Os dois extremos do rock nacional pré-anos 1980 que irritavam Renato Russo
Por Gustavo Maiato
Postado em 20 de fevereiro de 2024
O rock nacional ficou muito famoso a partir dos anos 1980, com bandas como Paralamas do Sucesso, Titãs e RPM invadindo as rádios brasileiras. Antes disso, entretanto, muitos artistas deixaram sua marca na história do estilo no Brasil, como Mutantes, Erasmo Carlos e Raul Seixas.
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No livro "Renato Russo – O Trovador Solitário", Arthur Dapieve explica as críticas de Renato, fruto dos anos 1980 com a Legião Urbana, a respeito do rock produzido no Brasil na década anterior.
De acordo com Russo, bandas como Made In Brazil e artistas como Beto Guedes pecavam em guinar o estilo ou para o "hard" ou para o "soft" de maneira muito incisiva. O assunto é comentado no livro no contexto das tentativas de Renato Russo de compor dando o seu máximo e se inspirando em ícones como John Lennon.
"O disco abria com 'Daniel na Cova dos Leões', parceria dos dois Renatos, no qual o Russo driblava habilmente os pronomes pessoais de modo a contemplar todas as formas de amor, hetero ou homossesual, em versos como 'aquele gosto amargo do teu corpo / ficou na minha boca por mais tempo'. Aqui, Renato estava mais preocupado que nunca em escrever bem. Não só porque ele sempre gostara de ler bons autores, mas também porque se irritava com a tendência do rock brasileiro pré-anos 80, exceção feita a Raul Seixas e Rita Lee, de ser ou hard ('Menina, eu quero o seu amor, yeah', exemplificava, soltando o vozeirão à la Made in Brazil) ou soft demais ('A estrada da vida, a ternura do caminho da terra', fazia um falsete, imitando Beto Guedes). "Eu não, eu queria cantar que nem o Iggy pop, David Bowie, Jim Morrison", diferenciava. "E eu estava tentando escrever como Bob Dylan e John Lennon".
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