Imortais até que a ressurreição os enterre
Por Daniel Vilela Martins
Postado em 14 de março de 2009
Algumas bandas e músicos têm o privilégio, e a competência, de ser considerados lendas, de ter se tornado marcos na história musical do último século. Mas, infelizmente, alguns ícones colocam sua imortalidade à prova ao tentarem viver sob a sombra do passado. Isso fica claro quando bandas de inquestionável relevância tentam voltar a qualquer custo ao circuito musical.
A banda britânica Queen é um exemplo dessa busca pelo vulto de outrora. Em sua formação clássica, com Freddie Mercury nos vocais, Brian May na guitarra, Roger Taylor na bateria, e John Deacon no baixo, a banda conseguiu permear os anos 70 e 80 com uma sonoridade única, mesclando elementos melódicos e vibrantes em uma obra musical que fez e fará parte da vida de muitos.
Apesar de um fim anunciado em 1986, que se confirmou temporário; um fato irrevogável marcou o fim da formação original da banda: a morte do vocalista Freddie Mercury, vítima do HIV. Neste momento, em 1991, a morte de Mercury, potencializada por sua causa, uma vez que naquela época a AIDS era algo inominável e velado; uma prova disso é que Freddie só admitiu a doença algumas horas antes de falecer, cristalizou a imagem do Queen banda para sempre.
Esse fato, um ultimato para a progressão da banda, também a concedeu este título de nobreza, de imortalidade. Mas anos se passam, e o respeito pela obra do Queen não amarela ou encarde como um livro guardado por muito tempo; mesmo assim, os responsáveis por tal herança decidem revogar a lei temporal, e pior, põem em risco esse mito no qual a banda se tornou. O que leva esses senhores a tentar reviver algo que é atemporal, mas que só o será enquanto permanecer intocado?
O que vemos agora é uma outra banda, com o guitarrista Brian May, o baterista Roger Taylor, e o vocalista - Paul Rogers. O que se questiona aqui não é a escolha e a competência desse ex integrante do Free, mas como seu nome e identidade complementam o nome e identidade da banda Queen.
Qual a necessidade de colocar uma lenda à prova? Uma resposta plausível seria a necessidade que os integrantes ainda nutririam de permanecerem como parte de algo gigantesco e marcante. Mas somente um Queen assim o foi, e ele ficou no passado. Brian May e Roger Taylor tem todo o direito e talento para continuar suas carreiras musicais, mas não sob a chancela de algo que deveria estar cristalizado, o nome Queen.
Outra banda que pode estar seguindo pelo mesmo caminho é o Led Zeppelin, ou melhor, o que foi o Led Zeppelin. Jimmy Page e John Paul Jones, juntamente com Jason Bonham, filho do falecido baterista da banda, John Bonham, causaram ondas de excitação e desconfiança ao expressarem a vontade de ressuscitar a banda, após uma única apresentação realizada em 2007. Mas o perigo maior está na resistência à idéia apresentada pelo vocalista Robert Plant, o que nos faz prever um cenário parecido com o do novo Queen. A ressurreição em forma de um novo Led Zeppelin poderia, mais uma vez, significar o esvaecimento de mais uma lenda musical.
O apelo que fica é esse: vamos preservar nossas lendas. Não podemos deixar ambição, oportunismo ou egocentrismos destruírem legados que, se valorizados e preservados, serão sempre atemporais e permanentes. Somente dessa forma continuaremos presenciando o primeiro olhar de curiosidade de um garoto ao encontrar em meio a alguns discos do pai, uma capa estampada com uma logo guardada por dois leões ferozes, ou outra com a imagem de um dirigível pairando pelos ares.
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