Como Roger Waters lida com a contradição de criticar o capitalismo e cobiçar um carro de luxo
Por Bruce William
Postado em 03 de setembro de 2025
Quando "The Dark Side of the Moon" foi lançado em 1973, a faixa Money rapidamente se destacou. Irônica e ácida, com versos que zombavam da obsessão por riqueza, a música acabou se tornando o primeiro grande sucesso do Pink Floyd nos Estados Unidos, chegando ao 13º lugar da Billboard. Não era a típica canção para tocar no rádio: tinha tempo em 7/4, passagens em 4/4, riffs quebrados e ainda incluía uma colagem de sons de moedas, máquinas registradoras e sacos de dinheiro preparada por Roger Waters e Alan Parsons.
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Para o público, a mensagem parecia clara. Waters disparava contra a ambição desmedida, ironizando que o dinheiro seria "a raiz de todo mal". Ao lado de riffs marcantes de David Gilmour e do saxofone de Dick Parry, a canção virou hino instantâneo contra o capitalismo selvagem. Mas, nos bastidores, a relação de Waters com o tema não era tão simples.
Duas décadas depois, ele admitiu que havia certa contradição em sua postura. Ao The Observer (via Ultimate Classic Rock) ele revelou: "O dinheiro me interessava enormemente. Lembro de pensar: 'Bem, preciso decidir se sou mesmo socialista ou não'. Continuo acreditando em um estado de bem-estar social, mas me tornei capitalista. Você tem que aceitar isso. Eu queria um Bentley como louco... desejava todas aquelas coisas materiais."

Em outras palavras, Waters, que é detentor de um patrimônio muito maior que seu ex-colega de banda, escreveu uma das maiores críticas musicais ao poder do dinheiro, mas também se viu seduzido por ele. O sucesso estrondoso do álbum fez com que ele e os colegas de banda não apenas criticassem a riqueza, mas passassem a vivê-la de perto.
Hoje, meio século após seu lançamento, "Money" continua sendo presença obrigatória nos shows de Waters e marcou a histórica reunião do Pink Floyd no Live 8, em 2005. A canção nasceu como uma denúncia contra a cobiça, mas acabou revelando outra face: a do próprio autor, que não escapou da velha armadilha de desejar aquilo que criticava. Afinal, até Roger Waters descobriu que falar mal do capitalismo também pode render uma boa fortuna...

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