Humaitá Pra Peixe marca 10ª edição lançando selo
Fonte: Terra Música
Postado em 22 de dezembro de 2003
Cecilia Gianetti
Quando se fala em Humaitá Pra Peixe, inevitavelmente vêm à tona trocadilhos com o nome do festival e seu longo histórico de apoio a talentos em início de carreira: para citar alguns, Pato Fu lançou seu primeiro disco pela BMG no festival e Seu Jorge e Pedro Luís e a Parede foram destaques do evento antes de caírem nas graças do grande público.
Emplacando a décima edição em 2004, o HPP manterá suas características principais, mas vai expandir o seu raio de ação. Em janeiro, quem aparecer para conferir os shows no Espaço Sérgio Porto receberá um single com quatro músicas de artistas que fazem parte do mais recente desdobramento do festival: o selo Cardume. A boa cantora Thalma de Freitas, conhecida da Orquestra Imperial; o som punk-rock mélódico do Jimi James, China (ex- integrante da pernambucana Sheik Tosado, que mistura ritmos regionais e rock) e o brasileiríssimo Bangalafumenga são os escolhidos para inaugurar o selo, que terá distribuição feita pela gravadora EMI a partir de março, quando cada um lançará um CD individual de seis faixas (conhecido na indústria como EP).
"O Humaitá Pra Peixe já consolidou um formato e uma imagem; agora temos que saber crescer", diz Bruno Levinson, produtor do evento.
Isso não significa abandonar o centro cultural que abriga o festival desde 1994: "Não pretendo sair do Sérgio Porto. Minha idéia é conquistar novos espaços sem perder os já conquistados."
A Melt é uma das casas incluídas nas novas empreitadas do Cardume: com o HPP ocupando as terças e quartas-feiras do Sérgio Porto em janeiro, a boate do Leblon terá festa do selo comandada pelo rapper BNegão (Planet Hemp) e convidados todas as segundas-feiras. Completando a invasão, no dia 3 de fevereiro, o festival fará seu encerramento no palco do Canecão, com direito à apresentação do Pato Fu para fechar a noite. A expansão continuará em 2005, com planos de levar shows também a Niterói.
"Meu sonho é realmente ocupar a cidade", conta Levinson. Ou, quem sabe, várias cidades. Reunir estreantes em um selo permite ao produtor estender para além do verão carioca os efeitos do festival: com o HPP apontando novos nomes no palco do Humaitá a cada janeiro, o Cardume divulgará os artistas em shows o ano todo, em outros estados.
"Estou buscando patrocínio para o Cardume. Com a verba esperamos fazer um grande circuito estudantil pelo Brasil e produzir videoclips."
Freqüentadores do HPP há cerca de seis anos, o baterista Alexandre "Velho", o guitarrista Ênio e o baixista Christian estavam presentes no Sérgio Porto quando a Pointdexter (extinta em 1999, após um ano no elenco da EMI-Odeon) apresentou-se no festival. Não imaginavam, na época, que iriam se reunir ao vocalista da banda, Vital Cavalcante, para formar o Jimi James, hoje contratado pelo Cardume e distribuído pela EMI.
"Foi um ano produtivo com a EMI, fizemos muitos shows, clipe, viajamos... mas lá a Poindexter era só mais uma banda" conta Vital. "No Cardume, todas as atenções do dono do selo estão voltadas para quatro bandas."
Para o vocalista, a situação é mais promissora, uma vez que o grupo será trabalhado em nichos certos (shows e festas universitários, por exemplo). "Deixamos de ser o rabo do tubarão pra ser a sardinha."
Velho, o baterista, completa: "No Cardume, não sofremos aquela pressão de vender 1 milhão de cópias na primeira semana. O nosso objetivo é construir uma carreira sólida. Só estamos trabalhando com pessoas que acreditam no selo e nas bandas. Desde já existe um envolvimento pessoal, o que é fundamental para o sucesso."
