Entrevista com Hetfield: Olhando o passado
Fonte: Metal Remains
Postado em 11 de março de 2004
James Hetfield admite que a pessoa que ele era quando começou o Metallica, no ínicio dos anos 80, não teria uma opinão respeitosa sobre os roqueiros mais antigos que o Metallica é atualmente.
"Eu, com 18 anos, teria olhado para nós (atualmente) e falado, 'Quer saber, desistam. Desencanem. Saiam da frente porque eu estou chegando. Nós passaremos," disse Hetfield por telefone recentemente, de sua casa em San Rafael, California, EUA. "Era uma atitude típica da jovens e de rebeldia."
E foi justamente essa atitude que nos ajudou a levar o Metallica ao topo do mundo do heavy metal e influenciar inúmeras bandas.
Mas foi essa mesma atitude que quase causou a auto-destruição da banda. Os últimos anos não foram generosos com o Metallica. Houve o caso Napster, que alienou fãs ao processar o programa de compartilhamento gratuito de músicas.
Houve então a tentativa de fazer um making of de "St. Anger", que seria o primeiro álbum de estúdio da banda após o ReLoad, de 1997.
Mas houveram problemas com a saída do Jason Newsted e a eterna batalha de James com o álcool, o que o forçou a entrar em uma clínica de reabilitação. A banda - incluindo Lars Ulrich e Kirk Hammett - até foram a terapias em grupo juntos. Newsted foi então substituído por Rob Trujillo, ex-Suicidal Tendecies.
Além disso, a banda concordou, antes de gravar "St. Anger", que dois diretores, Joe Berlinger e Bruce Sinofsky, gravassem todos os casos sórdidos. O resultado é o documentário "Metallica: Some Kind os Monster", que estreiou na edição de 2004 do Sundance Film Festival.
"Isso começou como uma ferramenta promocional," disse Hetfield. "Nós íamos gravar o making of deste álbum. Mas assim que Jason saiu e eu passei pela clínica de reabilitação, cara, acabou se tornando mais sobre relacionamento na banda do que sobre música. É muito mais sobre sobreviver e enfrentar nossos demônios."
Hetfield disse que o Metallica chegou bem mais perto de se separar do que as pessoas pensam.
"O processo se tornou uma grande revelação, um aviso para acordarmos," disse ele. "Nós chegamos a conclusão de que o Metallica poderia acabar, e isso foi um grande choque para nós todos. Todas as nossas identidades nos últimos 22 anos foram misturadas no Metallica e todo esse gosto e liberdade e todas essas coisas que vieram com isso. Nós aprendemos que tínhamos que ser real com nós mesmos."
Mas evolução pessoal dificilmente é fácil.
"Eu assisti o filme e me encolhi," disse ele. "Eu penso, 'Meu Deus, aquele sou eu e eu realmente quero que o mundo me veja assim?' Agora, eu tenho uma visão melhor de como as pessoas me vêem e como se sentem comigo quando estou sendo difícil, cabeça-dura ou insistente com algo. Isto realmente abriu nossos olhos para nós mesmos. É um grande espelho, e felizmente isto mostrará ao mundo que há humanos por trás desse machismo e a grande máquina que o Metallica é.
"Parte de mim está com medo de deixar o mundo ver como realmente somos. A outra parte está dizendo o quão bom será as pessoas me conhecerem de verdade. Eu sempre quis isso, mas tinha medo. E ainda existe uma parte de mim que adora estar guardada, na defensiva e intimidada para que eu não precise falar com as pessoas."
Mais de 1600 horas de filme foram gravadas por Berlinger e Sinofsky, premiados com o doumentário "Brother's Keeper", de 1992, o filme "Paradise Lost: The Child Murders at Robin Hood Hills" e a continuação "Paradise Lost 2: Revelations".
Hetfield disse que confiar nos diretores foi difícil, mas essencial.
"Nós amamos o trabalho deles, então sabíamos que eles seriam capazes. Mas algumas vezes você simplesmente não quer uma câmera na sua cara, gravando tudo que diz e faz. Porque você sabe que será nós. Nada será tirado porque alguém agiu como um idiota ou fez algo estúpido. Não havia nenhum roteiro."
Apesar de sua apreensão em se revelar ao mundo, Hetfield disse que está grato pela posição que está em sua vida - tanto profissional quanto pessoal. Hetfield é casado e tem três filhos, todos menores de 10 anos.
"Isto me parece como uma segunda chance," disse ele. "Eu me sinto totalmente limpo, sem névoas e dentro da realidade no momento e, eu devo dizer, me sinto bem por estar aqui."
E apesar dele estar em um ambiente diferente do que estava quando começou "St. Anger", ele disse que o álbum serviu como uma grande válvula de escape para a banda.
"Quando começamos, tínhamos mais um som do tipo do 'Load/ReLoad'. Mas quanto mais explorávamos, mais queríamos tocar coisas rápidas de novo. Nós deixamos de lado todas essas coisas e começamos a nos sentir vivos novamente. E tocar rápido é uma extensão natural nossa para nos sentirmos vivos, por alguma razão. Então o álbum acabou se tornando muito mais brutal do que deveria ser originalmente."
Hetfield disse que raiva sempre foi uma força que controla sua vida. Foi apenas recentemente que ele aprendeu a lidar com isso de maneira mais produtiva.
"Quando estava totalmente alienado ou isolado quando criança, a música falava por mim. Quando eu perdi meus pais no colegial, eu estava com tanta raiva - e eu nem sabia disso - que eu engoli isto e isto eventualmente iria voltar, geralmente direcionado a uma banda ou a um membro da família. Eu tive que olhar em minha raiva, enfrentá-la, ver o porquê, de onde vinha e como enfrentá-la. Eu também aprendi que está tudo bem em estar com raiva, desde que isto não esteja direcionado a alguém com a intensão de machucá-lo."
Hetfield disse que a banda terá um merecido descando no final do ano, para finalmente retornar ao estúdio na próxima primavera. Depois disso, não se sabe o que acontecerá.
 
"Quando chegar a hora de parar como Metallica, nós poderemos ou não saber. Mas está a nosso cargo isso. E desde que possamos escrever e criar úsica, isto não parará. Isto é algo que é uma grande parte da minha vida e uma grande sensação de satisfação."
Entrevista original em inglês: AllMetallica.com
Tradução: MetalRemains.
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