Alice Cooper: "I Hate You" é um "presente" aos fãs da banda original
Resenha - I Hate You - Alice Cooper
Por Neimar Secco
Postado em 07 de março de 2021
Detroit é sinônimo de música pulsante. É de lá que vem a mitológica gravadora Motown, berço da nata da música negra norte americana. Ao redor do aglomerado industrial dos motores potentes e ruidosos dos veículos que percorrem as estradas dos EUA e mundo afora, era inevitável que uma energética cena roqueira se instalasse e fosse o contraponto à altura do movimento hippie de paz e amor que permeava a California e a a maior parte dos EUA naqueles tempos de guerra do Vietnã. e que antecediam o turbulento escândalo de Watergate.
Detroit foi o embrião do punk e da "contracontracultura". Foi nesse caldeirão que Iggy Pop and The Stooges, MC5, Bob Seger, Grandfunk Railroad, Suzi Quatro e…. Alice Cooper iniciaram uma erupção musical que espalharia lavas por todo o mundo, chegando a Nova York, Londres e, por que não, São Paulo? New York Dolls, Talking Heads, Gang Of Four, The Ramones, The New York Dolls, Velvet Underground, Blondie, Patti Smith… Por aqui: Joelho de Porco, Casa das Máquinas, entre outros, também beberam da fonte detroitiana.
Ciente de toda essa riqueza musical, na qual ele mesmo também nasceu, Alice Cooper criou esse petardo chamado DETROIT STORIES. São 15 músicas, entre composições próprias e covers, executadas no melhor estilo garage rock, que celebram a Motor City e sua música. Para a empreitada, chamou seu produtor dos melhores tempos e álbuns, Bob Ezrin, seus amigos de banda, Michael Bruce, Neal Smith e Dennis Dunaway, além de Steve Hunter (Alice Cooper, 1975-1979, David Lee Roth), Wayne Kramer (MC5), Mark Farner (Grand Funk Railroad) entre vários outros
Comecemos pelas faixas que já haviam sido lançadas no EP Breadcrumbs, de 2017.
"Detroit City 2021", cuja versão original foi lançada em 2003 no CD The Eyes Of Alice Cooper, reaparece como um item essencial no álbum. Outra composta por Alice e parceiros é "Go Man, Go", rock energético, direto ao ponto, com um refrão e backing vocals cheios de energia e "punch". "East Side Story" é a cover do veteranaço Bob Seger. Quem só o conhece por músicas mais calmas como Against The Wind e Still The Same ou Hollywood Nights vai se surpreender com a irreverência dessa faixa. "Sister Anne", outra cover, essa do MC5 também contém a energia e a irreverência da original. "Hanging On By A Thread" é a atualização de "Don’t Give Up", single lançado em 2020, cujo tema são as tensões eefeitos gerais causados pela pandemia do coronavírus.
Quanto às gravações inéditas, o álbum abre com "Rock’n’Roll do Velvet Underground cujo convidado especial é o guitarrista Joe Bonamassa. Na letra Alice substitui New York por Detroit para encaixá-la na temática do álbum.
"Our Love Will Change The World", original da banda Outrageous Cherry tem a introdução muito parecida com Getting Better do álbum Sgt. Peppers dos Beatles e é um festival de ironias de como mudar o mundo através do amor à irreverência ao status quo. "Social Debris" refere-se a imagtem das bandas de Detroit da época, Alice Coopeer em especial, claro, como a margem de uma sociedade bem educada e correta. Um destaque nesse álbum é a coesão da banda e dos músicos convidados. Tudo em plena harmonia (usando um termo irônico aqui em contraponto à rebeldia). $1,000 High Heel Shoes é a homenagem ao lado funk/soul de Detroit, representado pela sessão de metais e pelo vocal do grupo vocal da era disco Sister Sledge. Joia rara. "Hail Mary" é rock báscio e despretensioso e irreverente à figura bíblica de de Maria.
"Drunk and In Love" é um blues , a "balada do álbum. "Drunk" (embriagado) pode ter sido a maior autorreferência feita por Alice nesse álbum. Afinal, foi sua "cura" do alcoolismo que o manteve vivo até hoje e saudável o bastante para gravar e fazer shows em boa forma aos 73 anos.
"Independence Dave" traz o lado patriótico de Alice, que já se fez presente em músicas de álbubns anteriores como Model Citizen, de 1980, por exemplo.
"I Hate You" é um "presente" aos fãs da banda original, que surgiu em 1964, com o nome de The Earwigs e se tornaria a mitológica ALICE COOPER BAND. Todos os membros originais da banda, exceção feita, logicamente, a Glen Buxton, falecido em 1997, participam e cantam trechos "ofendendo" uns aos outros. Pura ironia, irreverência, celebração de uma vida dedicada ao rock and roll. Quanto a "Wonderful World", não espere nada parecido com a pacifista canção eternizada por Louis Armstrong nos tempos de guerra do Vietnã. Mais uma vez a energia e a irreverência imperam aqui. Quanto a "Shut Up And Rock", é um recado, para alguns, como nom meu caso, tardio, para passarmos nosso precioso tempo nos calando e dedicando nosso precioso tempo ao rock ande roll. Isso evita discussões e desentendimentos (e em casos como o meu, perda de amizades caras…) Portanto, deixo meu conselho: Shut Up, ligue seu som e curta no melhor lugar e em bom som DETROIT STORIES. O rock, a cidade de Detroit e nossos ouvidos roqueiros afiados agradecem!
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Internautas protestam contra preços de ingressos para show do AC/DC no Brasil
AC/DC anuncia terceiro show em São Paulo; ingressos estão à venda
Como James Hetfield, do Metallica, ajudou a mudar a história do Faith No More
A única música do "Somewhere in Time" do Iron Maiden que não usa sintetizadores
A melhor banda de metal de todos os tempos, segundo Scott Ian do Anthrax
Os três melhores guitarristas base de todos os tempos, segundo Dave Mustaine
A maior lenda do rock de todos os tempos, segundo Geezer Butler do Black Sabbath
A banda que não ficou gigante porque era "inglesa demais", segundo Regis Tadeu
A banda que mais pode repetir sucesso do Iron Maiden, segundo Steve Harris
A música do Yes que Mike Portnoy precisou aprender e foi seu maior desafio
AC/DC anuncia show extra em São Paulo para o dia 28 de fevereiro; ingressos estão à venda
O "detalhe" da COP30 que fez Paul McCartney escrever carta criticando o evento no Brasil
Slash dá a sua versão para o que causou o "racha" entre ele e Axl Rose nos anos noventa
Confira os indicados ao Grammy 2026 nas categorias ligadas ao rock e metal


O filme de terror preferido de 11 rockstars para você assistir no Halloween
Alice Cooper confessa que Johnny Depp tremeu no Rock in Rio
A música que Jimi Hendrix estava de saco cheio de tocar ao vivo
É de tirar o pó da vitrola: 5 relançamentos imperdíveis para fãs de rock clássico
A banda que foi pioneira no Brasil e conseguiu chocar até Frank Zappa


