Rock Progressivo Italiano: sexto passeio pelo sub-gênero
Por Roberto Rillo Bíscaro
Postado em 29 de setembro de 2015
Em nosso quinto passeio pelo RPI (link ao final da matéria), chegamos de raspão ao século XXI, conhecendo o álbum La Crudelitá di Aprile, do Unreal City. Nosso passeio de hoje será menor – apenas 2 álbuns – e apenas no século atual. Conheceremos outro álbum do Unreal City e uma preciosidade do La Coscienza di Zeno.
No ocupado underground, dificilmente passa semana sem lançamento italiano. Edições limitadas de selos minúsculos, mas hoje há a possibilidade de disponibilizar via streaming/digital download então, dá pra conhecer bastante coisa no Soundcloud, Bandcamp, Youtube e quejandos.
O parmesão Unreal City voltou no começo de 2015 com Il Paese del Tramonto, seu 2º trabalho. 7 faixas compõem o longo CD, que tem na Overture: Obscurus Fio seu momento mais curto: 5 minutos. Há fãs prog que vão direto na faixa mais longa, atrás de viagem sinfônica, psicodélica, seja qual for seu sub-sub-gênero favorito. Desaconselho tal procedimento neste caso. Ex Tenebrae Lux encerra o álbum com seus mais de 20 minutos meio sem graça e chatos! Se a gente vem das outras faixas até pode funcionar pelo contexto, mas sozinha a suíte não decola.
Il Paese del Tramonto proporcionará muito prazer a fãs de sinfônico nas 4 ou 5 faixas iniciais, que trazem bastante influência de prog europeu continental da segunda metade dos anos 70. Confira como os teclados lembram o alemão Eloy. A guitarrista Francesca Zanetta tem mais destaque do que no trabalho anterior. A guitarra fumega e plange em distintos timbres. Essa novidade foi muito boa, porque o álbum equilibra bem pra quem curte chuvas torrenciais de teclados vintage ou solos guitarreiros. Desse modo, a peteca não cai nas primeiras faixas, que, antes de serem complexas, são muito mutáveis. A alteração de ritmos e andamentos dá falsa ideia de complexidade; na verdade, são diversos longos pedaços até que simples (bem) emendados. Em termos de desenvolvimento grupal, Caligari é a faixa mais interessante, porque adiciona toques de música tradicional d’alguma região italiana, alegremente traduzidos pela guitarra, constituindo-se na melodia mais marcante dum álbum cujo ponto forte não é ficar na memória. É bom, mas é prog já ouvido muitas vezes, então não gruda, exceto por Caligari. Os vocais continuam em italiano e a vozinha de Emanuele Tarscone não me desce na maior parte do tempo, mas tiro o chapéu pra sua desenvoltura no teclado.
Il Paese del Tramonto está todinho numa playlist no Youtube:
O genovês La Coscienza di Zeno (LCZ) existe desde 2007 e sua discografia consiste de 3 álbuns, dos quais destaco Sensitivitá (2013). Sonoridade, criatividade, excelência e até o nome (tirado dum romance psicanalítico) mantêm a tradição setentista do ítalo-prog em eloquente estilo. LCZ é obrigatório pra fãs de prog sinfônico com grandes momentos de drama e melodia e, embora longe de ser cópia, certamente agradará em cheio a quem ama Genesis da segunda metade dos 70’s. Há algo no timbre e textura dos teclados vintage (aqueles que parecem assobio ou lembram um coral) e da guitarra, além do próprio estilo de composição que lembram muito Tony Banks e Steve Hackett/Mike Rutherford.
La Citta di Dite abre o álbum, entregando o jogo: se o ouvinte não curtir a faixa, nem adianta prosseguir: todos os elementos de Sensitivitá estão nela expostos. Piano clássico por um minuto, seguido duma rajada de teclado, instrumental bombástico suportado por vocal dramático em italiano, guitarra plangente, mudança de andamento pra tons plangentes, nova alteração no andamento. Quase 7 minutos que enternecem e/ou fazem vibrar.
Os vocais em italiano de Alessio Calandriello são incríveis; derretem corações como no início Romântico da faixa-título ou na segunda parte de Tensegrita, que cita A Whiter Shade of Pale, do Procul Harum, o que significa que por tabela cita Bach. É demais pro coração dum amante de prog sinfônico! Mas, na primeira metade de Tensegrita a voz de Alessio empresta a energia necessária ao trecho.
Os quase 13 minutos de La Temperanza abrem com instrumental de orquestra de câmara, passam por realejo de parque de diversão antes de desabrocharem em deliciosa ciranda prog. Chiuza 1915 abre com teclado nervoso, vira ciranda de piano, intercala esses 2 movimentos, vira linda balada de piano, atinge clímax emocional vocal pra pintar gélidas paisagens prog de segunda metade dos 70’s e ainda tem fôlego para um par mais de câmbios. Os 3 chatinhos minutos de Tenue, onde nada acontece, subtraem quase nada do brilhantismo deste álbum.
Esta playlist tem uma porção de canções de diversos álbuns do LCZ.
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