Boa Nova Ventura: disco que une a sonoridade à palavra
Por Boa Nova Ventura
Postado em 19 de março de 2015
O músico Hugo Durães mergulha sem medo no universo da experimentação sonora e da poesia para apresentar o projeto Boa Nova Ventura, uma porta aberta à renovação do ato de compor
Idealizada pelo compositor pernambucano Hugo Durães, banda Boa Nova Ventura surge como um caminho alternativo às massacrantes pressões exercidas pelo cotidiano. Em março de 2015, o grupo lança o primeiro disco de carreira, o EP Abstracto, que contempla seis composições originais. Gravado em três estúdios do Recife, o álbum sintetiza uma gama de significados, situados entre a clássica estrutura da canção e a inesgotável busca pela experimentação sonora livre.
Um aspecto particular à obra é que Abstracto foi composto ao longo de toda a vida de Durães, que somente há dois anos entrou em estúdio para produzir o disco. Foi a partir do garimpo de um volumoso emaranhado de progressões harmônicas, poesias e melodias que surgiram as seis faixas que dão a cor e a forma do álbum. Esse processo de seleção e amadurecimento musical, porém, foi acompanhado de perto pela dupla de produtores Roberto Kramer (Team.Radio; Panda Eyes) e Rafael Borges (Dead Superstars; Panda Eyes). A masterização ficou por conta do gringo Roger Seibel, que trabalhou com nomes como Bill Callahan, The Cardigans, Cat Power, Pavement, Jon Spencer Blues Explosion e Yo La Tengo. O estúdio Fábrica, em Pernambuco, também participou do processo.
E, embora sonoramente o disco trilhe um caminho equilibrado, onde cada elemento presente nas composições consegue encontrar o espaço adequado, a poesia é algo evidente em toda a obra. Uma reverência ao pleno estado de espírito atribuído ao sonho (Tantos mundos de imaginação/Tão eternos quanto os que não são/Então o desejo realiza/Por toda essa vida/Uma eterna tentativa/Apenas pra sonhar; de Sonho sem fim), ou a contemplação da passagem do tempo através do nascer e pôr do sol (Dá-se da janela do meu quarto/ Nasce mais uma vida num retrato; de Vem) são temas que ajudam a compreender o lirismo de Abstracto.
Ao longo dos dois anos de produção dedicados à elaboração estética de Abstracto, cujo projeto gráfico é de autoria do artista/designer Rodrigo Maia, Durães ainda contou com o auxílio de uma banda, que, ao lado dele, gravou todos os arranjos presentes no disco. Formada também pelo baixista Tiago Araújo (Parafusa; Profiterólis), pelo baterista Lucas Bezerra (Amsterdam) e pelo guitarrista Fernando Athayde (Yeti), Boa Nova Ventura é o despontar de um processo criativo cujo único objetivo é desbravar os horizontes que repousam sob o ato de compor as próprias canções.
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