Pink Floyd: a atmosfera "Division Bell"
Por André Floyd
Fonte: Free Four
Postado em 31 de maio de 2014
Press-release - Clique para divulgar gratuitamente sua banda ou projeto.
Na semana passada foi amplamente noticiado o vindouro lançamento do boxset comemorativo pelos 20 anos do álbum "The Division Bell", o último de estúdio do Pink Floyd, lançado no primeiro semestre de 1994.
Naquela época o Floyd passava por um processo de "ressurreição". Embora isso de fato se deu no álbum anterior, Momentary Lapse Of Reason", de 1987, quando David Gilmour convocou Nick Mason e Richard Wright para o retorno às atividades após o "corte final" dado por Roger Waters no seu quase álbum solo, "The Final Cut".
Ao passo que na década de 80 os desgastes com o rompimento, ações judiciais e projetos solo estavam presentes, na década de 90 tudo isso já estava resolvido, o que gerou uma calmaria propícia para a elaboração e composição de "The Division Bell".
No âmbito floydiano pós-Barrett, a dupla Waters/Gilmour centralizou toda a essencia verbo-musical do grupo (até Waters ir ficando cada vez mais dominador), em "Division Bell", o fã pode redescobrir uma nova dupla de comando: Gilmour/Wright, Wright que volta aos vocais e finalmente retorna às composições.
Em praticamente metade do álbum, Polly Samsom, a Sra. Gilmour, assinou as letras, o produtor Bob Ezrin e o saxofonista Dick Parry, profissionais afins ao Floyd desde à década de 70, favoreciam o tom nostalgico da obra.
Nostalgia. Palavra interessante em se tratando do álbum mais recente de vinte anos atrás de uma banda que está chegando nos cinquenta.
Mas é aí que quero chegar. "The Division Bell" me fez matar saudade do velho Pink Floyd em 1994 e o retorno dele às manchetes devido ao boxset o faz novamente.
Um álbum em que a inicial e deslumbrante instrumental "Cluster One", ilustra totalmente o que supra citei: a nova dupla Gilmour /Wright nos lemes da banda, teclado e guitarra deslizando durante a canção, inciando a viagem atemporal, tendo como foz a "embluesada" "What Do You Want from Me" que nos tira do transe inicial e crava na nossa mente: o Pink Floyd é foda.
"Marooned", a quarta música do álbum, poderia perfeitamente levar o nome da banda, assim como outras bandas tem músicas com seu nome. Se a música Black Sabbath praticamente sintetiza o que é a essência sabática da banda, "Marooned" assim o faz no Pink Floyd, melodia enebriante, um mergulho no rock progressivo, transcendendo o tempo. O pedal que Gilmour usou no solo, simulando o canto das baleias em alto mar é uma das coisas mais belas que já se fez na música. Merecidamente a música ganhou um clipe que integrará esse novo boxset.
A temática da ruptura e necessidade de comunicação coloca a obra no rumo certo. Além da própria banda ter vindo de conflitos com Roger Waters, o cenário pós queda do muro de Berlin, conflitos eslavos, Guerra Fria e, evidentemente, as divergências internas do parlamento britânico, que inspirou inclusive a capa, com as esculturas simbolizando os sinos da divisão do parlamento. O Pink Floyd há muitos anos era uma banda com antenas politizadas, e aqui não foi diferente.
A nona música, "Keep Talking", trouxe algo tocante: a voz sintetizada do gênio da astrofísica, o Professor Stephen Hawking, que sofre de esclerose lateral amiotrófica, servindo de refrão, numa mensagem que fora utilizada num comercial de empresa telefônica inglesa, nessa música, essas palavras eram propícias, perfeito.
"For millions of years, mankind lived just like the animals. Then something happened which unleashed the power of our imagination. We learned to talk. And we learned to listen. Speech has allowed the communication of ideas, enabling human beings to work together. To build the impossible. Mankind's greatest achievements have come about by talking. And it's greatest failures by NOT talking. It doesn't have to be like this! Our greatest hopes could become reality in the future. With the technology at our disposal, the possibilities are unbounded. All we need to do is make sure we keep talking."
