Disco autêntico? Só os bootlegs
Por Mário Pacheco
Postado em 21 de maio de 2004
Equivalente ao estrondo da invenção da pólvora foi o disco-pirata. De imediato muitos perceberam o raio de ação e exclamaram: "pronto, furaram o sistema". Está aqui na Rolling Stone. Leia! Um tal de Larry Gutenplan, o inventor, foi preso no Village vendendo um punhado de cópias do bootleg "The Best of 67", com sucessos dos Beatles, Stones, The Doors e até os Monkees com "I’m a beliver". O disquinho custava 1 dólar e 79.
Ano passado surgiram os primeiros bootlegs em CD de bandas nacionais dos anos 70, sob a chancela "An Alternative God Production". Deus é pirateiro? Vendidos em loja.
Pesa o aspecto histórico e a devoção do fã na hora da aquisição. Fortes apelos para "explicar" a necessidade de preencher lacunas.
O que a indústria fonográfica do Primeiro Mundo fez?
Os Beatles foram resgatar faixas inéditas suas em bootlegs, para inserí-las no disco ao vivo da BBC e no projeto "Anthology". Jimi Hendrix, The Doors, King Crimson, The Who estão legalizando seus bootlegs. Em outubro de 2000, o Pearl Jam resolveu nocautear os piratas lançando 25 bootlegs duplos de uma vez só...
No caso do artista brasileiro é seguir esse exemplo e preservar um mínimo de recurso aos nossos depauperados roqueiros.
Grupos:
SOM NOSSO DE CADA DIA - "Bem no fim" (Ao Vivo)
CASA DAS MÁQUINAS - "Ao Vivo, Santos 1978"
MUTANTES/ARNALDO BAPTISTA - CDr.
SOM NOSSO, UMA LENDA DIGNA DO ROCK BRASILEIRO
"Bem no fim" (Ao Vivo)
De acordo, com o artigo "Som Nosso, uma história digna do rock brasileiro", da revista POP, o embrião do Som Nosso começou em 1973, quando Manito, ex-Clever, ex-Incríveis, ex-Mutantes, tentou partir para um esquema diferente, fundando uma banda de 12 músicos, o Bloco Barbala, para tocar exclusivamente em bailes, e que reunia músicos de conjuntos do interior de São Paulo até acadêmicas figuras vinculadas à Ordem dos Músicos.
Como nunca aconteceu um ensaio com a presença de todos, a banda reduziu-se para um quinteto, agora com o nome de Zapata, e dessa fracassada tentativa nasce o quarteto Som Nosso de Cada Dia: Pedrinho, bateria; Manito, teclados; Pedrão, voz, contrabaixo e Liminha na guitarra.
A formação desse "Bem no fim - 1976" é Pedrão, Pedrinho, Dino Vicente nos teclados e Egidio Conde na guitarra. Esse bootleg recupera a faixa "Rajada Runaway" com letra do poeta Paulinho Machado, o Capitão Foguete. Faixa incluída com outras composições suas no segundo LP de estúdio do Som Nosso e que nunca foi lançado pela Continental e trazia ainda Tuca nos teclados... Alô, Charles Gavin vamos encontrar esta fita antes...
A gravação do show é ótima e mostra um Som Nosso menos urbano e equilibrado com timbres de música brasileira, antecipando a jornada que os grupos progressistas brasileiros adotariam.
A CASA CAI
"Ao Vivo, Santos 1978"
Santos, 1978. Este show da Casa das Máquinas captura a agonia e a rápida desestruturação da banda. Os membros do grupo estavam sendo chamados de irresponsáveis, arruaceiros, deliqüentes. A banda veio de um supershow na Argentina, mas se desfizeram sete meses depois do crime.
É curioso escutar o vocalista Simbas ao lado da guitarra energética do Pisca, gritando agressivamente vamos agitar, bando de bundas-moles. É um show de rock. O pessoal daqui da frente não é bunda-mole! Não!
Dizem que existe outro tape com melhor qualidade, já na fila de espera...
Em 1977, o vocalista Simbas, do grupo que o baterista Netinho liderava, foi o pivô de uma briga na porta da Tv Record, que resultou em morte. Falou-se muito do assunto na época.
