Como Iron Maiden surgiu em disco do Engenheiros do Hawaii, segundo Humberto Gessinger
Por Gustavo Maiato
Postado em 22 de abril de 2025
Em entrevista à revista Bizz, publicada em novembro de 1987, Humberto Gessinger explicou como o Iron Maiden acabou citado — e representado — em "A Revolta dos Dândis", segundo álbum do Engenheiros do Hawaii. Longe de uma simples homenagem musical, a banda britânica aparece como símbolo de crítica cultural e provocação política.
"Pintou essa coisa de botar o Maiden acima daquelas pessoas babacas. A racionalidade desses presidentes é muito superficial. No fim são muito mais surreais que um bonequinho de banda de heavy metal", disse Gessinger, ao ser questionado sobre a presença recorrente do nome do Iron Maiden em entrevistas da banda naquela época.
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A fala se conecta diretamente à contracapa do disco "A Revolta dos Dândis", que traz uma imagem simbólica: o mascote do Iron Maiden, Eddie, aparece ao lado de uma fileira de ex-presidentes do Brasil. Porém, numa linha crescente — que simboliza uma espécie de escala de valor —, figuras culturais como Roberto Carlos, Noel Rosa e Garrincha aparecem acima, apontando para uma hierarquia simbólica onde o mérito é medido pela contribuição à cultura, e não pelo cargo ocupado.

O Eddie, nesse contexto, é representado mais como um personagem da cultura pop do que como mero símbolo do heavy metal. Na visão de Gessinger, ele se aproxima muito mais das figuras culturais do que dos presidentes retratados. "É Gabriel García Márquez, mesmo. Aquela coluna que sobe, numa ascendente, aquilo é o sonho", disse, ao reforçar que o mascote se encaixa nessa dimensão mais imaginativa e criativa, contrastando com o que chamou de "pessoas babacas" e "presidentes superficiais".


O disco, lançado em 1987, marcou uma virada na trajetória dos Engenheiros do Hawaii. Com um tom mais filosófico e reflexivo, "A Revolta dos Dândis" trouxe críticas sociais, referências literárias e provocações visuais. A presença de Eddie na arte gráfica serviu como uma extensão dessas ideias, misturando ironia, cultura pop e posicionamento político.

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