Tradução:
"Por milhões de anos, a humanidade viveu como os animais. Então aconteceu algo que desencadeou o poder da nossa imaginação. Nós aprendemos a falar. E nós aprendemos a ouvir. A fala tem permitido a comunicação de idéias, permitindo aos seres humanos trabalhar em conjunto. Para construir o impossível. As maiores conquistas da humanidade surgiram em decorrência da fala. E os maiores fracassos pela falta dela. Não precisa ser desta forma! Nossas maiores esperanças poderiam se tornar realidade no futuro. Com a tecnologia à nossa disposição, as possibilidades são ilimitadas. Tudo o que precisamos fazer é garantir que continuemos conversando."
Para encerrar o trabalho magistralmente, a última "High Hopes" dá a mensagem do álbum no título e na melodia, uma das melhores músicas do Pink Floyd, tanto em letra como em som, passou a ser executada em todos os shows da banda e posteriormente nas apresentações solo de David Gilmour, com aquele solo grande e "divagador" finaliza a música e aqui também o disco.
Lembro que na época do lançamento no Brasil, a extinta TV Manchete passava um comercial desse álbum e o slogan era: "O tempo vai parar quando você ouvir The Division Bell".
Felizmente o tempo parou mesmo por diversas vezes para mim e creio que para os outros fãs do grupo, e hoje vinte anos depois, é bom sentir o ar "Division Bell" pairando novamente na atmosfera floydiana.
Aguardemos o boxset.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



As músicas do Iron Maiden que Dave Murray não gosta: "Poderia ter soado melhor"
"Guitarra Verde" - um olhar sobre a Fender Stratocaster de Edgard Scandurra
As duas bandas que atrapalharam o sucesso do Iron Maiden nos anos oitenta
A banda brasileira que está seguindo passos de Angra e Sepultura, segundo produtor
Ramones e a complexidade técnica por trás da sua estética
Como foi para David Gilmour trabalhar nos álbuns solos de Syd Barrett nos anos 1970
O filme de terror preferido de 11 rockstars para você assistir no Halloween
A única música do Led Zeppelin que Geddy Lee conseguia tocar: "Padrão repetitivo"
A banda que deixou o Rage Against The Machine no chinelo tocando depois deles em festival
Valores dos ingressos para último show do Megadeth no Brasil são divulgados; confira
"Ace Frehley não teve qualquer influência sobre mim", diz George Lynch
A música favorita de todos os tempos de Brian Johnson, vocalista do AC/DC
O guitarrista que Steve Vai diz que nem Jimi Hendrix conseguiria superar
Mais um show do Guns N' Roses no Brasil - e a prova de que a nostalgia ainda segue em alta
Inferno Metal Festival anuncia as primeiras 26 bandas da edição de 2026
Sarcófago: pioneirismo, polêmica e death metal
Os álbuns que Andreas Kisser mandou Derrick Green tirar pra ser guitarrista do Sepultura
O ponto fraco de Yngwie Malmsteen segundo Ronnie James Dio, em 1985


O artista que Roger Waters diz ter mudado o rock, mas alguns torcem o nariz
Cantor brega Falcão conta a Danilo Gentili treta com Roger Waters do Pink Floyd
O primeiro álbum do Pink Floyd que David Gilmour chamou de "obra-prima"
O disco de prog que Ian Anderson disse que ninguém igualou; "único e original"
3 bandas clássicas que felizmente mudaram de nome antes de fazer sucesso
O álbum do Pink Floyd que David Gilmour acabou detestando por causa do Roger Waters
David Gilmour responde se voltará a trabalhar com Roger Waters no Pink Floyd
O famoso solo que David Gilmour jamais começa diferente; "Parece tolice não fazer isso!"
Os 11 álbuns prog preferidos de Geoff Downes, tecladista do Yes e Asia
Roger Waters x David Gilmour; Nick Mason revelou quem foi o culpado da treta



