Eric Clapton em 1967 previu que "LPs serão estendidos, durando de duas a três horas"
Por André Garcia
Postado em 15 de novembro de 2022
O canal Yesterday's Papers no YouTube resgatou uma edição de 1967 do jornal musical Melody Maker, que chegou às bancas pouco após o lançamento do segundo álbum do Cream "Disraeli Gears". Na sessão de cartas, foi publicado o fã Steve Thomas se queixando de que "lançar um LP com os dois lados do single incluídos, o reduz a oito faixas para a maioria dos fãs."
Por ironia do destino, aquela mesma edição possuía uma entrevista com Eric Clapton, onde ele declarava que a banda não queria mais saber de singles: "A principal razão é sermos muito contrários a todo o mercado fonográfico. A natureza da produção de singles já nos deu muita dor de cabeça no estúdio."
A seguir, o Slow Hand fez uma previsão do futuro da indústria fonográfica, que acertou parcialmente: "Tenho grande crença na teoria de que singles são um anacronismo, e os LPs vão tomar seu lugar. Eles serão LPs estendidos em 16rpm, durando de duas a três horas."
Já pensou como seria a vida no multiverso onde Eric Clapton estava certo e álbuns duram quase 3 horas?
"Para obter música boa em um espaço de dois ou três minutos, é preciso seguir uma fórmula", justificou o guitarrista. "Essa parte da cena pop me desinteressa. Por outro lado, se entramos em estúdio para gravar algo para um LP que saia curto e compacto, nós ainda podemos lançar como single. Mas, fala sério, singles estão terrivelmente datados!"
"Toda a cena musical britânica é voltada para as paradas [de singles], e as pessoas sofrem uma lavagem cerebral para pensar que a música que está no topo representa a melhor música disponível. Isso é terrivelmente imaturo, e tem que acabar", concluiu.
Cream
Ginger Baker, Jack Bruce e Eric Clapton, que já tinham passagem por bandas como Yardbirds, John Mayall & The Bluesbreakers e Graham Bond Organisation, se cansaram de tocar em bandas dos outros. Com a formação do Cream, eles decidiram que era hora de se tornarem protagonistas de sua própria história.
Misturando blues, rock pesado e psicodelia, serviu de inspiração para nomes como Jimi Hendrix e influenciou a santíssima trindade do heavy metal: Led Zeppelin, Deep Purple e Black Sabbath. Embora tenha durado apenas dois anos e lançado apenas três álbuns, vendeu mais de 15 milhões de cópias, sendo "Wheels of Fire" (1968) o primeiro álbum duplo a chegar a disco de platina.
Em 1993, o Cream se reuniu especialmente para sua cerimônia de introdução ao Rock and Roll Hall of Fame. A pedido de Clapton, em 2005 o trio se reuniu pela última vez para uma série de apresentações no mesmo lugar onde eles se despediram, o Royal Albert Hall.
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