Resenha - Silver Linings - Less Than Jake
Por Victor de Andrade Lopes
Postado em 29 de dezembro de 2020
Nota: 8
Numa entrevista ao Alt Press, o vocalista e guitarrista Chris DeMakes foi enfático ao definir o nono álbum do quinteto estadunidense de ska punk Less Than Jake: "Se você ama o Less Than Jake, você vai amar o disco. Se você não gostava da gente antes, ele não vai mudar sua opinião". Parece a desenvolvedora de jogos Ubisoft comparando o Far Cry 4 ao 3!
Enfim, fato é que tenho uma análise mais cética desta obra intitulada Silver Linings. Primeiramente, permitam-me falar do título: "silver linings" significa algo como "revestimentos prateados" e é parte da expressão "every black cloud has a silver lining", que significa literalmente "toda nuvem negra tem um revestimento prateado", indicando que o Sol uma hora haverá de voltar. É um equivalente ao nosso "luz no fim do túnel". Parece incrível, mas a banda afirma ter escolhido o nome antes da pandemia.
Mas afinal, o disco é mais revestimentos prateados ou nuvens negras? Bem, em termos instrumentais, realmente não temos nada que não transforme comentários a respeito em mero Ctrl + c, Ctrl + v da minha resenha do lançamento anterior, See the Light. A dupla "Anytime and Anywhere" e "The Test" são musicalmente as mais dinâmicas das 12 e, por isso mesmo, as mais interessantes também. O resto é tudo aquilo que um fã de LTJ esperaria.
Agora, mais do que a música em si, o que sustenta a qualidade do álbum são as letras claramente mais maduras. Com a saída do baterista e letrista Vinnie Fiorello em 2018, muitos temeram uma queda de qualidade nos versos do quinteto, mas com Chris e o vocalista/baixista Roger Lima (brasileiro, diga-se de passagem) assumindo o papel (quase que literalmente), o que temos é um grande investimento em autoafirmação, introspecção e autoajuda. Mais uma coincidência: quem não aproveitou a quarentena para refletir sobre a vida?
Ah, e quem assume as baquetas agora é o companheiro de longa data deles, Matt Yonker, que atuou nos bastidores do LTJ por 20 anos. Apesar de sabidamente mais influenciado pelo rock que pelo punk, sua entrada não causou, por assim dizer, uma grande revolução na estrutura rítmica do grupo.
Mas ainda sobre as letras, essa mudança de tom já começa na abertura "The High Cost of Low Living", sobre aproveitar o tempo livre usando o seu suado salário do jeito que lhe convier.
Há espaço também para coisas mais "deprê", como a segunda faixa, "Lie to Me", na qual o eu-lírico implora por um relacionamento tóxico, além de "Monkey Wrench Myself" e "King of the Downside".
Com uma franqueza brucespringsteeniana, "Dear Me" chega no auge da autorreflexão, com o eu-lírico perguntando a si mesmo como as coisas deram tão errado.
E é assim, de gatilho em gatilho, que os quarentões vão explorando assuntos que nós já estamos encarando aos 20. E o maior mérito de Silver Linings é mostrar que, seja cantando as mazelas da vida adulta, seja nos levando de volta aos dramas da puberdade, o Less Than Jake sempre acerta.
Abaixo, o clipe de "Lie to Me":
Track-list:
1. "The High Cost of Low Living"
2. "Lie to Me"
3. "Keep on Chasing"
4. "Anytime and Anywhere"
5. "The Test"
6. "Dear Me"
7. "Monkey Wrench Myself"
8. "King of the Downside"
9. "Lost at Home"
10. "Move"
11. "Bill"
12. "So Much Less"
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