankie Banali é, de fato, um dos músicos mais capacitados do rock’n’roll, mas seu solo, com o perdão do trocadilho, é banal. Nesse show, no entanto, era o típico caso de embromação, pois estava claro que o Quiet Riot não estava preparado para um set tão longo. Enfim, solos de bateria são sempre chatos. Deveria existir uma cláusula nos contratos das bandas que tocarão no Sweden Rock Festival proibindo-os, pois é insuportável agüentar vários solos de bateria no mesmo dia!

4. Trouble

Há certos momentos em que o respeito tende a falar mais alto do que a performance da banda em si. Por exemplo, para um fã de doom metal, ver o show do Trouble reunido é um desejo maluco virando realidade e apenas isso já garantiria um lugar de destaque no festival. No entanto, essas reuniões nem sempre significam grandes apresentações.

Felizmente, não foi esse o caso. Um Eric Wagner gordinho, fumando feito louco e muito sereno (possivelmente sob efeito de alguma outra substância), coordenava, no primeiro show do sábado no palco principal do Sweden Rock, uma platéia de poucos fãs, mas muito fanáticos. Apesar de o disco novo, Simple Mind Condition, estar longe de ser um clássico absoluto como seus dois primeiros álbuns, os americanos responsáveis pela consolidação do doom metal, ao lado do Candlemass, foram fabulosos, criando uma sombria atmosfera para as suas músicas, mesmo sob um sol danado.

Bruce Franklin e Rick Wartell eram perfeitos nas execuções de clássicos como "Assassin", "Pray for the Dead", "Revelation (Life or Death)", ou até mesmo em "All is Forgiven", "Come Touch the Sky" e "Plastic Green Head", de trabalhos menos festejados, sem se esquecer de músicas novas como "Mindbender" e "Goin’ Home". A performance era avassaladora, mas foi quando retornaram ao palco para finalizar a apresentação com "The Tempter" e "Bastards Will Pay" que tudo se incendiou e, ao final, até o ex-vocalista do Candlemass, Messiah Marcolin, não continha a empolgação no meio da platéia, que recebia aplausos de Wagner. Um dos grandes shows de uma lenda do heavy metal se encerrava. Mais um sonho realizado.

*** Outros bons shows ***

Seria muito injusto ao Sweden Rock se apenas falássemos dos dez melhores shows. Por isso, tratemos agora um pouco de outras apresentações de bom nível. No primeiro dia, o Randy Piper’s Animal, do ex-guitarrista do W.A.S.P., começou ateando fogo no festival ao misturar suas razoáveis composições próprias com clássicos de sua ex-banda, como "The Hellion", "Wild Child" e "I Wanna Be Somebody". Uma boa surpresa foi o set dos posers suecos do Crazy Lixx, contagiando o palquinho improvisado "S.R." com músicas cativantes como "Heroes are Forever", além de deixar uma sueca fazendo poses malvadas no seu estande próprio de venda de discos.

Na quinta-feira, logo de cara o Thunder entrou no palco principal para com seu competente set, mas sem muita inspiração, deixando apenas seus próprios fãs ligados em músicas como "The Devil Made Me Do It" e "I Love You More Than Rock’n’Roll", ao passo em que a maior parte do público, chegando ao festival, ainda se ambientava e utilizou o som dos veteranos ingleses como agradável trilha sonora.

Já na sexta-feira, o Pretty Maids acordou cedo e fez muito bonito. Os dinamarqueses praticamente tocaram em casa no festival, afinal, mais do que sueca, é uma celebração escandinava. Abrindo o set direto com "Back to Back", passando por clássicos como "Future World", "Yellow Rain" e "Red, Hot, and Heavy", o veterano grupo de Ronnie Atkins e Ken Hammer foi um belo despertador, embora depois os irlandeses do The Answer tenham tentado por fogo no palco principal, mas seu som à la Led Zepellin e Black Crowes não encontrou muitos adeptos e serviu mais como um botão "soneca", pois muita gente preferiu apenas curtir sentado o rock’n’roll dos garotos, recuperando-se da ressaca do dia anterior.

Quem resolveu mostrar nova vida foi o Skid Row. O vocalista Johnny Solinger provou que veio para ficar e não decepcionou com uma boa performance nas músicas antigas, embora não seja nenhum Sebastian Bach. O trio original restante, com Scotti Hill, Rachel Bolan e Dave "Snake" Sabo, manteve o alto astral e incendiou o público com hits como "Big Guns", "Sweet Little Sister", "18 And Life", "Riot Act", "Beat Yourself Blind", além das obrigatórias "Slave to the Grind" e "Youth Gone Wild". Estranho foi ouvir "I Remember You" duas vezes, na tradicional versão balada e de um jeito punk como em ThickSkin. Se a moda pega...

