John Lennon queria regravar todas as músicas dos Beatles, segundo produtor George Martin
Por André Garcia
Postado em 03 de fevereiro de 2023
John Lennon era possuidor de um utópico idealismo, inclusive em termos políticos e ideológicos, como eternizado no hino "Imagine". Tal característica se manifestava também na esfera criativa, que o levava a uma constante insatisfação — nada que ele concretizasse no mundo real parecia tão bom quanto o ideal de perfeição que ele vislumbrava em sua mente.
Em trecho de entrevista disponível no YouTube, George Martin — produtor de toda a discografia dos Beatles (exceto "Let It Be") revelou que John Lennon não gostava de sua voz e que "se pudesse, regravaria" todas as músicas da banda.
"Ele sempre menosprezava a voz dele — ele não gostava de sua voz. John não gostava da maioria das coisas [risos]! John não gostava de sua voz, assim como não gostava da maior parte do que fizemos. Muitos, muitos anos depois eu estava jantando com ele no Dakota, com Yoko, e estávamos falando dos velhos tempos. De repente, ele disse: 'Sabe, se eu pudesse, eu regravaria tudo aquilo [as músicas dos Beatles] do zero.'"
"Eu respondi: 'Como assim? Estamos falando de 300 velhas músicas!' Ele realmente se referia a todas — absolutamente tudo. Eu perguntei 'Até mesmo Strawberry Fields [Forever]''? E ele respondeu 'Principalmente Strawberry Fields'!" Obviamente, John sempre teve aquele ideal intangível. Ele tinha uma visão em sua mente que era sempre superior à realidade."
No entanto, aquilo não significava que Lennon queria retornar aos Beatles. Conforme publicado no livro Lennon on Lennon: Conversations with John Lennon, em outra entrevista de 1980 ele disse que seria "chato" voltar a fazer música com Paul McCartney.
Beatles
Pioneiro, John Lennon formou o The Quarrymen em 1956 — ano do lançamento do álbum de estreia de Elvis Presley, considerado o marco zero do rock. Paul McCartney se juntou a ele em 58, George Harrison em 59. Após trocar de nome várias vezes, em 1960 a banda adotou o definitivo: The Beatles.
Em ascensão então sem precedentes, eles conquistaram Liverpool em 62, a Inglaterra em 63 e os Estados Unidos e o mundo em 64, o ano da beatlemania. Após serem apresentados à maconha por ninguém menos que Bob Dylan, em meados da década o quarteto deu uma guinada em sua carreira, se afastando das canções pop e buscando fazer algo mais maduro.
Ao abandonar os shows ao vivo em 1966 — que, cada vez mais caóticos, chegaram a colocar a vida de seus membros em risco —, os Beatles puderam se dedicar integralmente às gravações. Com álbuns como "Revolver" (1966) e "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" (1967), eles atingiram seu auge criativo abusando de instrumentos exóticos, experimentações sonoras e inovadoras técnicas de gravação. Não é por acaso que o "Sgt. Pepper's…" está entre os álbuns mais vendidos de todos os tempos.
Com o "White Album" (1968), por outro lado, eles já davam sinais de crescerem em direções diferentes, perdendo a unidade e coesão. A partir dali, cada vez mais a banda ficou pequena para os quatro. Insatisfeitos, para poderem fazer o que realmente queriam, tiveram que seguir caminhos separados, o que aconteceu após a gravação de "Abbey Road" (1969). O "Let it Be" (1970) já foi lançado como um trabalho póstumo.
Apesar de terem encerrado sua trajetória há mais de meio século, os Beatles seguem conquistando a novas gerações, e até hoje permanecem entre os nomes mais populares da música.
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