Underground: No Front Zine lança livro de alta qualidade com muito material
Por Mário Pescada
Postado em 02 de março de 2023
Surgido como uma forma de fazer circular a informação musical/social que a grande mídia ignorava, os fanzines (ou zines), surgiram graças a pessoas dedicadas e apaixonadas, já que demandavam uma boa dose de tempo e trabalho para ficarem prontos: imprimidos ou xerocados em papel comum, eram recheados de matérias autorais, algumas datilografadas, outras a mão mesmo (muito antes dos sites de edição), muito recortes e montagens para trazer informação sobre novas bandas, discos, tapes, entrevistas, etc., ao público underground. Apesar do caráter modesto, foram importantíssimos veículos, colocando em contato direto bandas e fãs e promovendo uma infinidade de troca de informações e material.
Mantendo o espírito, mas já na era da internet e suas praticidades, surgiu em meados de 2020 o No Front Zine, com a missão de "fazer um resgate e registro histórico do que acontece e aconteceu na cena underground musical e artística". Ao invés de impresso, ele é disponibilizado gratuitamente em PDF de em alta qualidade.
"No Front Zine: Cultura Underground na Escuridão da Guerra..." é uma compilação dos nove primeiros números do zine adicionados de mais matérias. O resultando é um impressionante calhamaço de quase 600 páginas (!) tratando de hardcore, noise, crust, punk, crossover e tudo que gira em torno desses estilos.
Começando pelas bandas, há dezenas de biografias, como NAUSEA, CRUCIFIX, MDC, SPAZZ, AMEBIX, EXTORTION, DISCHARGE, NAPALM DEATH, CHAOTIC DISORDER, ONE WAY SYSTEM, etc. e entrevistas com LEPTOSPIROSE, AUS-ROTTEN, TERVETT KÄDET, DISCARGA VIOLENTA, ESCÖRIA, RATTUS, etc. Só as listas com indicações de bandas suecas, latinas, finlandesas, indonésias e japonesas já é algo espantoso.
Há também matérias sobre proteção animal, skate, veganismo, straight edge, anarcopunk, letras de músicas, squats, divulgação de zines, selos, etc. E se você não está habituado aos estilos musicais abordados ou quer aprender mais sobre eles, há ainda matérias detalhadas sobre cada um - com mais referência de bandas!
Não bastasse toda essa generosa parte textual, a parte artística é um show a parte: todo feita em preto e branco, as páginas tem aquele ar saudosista dos zines e ao mesmo tempo dão um tom cru ao livro. Há centenas de fotos, flyers, colagens e montagens. Você passa um bom tempo analisando os detalhes página por página, acredite em mim.
Todo compilado é um material 100% faça você mesmo (tradução, revisão, gráfica - com alguns erros pelo caminho que não prejudicam em nada o todo) tocado por Fred e Aldo, ambos com longa vivência na cena musical carioca (AGRESSOR, EXTREME VIOLENCE, AMNÉSIA MORAL), além de envolvimento com selos, publicações, editoras alternativas, etc.
Não me recordo de nenhum material lançado no Brasil que trate do underground nacional e gringo com toda essa qualidade e conteúdo, um verdadeiro item obrigatório na coleção de quem gosta da cultura underground e tudo que gira ao seu redor.
"No Front Zine: Cultura Underground na Escuridão da Guerra..." contou com apoio da Sub 100 Records e outros parceiros e pode ser adquirido com o Aldo através do e-mail [email protected] ou @aldocostas
"O underground não é apenas subcultura, é também cultura dos que precisam lutar pela cultura, dos que precisam lutar pelos que não podem lutar".
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