O último dia trouxe o show correto, mas previsível demais do Falconer, além de um Black Oak Arkansas que primou por entreter o público na figura carismática do líder Jim Dandy. O Suzi Quatro acabou ganhando alguns minutos de fama devido à infâmia do Iced Earth. Infelizmente, enquanto o lendário REO Speedwagon mostrava seu excelente rock’n’roll, o Krux entrou no palco no Zeppelin Stage, algo imperdível para qualquer fanático por Candlemass com a sede por doom metal apenas mais estimulada após um histórico show do Trouble.

E o projeto paralelo do mentor do Candlemass não decepcionou. Uma constelação do metal sueco, comandada por Leif Edling e pelo grandioso vocalista Mats Léven (ex-Malmsteen e Therion), além de contar com o já citado Fredrik Akesson, bem como Jörgen Sandström e Peter Stjärnvind do Entombed, fez uma apresentação bombástica no Zeppelin Stage com seu doom metal bem pesado de traços psicodélicos. "Sea of Doom", "Black Room", "Omfalos", "Nimis" e "Serpent" marcaram presença num show que deixou muitos pescoços doloridos e por um pouquinho não entrou nos dez mais.

Assim como o Motörhead. Sempre uma apresentação grandiosa, o show guardou várias similaridades ao apresentado em São Paulo meses atrás, com um setlist iniciado por "Snaggletooth" e contendo músicas não tão usuais no repertório dos ingleses, como "Just Cos You’ve Got the Power" e "Over the Top", além de várias composições dos dois últimos petardos de estúdio Inferno e Kiss of Death. Marcante foi o bis, quando Fast Eddie Clark se juntou ao trio para "Bomber", "Ace of Spades" e "Overkill", debaixo do show de luzes com o avião de refletores da Bomber Tour.

3. Annihilator

Outra banda estreante no Sweden Rock, o Annihilator chegou à Europa em 2007 graças aos novatos americanos do Trivium, que o escolheram a dedo como convidado especial em sua turnê promovendo The Crusade. Para finalizar o giro pelo velho mundo, a banda-projeto de Jeff Waters teve no festival escandinavo uma chance de ouro, e, ao entrar no Zepellin Stage como headliner na quarta-feira, não a desperdiçou.

Promovendo o ótimo disco Metal, o Annihilator foi desconcertante. Logo de cara, duas músicas novas, "Operation Annihilation", cantada pelo próprio Waters, e "Clowns on Parade", com Dave Padden nos vocais, incendiaram a platéia. No entanto, mais ao meio do show é que a loucura apareceria para não sumir mais. Quando os primeiros acordes de "King of the Kill" foram executados, uma insanidade sem paralelos tomou conta da pista, que virou uma roda de pancadaria. E não faltaram "Refresh the Demon" e "Set the World on Fire" para manter a chama acesa, em meio a canções mais recentes de Schizo Deluxe, que não deixaram minguar o ritmo furioso, com Padden demonstrando ainda maior competência na guitarra, a qual tocava magistralmente, duelando em solos com o exímio dono da banda.

No entanto, o Annihilator clássico mesmo está presente nos dois insuperáveis primeiros discos. E "Never, neverland", "The Fun Palace" e "Welcome to Your Death" transformaram a pista em mais do que um mosh pit, uma autêntica celebração nostálgica. Para o bis, Jeff Waters desencavou a fantástica "Stonewall" e a voz daqueles velhos bangers, que há muito esperavam por um show da banda canadense começou a falhar, e acabou mesmo quando "Alison Hell" pôs fim a uma apresentação fantástica. Era ainda o primeiro dia do Sweden Rock e parecia já ter havia sido atingido o ápice.

*** Equipe do festival ***

Outro destaque é a equipe que compõe o Sweden Rock. Durante os shows, os seguranças não se preocupam apenas em tirar os corpos moribundos próximos à grade, mas também temem pela segurança do público, além de lhe oferecer regularmente garrafas de água para hidratação diante de um sol incansável que brilhava da primeira à penúltima banda do dia – apenas o headliner se apresentava à noite. No meio do show do Annihilator, quando o mosh pit começava a sair do controle e ganhar ares diferenciados de agressividade, foi até engraçado ver um segurança indo ao meio da pista pedir calma aos mais exacerbados. O mais estranho é que funcionou. Headbanger também é gente e, se tratado com carinho, colabora.

