Sepultura: como eles obtiveram espaço no Brasil com o cover de "Orgasmatron"
Por Igor Miranda
Postado em 06 de abril de 2021
O Sepultura viu sua popularidade crescer de forma progressiva na década de 1980 até chegar a "Arise" (1991). O quarto álbum de estúdio da banda foi o primeiro a entrar nas paradas dos Estados Unidos, na 119ª posição - algo expressivo para um grupo brasileiro de som tão pesado.
São, ao todo, nove músicas em "Arise", incluindo as clássicas "Dead Embryonic Cells", "Under Siege (Regnum Irae)" e a faixa-título. As edições japonesa e brasileira do disco traziam, ainda, uma décima canção: uma versão para "Orgasmatron", dos ídolos do Motörhead.
Conforme destacou o guitarrista Andreas Kisser em entrevista a Itaici Brunetti, para a Rolling Stone Brasil, a versão do Sepultura para "Orgasmatron" foi muito importante para o público nacional. Segundo ele, a faixa foi responsável por dar espaço ao grupo em seu próprio país.
"Entramos no palco do Rock in Rio e tocamos 'Orgasmatron' pela primeira vez. A música abriu um espaço no Brasil que não tínhamos ainda. Ela tocava nas principais rádios do país como se fosse uma 'música normal' da programação", disse.
Kisser relembrou que os músicos do Sepultura tomaram a atitude de trabalhar em uma versão para "Orgasmatron" após assistir a um show do Motörhead no Brasil, em 1989. Na ocasião, a banda do icônico vocalista e baixista Lemmy Kilmister fez cinco apresentações no Brasil, nas cidades de São Paulo (três datas), Porto Alegre e Rio de Janeiro.
"Quando tocaram 'Orgasmatron', com uma luz verde em cima do Lemmy, foi uma coisa muito forte que nos influenciou bastante. Depois, estávamos ensaiando no bairro da Pompeia, em São Paulo, e o Max (Cavalera, vocalista e guitarrista) sugeriu de tocarmos ela. Daí fizemos a nossa versão, que ficou um pouco mais 'ogro' do que a original. Se bem que Motörhead já é meio 'ogro' (risos), mas foi feita com espontaneidade e não como algo planejado", afirmou Andreas.
Max Cavalera, que também concedeu entrevista à Rolling Stone Brasil, destacou que estava "chapado, bêbado" quando ouviu "Orgasmatron" pela primeira vez. "Achei a música e a letra muito louca. Então, quando a gravei, resolvi ficar chapado do mesmo jeito para sair com o clima parecido de quando a ouvi pela primeira vez. Bebi metade de uma garrafa de rum e nem lembrei como terminei os vocais", declarou.
O antigo frontman do Sepultura complementou: "Só lembro que na manhã seguinte, eu acordei com a maior ressaca do mundo e perguntei para os caras: 'E aí, foi gravado? Deu certo?'. Gravamos ela de uma maneira tão forte que parece que é uma música do Sepultura mesmo. É um cover muito bem feito que pegou o espírito rock n' roll da música".
A entrevista dos músicos do Sepultura à Rolling Stone Brasil, celebrando os 30 anos de "Arise", pode ser lida no site da publicação.
E o que Lemmy achou?
Embora os integrantes do Sepultura almejassem homenagear o Motörhead com a versão de "Orgasmatron", Lemmy Kilmister não parece ter gostado tanto do resultado. Em entrevista a Rei Nishimoto para a revista Rock Brigade, em 1995, o líder do Motörhead afirmou que os vocais de Max na faixa "são muito ruins", mas deixou claro claro que admira o músico brasileiro.
"Os vocais (da versão de 'Orgasmatron' feita pelo Sepultura) são muito ruins. O instrumental ficou demais. Duvido que eles saibam o que estão cantando. Onde eu canto 'obsequious', Max Cavalera canta 'obsecuse'. O que é 'obsecuse'? Mas eu gosto de Max, ele é um verdadeiro rock 'n' roller", comentou o saudoso Lemmy na ocasião.
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