Quando Erasmo Carlos desdenhou do "poder demoníaco" de Ozzy Osbourne no Rock in Rio
Por Bruce William
Postado em 19 de fevereiro de 2025
Quando o Rock in Rio foi anunciado, Erasmo Carlos viu no festival uma oportunidade histórica para os artistas nacionais dividirem espaço com alguns dos maiores nomes do rock mundial. Ele acreditava na diversidade da escalação e não se preocupou em preparar nada especial para o evento, confiando no impacto de seus sucessos. Mas ao chegar na Cidade do Rock, percebeu que o ambiente era muito mais carregado do que imaginava, relatou o saudoso cantor na autobiografia "Minha Fama de Mau" (Amazon).
Rock In Rio - Mais Matérias
O choque começou já na passagem de som, quando se deparou com uma parede colossal de amplificadores. "De quem é isso?", perguntou. "Do Iron Maiden", respondeu alguém. O susto foi imediato, e Erasmo engoliu em seco ao olhar para o seu pequeno Mesa Boogie de 300 watts. O festival estava tomando proporções que iam além de um simples evento musical. Além do Iron Maiden, a primeira noite ainda contaria com Ney Matogrosso, Pepeu e Baby, Whitesnake e Queen.
O problema era que boa parte dos fãs de heavy metal se posicionou na frente do palco e se recusava a ceder espaço, o que criou um ambiente hostil para os artistas brasileiros. Ney Matogrosso foi o primeiro a sentir isso, sendo recebido com vaias e provocações. Quando chegou a vez de Erasmo, a reação foi ainda pior: "Nem comecei a primeira música e já estavam jogando areia, latas, pilhas e copos de plástico", relembrou. Apesar da vontade de responder à altura, contou até dez e seguiu com o show. "Tive vontade de mandar todos tomarem no cu, mas contei até dez e optei por uma reclamação moderada, pois vi que a grande maioria da galera, que estava atrás da horda, era civilizada e estava ali cumprindo à risca a proposta do festival, que era de som e paz."
No entanto, mesmo quando prestou uma homenagem a ícones como Elvis Presley, Janis Joplin e John Lennon, o público mais radical não demonstrou respeito. "Os gestos de polegares para baixo e as vaias foram a imagem que guardei", contou. A situação deixou os organizadores preocupados e levantou a questão: como evitar que a plateia do metal prejudicasse os artistas brasileiros que não faziam parte do gênero?
O clima ficou ainda mais carregado no dia 19 de janeiro, a noite mais pesada do festival, com Whitesnake, Scorpions, AC/DC e Ozzy Osbourne. Nos bastidores, surgiam rumores sobre o ex-vocalista do Black Sabbath fazer rituais no palco e até comer morcegos vivos. Assustado, seu amigo Alcides perguntou se aquilo era verdade. Erasmo, ironizando os boatos, respondeu: "Que nada, bicho. Ele só come as asinhas."
"Era nítido que o grande erro dos organizadores foi apostar na inocente mistura de tribos. Alerta geral: Satanás estaria presente em espírito na grande festa de decibéis programada para o dia 19, penúltima noite do evento. Ele iria prestigiar a pauleira de Whitesnake, Ozzy Osbourne, Scorpions e AC/DC. No imaginário dos seguidores da Besta, seria erguida uma grande fogueira no palco, onde um sacrifício humano saudaria a chegada triunfal do cultuado mestre. Adivinhem quem seria o sacrificado? Eu", relatou Erasmo.
A situação nos corredores também era tensa. Seguranças barravam o trânsito dos artistas e seus convidados, o que gerou conflitos, como quando a esposa de Erasmo, Narinha, foi impedida de passar mesmo com um crachá de "livre acesso". A briga terminou com um uísque jogado no segurança. Diante do caos, os organizadores decidiram transferir o show de Erasmo para o dia seguinte. "Você não merece isso", disseram a ele, que confessa ter respirado aliviado.
No dia seguinte, já sem o público mais radical, o ambiente parecia outro. "A Cidade do Rock, livre dos metaleiros, parecia um Éden", descreveu. Ele finalmente conseguiu se apresentar sem problemas, abrindo o último dia do festival antes de nomes como Blitz, Barão Vermelho, Nina Hagen e Yes. Depois de toda a turbulência, ele percebeu que, apesar dos pesares, havia participado de um dos momentos mais marcantes da história do rock brasileiro, apesar daqueles momentos terem sido pesados em sua carreira daquela época.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Os 11 melhores álbuns de rock progressivo conceituais da história, segundo a Loudwire
A obra-prima do Dream Theater que mescla influências de Radiohead a Pantera
A lendária guitarra inspirada em Jimmy Page, Jeff Beck e Eric Clapton que sumiu por 44 anos
Steve Harris admite que a aposentadoria está cada vez mais próxima
Os dois bateristas que George Martin dizia que Ringo Starr não conseguiria igualar
Regis Tadeu indica disco "perfeito" para uma road trip: "Todo mundo detesta, mas é bom"
Youtuber que estava no backstage do último show de Alissa com o Arch Enemy conta tudo
Após negócio de 600 milhões, Slipknot adia álbum experimental prometido para esse ano
Graspop Metal Meeting terá 128 bandas em 4 dias de shows na edição de 2026 do festival
O maior compositor do rock'n'roll de todos os tempos, segundo Paul Simon
Guns N' Roses lança duas novas canções
O defeito muito grave dos baixistas de heavy metal na opinião de John Entwistle
Bruce Dickinson relembra, com franqueza, quando foi abandonado pelos fãs
Ouça "Nothin'" e "Atlas", novas músicas do Guns N' Roses


Rock in Rio 2026: guia com datas, atrações, novidades e tudo que já sabemos até o momento
Regis Tadeu esclarece por que Elton John aceitou tocar no Rock in Rio 2026
O fã que conheceu Ozzy Osbourne no Rock in Rio e iniciou uma amizade de 40 anos
Elton John é confirmado no Rock in Rio 2026
A música do AC/DC que Brian Johnson cantou pela primeira vez no Rock in Rio
Axl Rose: o simpático convite para jantar no Rock In Rio II
"Babá de Artista" do Rock in Rio diz que Iron Maiden não dá trabalho e são "gentleman"