Mas o que acaba chamando a atenção mesmo é a beleza das seguranças. De repente, entre aquele monte de cabeludo imundo que se debate na pista e um bando de cabeludo um pouco menos sujo a tocar no palco, algumas suecas de belos dotes físicos distribuíam água para o público. Isso deveria ser alterado pelo bem dos fãs, pois havia muito marmanjo lá mal conseguindo olhar direito para o palco durante o show.

A limpeza do festival era constante. Sempre que um palco encerrava seu show, logo vinha uma equipe para retirar os lixos acumulados na pista. Até as catadoras de lixos eram de alto nível! Mais uma vez, o Sweden Rock presenteava seu público com suecas num padrão de beleza longe do que se costuma ver em eventos de rock.

2. U.D.O.

Existem carreiras solos responsáveis por carregar adiante a chama das bandas originais encerradas. O U.D.O. sempre foi assim. Não importa quão alto fosse o nível dos discos lançados, seus shows sempre foram uma celebração do saudoso Accept, compreendendo a maior parte do setlist do show do baixinho feioso, cujo grupo ainda conta com o ex-baterista Stefan Kaufmann, nas guitarras. Mal ou bem, para uma geração que não pôde ver os lendários alemães, era uma espécie de compensação.

A grande surpresa dessa apresentação no Sweden Rock foi que, dessa vez, Udo Dirkscheneider e seu projeto quase homônimo preferiram dar ênfase à carreira solo do baixinho. Diga-se de passagem, belíssima supresa! Afinal, a maior parte de seus discos é fantástica. Assim, já abrindo com "Mastercutor", faixa-título do novo álbum, o refrão cativante de "24/7", a clássica "Independence Day" e a balanceada "The Bullet and the Bomb", não havia como reclamar da ausência de clássicos do Accept.

Mas, claro, não ia faltar pelo menos alguma coisinha da ex-banda. "Restless and Wild", emendada a "Son of a Bitch" marcou presença, assim como as empolgantes "Princess of the Dawn" e "Metal Heart" puseram o público a cantar junto. Outra clássica de sua carreira solo, "Animal House" fechou a primeira parte do show com primor. O bis veio com a cativante "Holy" e o sempre presente e indispensável hino "Balls to the Wall", com uma participação especial de Ryan Roxie (ex-Alice Cooper).

Um show redentor que vem a provar como U.D.O. é de altíssima qualidade e não precisa viver nas sombras do Accept. Se isso acaba ocorrendo, é porque pouquíssimas bandas de metal podem competir em pé de igualdade com uma herança tão primorosa. E felizmente Udo Dirkschneider e Stefan Kaufmann conseguem manter esse legado vivo e nos brindar com material novo de qualidade.

*** A atmosfera do Sweden Rock Festival ***

Talvez o que o Sweden ofereça de melhor, além da grande quantidade de bandas de alto escalão com duração de sets decente para se apresentar, é uma atmosfera de férias na praia sem igual em festivais europeus – ainda mais quando o tempo colabora, como nessa edição de 2007, sem uma nuvem durante os quatro dias. Isso fica mais evidente em momentos nos quais não há nenhuma banda que chame lá muito o interesse – obviamente, não no caso de quem vai cobrir o festival sozinho! –, ou em raras ocasiões para os fanáticos pelo metal em geral.

Ao chegar do sábado, o último dia de festival, a paciência para shows medíocres vai se esgotando conforme o cansaço pela maratona dos dias anteriores começa a falar mais alto. E, assim, nada mais gostoso do que simplesmente se sentar na grama e deixar o som da banda da vez se tornar fundo musical para apenas uma conversa com os amigos, ou uma tranqüila e não apressada refeição, até que chegue o momento de ver algum outro grupo mais interessante. Dependendo do grau de esgotamento, é até possível tirar um bom cochilo, como se estivesse na praia, torrando sob o sol.

Todo esse clima sereno é responsável por fazer com que muito headbanger já longe da flor da idade leve a família inteira ao festival. Por isso, muitas crianças fazendo piquenique têm sua iniciação no rock assistindo a shows que nós, brasileiros, desejamos há muitos e muitos anos e talvez jamais consigamos ver. Impossível não sentir uma inveja tremenda.