O público vai poder conferir ao vivo o repertório do Jimi James no dia 20 de janeiro. O EP que lançarão no festival, Não Feche os Olhos, foi produzido por Rafael Ramos (Raimundos, Pitty). Para a banda, tem uma vantagem no mercado: por ser um EP de seis faixas, o preço final do produto deverá ficar abaixo da média. Outra que elogia a estratégia do Cardume é Thalma de Freitas, que compara a passagem pelo selo com experiências antigas: "Já estive em uma gravadora grande, a Sony Music, de 1996 a 1999. Fiquei na geladeira por três anos. Não foi uma experiência muito legal", confessa.
Conhecida da TV por suas atuações nas novelas O Clone e Kubanakan, a atriz não estava planejando investir na carreira musical agora. As apresentações junto com a Orquestra Imperial impediam que enferrujasse a voz de cantora. Ela pretendia permanecer assim, até ouvir as idéias do amigo Bruno Levinson para o selo.
"Eu me senti segura em relação a trabalhar com música e a fazer um disco agora."
Thalma vai se apresentar no dia 28 de janeiro com uma banda que inclui seu pai, o maestro Laércio de Freitas ao piano, Wilson das Neves na bateria e Bebeto (Tamba Trio) no baixo. Ela define seu som como "música sofisticada com grande carga emocional". Seu EP foi produzido pela dupla Berna Ceppas e Kassin, este último, seu companheiro de Orquestra Imperial.
A cantora integra uma tendência inédita no HPP; pela primeira vez, o festival conta com mais artistas solo que bandas: são nove solo contra cinco grupos e um duo (o Superágua). Além disso, outra curiosidade: fazem parte do elenco do festival dois novíssimos baianos - Pedro Baby, filho de Baby Consuelo e Pepeu Gomes, e Ari Moraes, irmão de Davi e também filho de Moraes Moreira.
Outros que se apresentarão com bandas de apoio são o baiano Quito Ribeiro, Rubinho Jacobina (acompanhado por Domenico Lancellotti e Pedro Sá, entre outros), China (ex-Sheik Tosado, de Recife), Nise Palhares (cantora niteroiense comparada à Ana Carolina), o DJ Marcelinho da Lua (trabalhando seu primeiro CD solo, Tranqüilo, sem o grupo Bossa Cuca Nova) e o rimador Marechal, que aparecerá no palco do Sérgio Porto com sua trupe habitual de convidados para uma noite de hip hop.
Com tantos artistas para lançar no mercado, Bruno Levinson mantém o foco nos primeiros lançamentos do selo - mas sem esconder outra ambição: "Tenho certeza que o selo vai abrir portas para estes artistas não só no Brasil, mas também no exterior."
Confira as atrações do festival, toda terça e quarta de janeiro, no Sérgio Porto:
6/01 - Hip hop com Marechal e seus "considerados" rimando no improviso.
7/01 - De Recife, o som de China, ex-vocalista do Sheik Tosado; depois, Pedro Baby (filho de Baby e Pepeu), da turma de Davi e Ari Moraes.
13/01 - Noite rock com Rubinho Jacobina acompanhado de Domenico Lancellotti e Pedro Sá; fechando, Nervoso canta amores e ciumeira com peso e punch.
14/01 - Outro novíssimo baiano: Ari Moraes, filho de Moraes Moreira; na seqüência, Acabou La Tequila, que tem entre seus fãs os Los Hermanos.
20/01 - Abertura com EMO, que grava seu primeiro disco com Dado Villa-Lobos (EMI). Depois é a vez de Jimi James, lançamento do selo Cardume.
21/01 - Da Bahia, Quito Ribeiro estréia no Rio mostrando o que registra em estúdio com o produtor Chico Neves. Bangalafumenga, outra do Cardume, fecha a noite.
27/01 - Integrante do Bossa Cuca Nova, Marcelinho Da Lua mostra seu primeiro CD solo, Tranqüilo, com a banda Tranqüilo Sound System. O duo eletrônico Superágua é a outra atração da noite, tocando house.
28/01 - Comparada à cantora Ana Carolina, a niteroiense Nise Palhares mostra repertório pop antes da atriz e cantora Thalma de Freitas (Orquestra Imperial).
Segundas-feiras de janeiro - na Melt (R. Rita Ludolf, 47), festa do selo Cardume comandada por BNegão.
3/2 - O Canecão vai abrigar a festa de encerramento com artistas que passaram pelo festival e hoje são sucesso.
JB Online
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