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Pyraweed: fusão de peso e complexidade sonora

Resenha - 420 - Pyraweed

Por José Sinésio Rodrigues
Postado em 25 de abril de 2020

Nota: 9 starstarstarstarstarstarstarstarstar

O Cazaquistão é uma ex-república soviética cheia de desertos e, a menos que você tenha nascido lá, deve passar meses sem sequer se lembar que este país existe. Eu só me lembro do Cazaquistão porque é lá – por algum motivo – que aterrissam as espaçonaves Soyuz, da Rússia, ao final de suas missões à Estação Espacial Internacional. E justamente o Cazaquistão é o país de origem da banda PYRAWEED, um trio proveniente de Baku, a capital do país, trio este cuja música avança pelos meandros do Stoner Metal fundido ao Drone Metal, trazendo ainda alguns elementos de Doom Metal. Em 2016, o PYRAWEED emergiu das profundezas do underground ao lançar o álbum "Vol. 3", cujo título e capa eram uma paródia do álbum "Vol. 4", do BLACK SABBATH. Contudo, apesar de o grupo ter saído da gélida escuridão abissal do underground, ainda não emergiu à superfície, pois continua sendo pouco conhecido. De lá para cá, a banda se tornou um trio. Mas o som continua tão pesado quanto antes, com o baixo dominando a música e conduzindo a sonoridade pelos riffs de guitarra que, por sua vez, se mostram um complemento bastante sólido, tudo isso molhado com uma psicodelia suja. Inclusive, o guitarrista Nijat Hesenzade é justamente quem conduz a banda pelo labirinto de riffs e zumbidos pantanosos; seu companheiro Ramin Sadikhov é responsável por uma percussão mínima e limpa que, apesar de básica, complementa a música e não tenta competir com ela. Ouvidos circunspectos poderão perceber que o som do PYRAWEED funciona como se o GOJIRA houvesse fundido seu som ao do NEUROSIS, pelo menos em alguns momentos. Complexo!

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Falemos, então, do álbum "420", que a banda lançou em abril de 2020. A primeira faixa, "Acid Flood", se mostra sinuosa, parecendo emergir do fundo de um absimo profundo. A bateria, aqui, apesar da sonoridade básica, é um complemento magnífico. Em algumas outras faixas há, ainda, uma imponente e viajante melodia de teclado misturada a uma atmosfera silenciosamente ameaçadora, mas letárgica a ponto de fazer outras bandas do estilo parecer hiperativas. "System Failure" tem ritmo ligeiramente mais acelerado e vocalização sombria. Aqui, instrumentação e vocal se complementam de uma forma sublime. A música não evolui para nenhum pináculo de criatividade, mas, ainda assim, consegue ser muito interessante. "Tuestead", por sua vez, chega pesada, lenta e sombria, parecendo um clone do NEUROSIS ou CULT OF LUNA. "Illegal Song", a faixa mais longa do trabalho, parece pressionar o vocal de Hesenzade, mas ele consegue combinar seu tom malévolo aos demais elementos da música. Também surgem zumbidos que acrescentam uma atmosfera sobrenatural e inquietante à faixa. Para encerrar, a instrumental "Abyss" é niilística e etérea, mas complementa grandiosamente a proposta deste álbum e a atmosfera que dele exala.

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Vamos, então, resumir a conversa: o que temos aqui é um álbum recheado com ótimas canções. Cada uma delas mergulha fundo na sonoridade desacelerada e autodestrutiva. Só ouvindo para entender.

Faixas no álbum "420": 5

Integrantes atuais da banda Pyraweed:
• Nijat Hesenzade – Vocal e bateria;
• Zakir Gasimov - Baixo;

Bandas Similares:
• Neurosis, dos Estados Unidos;
Cult Of Luna, da Suécia;
Gojira, da França;
• Amenra, da Bélgica.

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Sobre José Sinésio Rodrigues

José Sinésio Rodrigues mora em Londrina, no Paraná. É professor de Ciências, agente penitenciário, aluno de Geografia e coordenador de Astronáutica de um grupo de Astronomia londrinense. É também palestrante, escritor, quadrinista, contista, ex-radialista e ex-colunista de jornal. Seu contato com o Rock aconteceu com o Faith No More e Pearl Jam, no início da década de 1990. Suas bandas favoritas são: My Dying Bride, Monster Magnet, Dominus Praelii, Acrassicauda, Slayer, Fejd, Arkona e Anabioz.
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