Versão popular: Vestido de maneira extravagante, Simbas não se conteve diante dos gracejos que lhe dirigiam algumas pessoas naquela oportunidade. Irritado, partiu para a briga. Um cabo-man (muito doente e que não poderia de forma alguma se envolver em brigas) da Record levou a pior no incidente e morreu dias depois.
Netinho, que nem sequer estava presente no momento da briga, quase não podia sair às ruas. Por um ano e meio Netinho ficou afastado da vida artística, num sítio em Itapetininga, a 200km de São Paulo. Plantando e cuidando da família...
Versão dos autos: O rebu todo começou na tarde de 18 de setembro de 1977, um sábado, quando o Casa se preparava para uma apresentação na Tv Record (SP). Momento antes do programa, na garagem da própria emissora, o carro de Simbas (Nivaldo Alves Hora) e um ônibus da Record bateram. O motorista João Luís da Silva Filho retirava da garagem um ônibus para gravações externas, auxiliado pelo Câmara Lucínio, que fazia sinais para orientar a movimentação do veículo. Na manobra, o ônibus esbarrou levemente num Opala, de onde saltaram os três músicos, reforçados pelo irmão de Simbas. Então, achando que o acidente fora proposital, Simbas passou a discutir e, depois a brigar com Lucínio de Faria, 35 anos, pai de cinco filhos. O grupo começou a agredir João Luís e Lucínio. Depois de ser espancado no pátio, o franzino Lucínio foi arrastado para um banheiro da emissora, onde continuou o massacre. Ao encerrar-se a surra, ainda recebeu a última ameaça do chefe da segurança da Record, Wadi Gragnani Dini: seria demitido se contasse à polícia sobre a briga na emissora. Espancado, Lucínio foi embora. Em casa, à noite, Lucínio exibiu os ferimentos ao filho Wilson, então com 12 anos, revelou o que ocorrera e explicou que não podia procurar nem a polícia e nem o hospital. Mas no dia seguinte a saúde piorou e ele precisou procurar o Hospital Bartira, em Santo André, onde 24 horas depois acabou falecendo, vítima de rompimento do fígado e duas costelas fraturadas.
Simbas alegou que foi agredido pelos funcionários da Tv e apenas tratou de se defender. Pra isso, contou com a ajuda do guitarrista Pisca (Carlos Roberto Piazzoli), Sidney Giraldi e seu irmão menor, de 17 anos, (Nélson Leandro Horas).
Em março de 1983 as testemunhas não se apresentaram e o próprio Wilson (filho de Lucínio) negou que o pai tivesse contado que a agressão fora praticada pelos músicos. Além de explorar essa falha, a defesa dos réus jogou toda a responsabilidade pelos golpes mortais no irmão de Simbas, Nélson, que era menor na época.
Graças a falta de provas, a defesa conseguiu absolver Pisca e Sidney. Simbas, por homícido culposo, foi condenado a um ano de prisão, mas beneficiado com sursis por ser primário. Os três continuaram em liberdade.
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OLHA O QUE O ARNALDO FAZIA NOS SHOWS DOS MUTANTES!
"Ao Vivo, Santos 1978"
Ibirapuera, último dia de maio de 1978. No tempo do confronto das calças boca-de-sino e das miniblusas, das sandálias melissas e camisetas hangten. Não foi por falta de material inédito e próprio que os Mutantes entraram na onda do Revival. As apresentações dos Mutantes na década de 70 sempre foram mágicas. Nessa apresentação no Ibirapuera, os Mutantes resgataram o repertório da primeira fase, trouxeram Betina para os vocais e Arnaldo Baptista para a overture dos shows. Uma oportuna resistência à moda disco ao punk e infelizmente, os Mutantes sucumbiram no meio do caminho sem levar a frente pelo menos em discos o caminho natural de unir seu virtuosismo aos acordes conhecidos da música brasileira. Em estágio posterior os roqueiros foram acompanhar as estrelas da MPB.
Este Cdr traz uma raríssima gravação ao vivo de Arnaldo Baptista ao piano acústico. Arnaldo brilha em sua luz própria. A luta secular do artista e do público e a superação. Seus temas elétricos agora acústicos. Além da execução das peças do clássico "Lóki?", Sérgio Dias e Betina se juntam a Arnaldo na recriação caipira da "Balada do louco". Bem que essa apresentação poderia vir como CD bônus no relançamento do Lóki? Que o sonho se realize....
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