Pipoca TV: Culto ao passado sustenta os dinossauros do rock
Por Daniel Junior
Fonte: Pipoca TV
Postado em 28 de agosto de 2012
Bandas experientes promovem turnês e relançam discos que ainda estão em catálogo. Os leilões na internet agradecem
Não sei se vocês repararam mas há uma nova moda no mundo do rock: artistas agora fazem shows celebrando discos que foram produzidos. Tipo: o Guns n´Roses irá tocar o Apettite for Destruction na íntegra, o Metallica irá tocar o Black Album no próximo festival, o Green Day irá re-lançar seu terceiro disco – Dookie – em fita cassete. Acho que isso resume um pouco o atual estado do mainstream.
Se a gente estiver falando de indústria cultural, a gente vê que a reciclagem de um material milionário (sim, os exemplos acima venderam milhões de discos) denuncia, logo de cara, que a produção recente dos super-stars não agrada a própria indústria, não seduz tantos os fãs e ‘intima’ bandas a lembrarem que, por exemplo, o lançamento do disco tal faz 20 anos, que a turnê da disco X tem 30 anos e etc.
Separando as coisas: é bacana ver a banda revendo repertório. É um recurso genial para, principalmente, apresentar a uma nova geração, discos como Moving Pictures (no caso do Rush), com clássicos como Tom Sawyer e Limelight. Ficaria empolgadíssimo se pudesse assistir a turnê do The Number of The Beast (do Iron Maiden), na qual eu era muito novo para entender e acompanhar uma das minhas bandas preferidas.
No entanto, acho que fica por aí.
As bandas não fazem apenas turnês que celebram o que já foi celebrado, lançam o disco de novo. Quando a bolacha (apelido do LP) saiu de catálogo ou nunca saiu em CD, ok. É uma ótima oportunidade para colecionadores e fãs de possuírem o que até então não havia no mercado. O problema é quando a banda lança, o remaster, o duplo com lados b, o triplo com lados b e demos e depois o mesmo disco, só que em vinil. Daí, você pode ter um exemplar de um mesmo disco quatro vezes.
Ressalva seja feita: o material produzido no Brasil é MUITO inferior, quando se tem a oportunidade de obter um exemplar importado, não se pode perder. Isso não legitima lançamentos absurdos no mercado de discos que ainda se encontram em catálogo e que acabam virando (se a edição for limitada) moeda de troca na mão de alguns oportunistas dos leilões virtuais.
É possível ter grandes clássicos no presente?
O que torna um disco clássico é sua aceitação por seu público, seu teor unânime entre consumidores e crítica e óbvio, seu repertório ultrapassar os limites do seu próprio estilo, chamando atenção de outros artistas que talvez nunca ouvissem aquela banda com atenção, mas que em algum momento foi cativado por uma canção ou por um conceito.
… Mas, como surgirão clássicos se damos oportunidade ao passado? Ou melhor, só nos apresentam o passado como portfólio de qualidade? Basta uma mudança de formação na banda e os fãs torcem o nariz: "Banda tal sem fulano, pra mim acabou, ele era a alma do grupo"
Com isso digo que se as gavetas das lojas de discos estão cheias de álbuns que reverenciam o passado, se as bandas voltam a fazer turnês comemorando o que já foi comemorado, o motivo é simples: o público está entregue à nostalgia e hoje fico pensando se não estão com a razão aqueles que dizem que o conservadorismo exacerbado de boa parte do fã de rock não dá oportunidade para tantas e tantas bandas que surgem ao redor do mundo e que dificilmente alcançarão o status de outras, uma vez que a audiência está envolvida com os mesmos novos velhos discos de seus ídolos.
Um ciclo vicioso, que entre outras coisas, tem uma receita vencida para tentar safar a indústria fonográfica falida, desde o advento do mp3. Culpar a pirataria talvez seja um discurso vazio para tantas e tantas falhas na maneira como o artista lida com a própria obra. Quando não era ninguém olhava pro futuro e pra chance de ser alguém e quando virou alguém, olha pro passado pra lembrar seus tempos de glória. Afinal o querem eles?
twitter: @pipoca_tv
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