1. Scorpions

A última banda. Sábado, onze e meia da noite. Os demais palcos já eram desmontados enquanto o público sueco se preparava para ver mais uma vez um gigante do rock’n’roll, de volta ao Sweden Rock Festival após três anos. Com disco novo na bagagem, os veteranos alemães do Scorpions prometiam uma apresentação especial: um set contendo a participação do lendário ex-guitarrista Uli Jon Roth.

No início, tudo correu como de costume, com boas músicas de Humanity – Hour 1 e de Unbreakable, além de alguns clássicos, como "The Zoo", "Holiday" e "Coast to Coast", naquele bom e velho clima de rock’n’roll em que todos os já iniciados em show de Scorpions já estão bem acostumados e sempre ficam felizes ao presenciar de novo. Depois da sempre sacal, mas bela pela participação efusiva do público, "Wind of Change", chegou o momento tão esperado.

Obviamente, o Scorpions com Uli Jon Roth é bem diferente da banda que estourou mundialmente nos anos 80. Talvez por isso, a animação dos músicos no palco tenha mudado por completo ao tocar clássicos tão inestimáveis como "Pictured Life", "He’s a Woman, She’s a Man", "We’ll Burn the Sky" e a épica "Fly to the Rainbow", quando Roth assumiu os vocais. Talvez, também, seja por uma pontinha de ressentimento, pois são essas músicas, de uma fase atualmente esquecida pela banda, as responsáveis por tornarem esse set no Sweden Rock Festival algo tão especial.

Terminada a parte mágica de Uli Jon Roth, tudo voltou ao normal. Aquele Scorpions fogoso e empolgado estava no palco mais uma vez, e hit atrás de hit era executado, só interrompido por um solo de bateria bastante insosso. Quando "Blackout", "Big City Nights" e "Dynamite" puseram fim ao set regular, já não sobravam dúvidas de que, seja pela fase cultuada ou pela outra comercializada à exaustão, o show havia sido sensacional, e só faltava aquele final padrão, mas sempre desejado.

E veio "Still Lovin’ You", o momento clichê para os casais apaixonados se beijarem e as menininhas desacompanhadas gritarem desafinadas com lágrimas nos olhos, enquanto alguns marmanjos fingem não gostar para não perder a pose. Quando a balada acabou, o público já se preparava para a usual despedida de Klaus Meine, anunciando que a banda não iria embora do Sweden Rock antes de "balançá-los como um furacão" – e tocassem "Rock You like a Hurricane".

Desta vez, foi diferente. O vocalista anunciou a volta ao palco de Uli Jon Roth e sua sky-guitar, enquanto "In Trance" foi tocada, para aí mexer de uma vez por todas com a alma dos aficionados pela era perdida nos anos setenta. A banda, mais à vontade, interagiu alegre com o ex-guitarrista, exceto Mathias Jabs, parecendo não esconder um certo ciúme, compreensível ainda que desnecessário. Então, veio o hit de Love at First Sting fechando a apresentação dos alemães e derrubar a pá de cal na edição do Sweden Rock de 2007.

Após mais de duras horas de show, quando rolava a tradicional saudação à platéia com os músicos abraçados, os alemães resolveram mais uma vez tocar a balada "When the Smoke is Going Down", como em 2004. Talvez não fosse o melhor jeito de encerrar uma apresentação tão fantástica e animada, mas parecia o perfeito fim de um festival a ficar guardado na memória, principalmente para os brasileiros presentes, que mal sabem se em 2008 terão condições de participarem de uma festa como essa de novo, mas têm consciência da impossibilidade de presenciar em sua terra natal tantos shows de alto nível ao longo de anos, quanto menos num espaço de quatro dias.

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Sobre Thiago Martins

Ainda se lembra de jogar Double Dragon no Master System ouvindo Metallica e Iron Maiden enquanto criança, mas o fanatismo pelo metal veio mesmo na adolescência. Depois de se formar em direito e jornalismo, passou uns tempos na Europa, onde descobriu seu amor por festivais. Desde então, vive a pão e água durante onze meses para passar suas férias realizando sonhos de ver suas obscuras bandas favoritas ao vivo. Além de sua barriga, os 28 anos de idade também expandiram seu gosto além das fronteiras dentro e fora do metal, mas reforçou paixões antigas por Savatage e Queensrÿche, entre tantos outros grupos de maior ou menor expressão. E, para aqueles que pensam que é pouco, é louco pelo Corinthians.
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