A música do Soundgarden que criticava rockstars exibicionistas e irritou grupos religiosos
Por Bruce William
Postado em 03 de setembro de 2025
Quando o Soundgarden lançou "Jesus Christ Pose" em 1991, não demorou para a faixa causar barulho. Presente no álbum "Badmotorfinger", a música não tinha nada de religiosa - era, na verdade, uma crítica de Chris Cornell ao uso banal da imagem de Cristo crucificado por celebridades em busca de autopromoção.
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Cornell contou que se irritava ao ver músicos e modelos posando de braços abertos, cabeça para trás, muitas vezes até com coroa de espinhos, como se fossem mártires modernos. Ele chegou a citar Perry Farrell, do Jane's Addiction, como um dos que inspiraram a composição, por seu comportamento que considerava pretensioso. Em falas reproduzidas na Songfacts, ele deixou claro: o problema não era a religião, mas a apropriação do símbolo para alimentar egos.
O clipe da música, dirigido por Eric Zimmerman (youtube), reforçou a provocação ao alternar cenas da banda com imagens de uma jovem em posição de crucificação. Resultado: a MTV recusou exibi-lo em sua programação regular, liberando apenas em espaços segmentados, como o Headbanger's Ball e o 120 Minutes. A polêmica, no entanto, acabou ajudando a colocar o Soundgarden no mapa, atraindo atenção tanto do público alternativo quanto dos fãs de metal.

Apesar da controvérsia, a faixa também se tornou um marco artístico. O riff sombrio de Kim Thayil soava como um aviso contra os excessos do rock estrelado dos anos 80, enquanto o grito prolongado de Cornell, lembrando Roger Daltrey em "Won't Get Fooled Again", mostrava sua impressionante técnica vocal.
Nos palcos, "Jesus Christ Pose" assumiu papel central no repertório da banda. Era geralmente a escolhida para encerrar os shows na turnê de 1992, quando o Soundgarden já havia deixado de ser apenas atração de abertura para nomes como Guns N' Roses e Skid Row e passava a encarar suas próprias plateias como atração principal, relembra a American Songwriter. Em turnês posteriores, chegaram a inverter o jogo e abrir apresentações com a faixa, usando seu peso e agressividade como cartão de visitas.

O tempo mostrou que a crítica embutida na canção não perdeu atualidade. Cornell, assim como outros nomes da cena de Seattle, sempre demonstrou desconforto com a idolatria em torno dos músicos. Mas ironicamente, ao atacar a postura messiânica de certas celebridades, o Soundgarden ajudou a criar uma nova geração de ídolos do rock nos anos 90 - desta vez mais sombrios, inquietos e dispostos a cutucar as feridas da cultura pop.

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