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Dark Avenger: se não for pra ouvir atentamente, melhor nem tocar

Resenha - Beloved Bones: Hell - Dark Avenger

Por Leonardo Daniel Tavares da Silva
Postado em 16 de julho de 2017

Nota: 10 starstarstarstarstarstarstarstarstarstar

Em primeiro lugar, a maior parte do Brasil não conhece, mas quem é do Ceará conhece (talvez não use, mas conhece) a palavra "istruição". Não é "destruição", não tem nenhum erro aqui. Não sei se essa palavra está ou não no Aurélio, nem se ela se escreve com "E" ou com "I". Eu escreveria com I, mas confesso que realmente não sei. Posso pesquisar depois. Bem, voltando, istruir é a mesma coisa que desperdiçar. Por exemplo, quando você bota no prato uma quantidade de comida no seu prato e você come apenas a metade. Você istruiu aquela metade, você desperdiçou, aquela comida ninguém mais vai comer.

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Istruição é um termo que cabe muito bem a você ouvir este álbum do DARK AVENGER, o "The Beloved Bones: Hell", sem estar prestando atenção nas letras, sem você lê-las. Se você não teve ainda acesso ao álbum físico, mas já recebeu o álbum digital, com as letras, o ideal é imprimir o documento, trancar-se no quarto, colocar um bom fone de ouvido e reservar realmente uma hora para apenas dedicar-se a este trabalho. No documento que recebemos (e esperamos que esteja também no encarte do CD físico, há um pequeno texto introdutório para cada canção, assim como, obviamente, cada uma das letras em um formato bilíngue (em inglês - como é cantado - e em português - numa adaptação, não uma tradução literal, de forma que o texto ainda continue fluído e belo sem macular o sentido original). Todos esses textos ficam muito bons. Então, temos um texto, que tem termos rebuscados, mas porque é necessário, não por pretender ser algo de Shakespeare ou Camões. São termos absolutamente necessários. E acompanhando as letras, tanto em inglês como em português, você vai aprender novas palavras. Do mesmo jeito que você acabou de aprender que existe a palavra istrução, você aprenderá outras.

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E tudo tem muita coerencia, tudo tem muita filosofia. Temos os estágios de aceitação, temos aquela briga... o disco inteiro é uma briga entre racional e emocional (em inglês, Reason e Emotion), os dois degladiando-se, os dois brigando pra ver quem tem o controle da pessoa, de seu dono, do personagem. Na verdade, não existe um personagem aqui além do Racional e do Emocional. Existe uma pessoa, que é o dono daquela mente, o dono daquele cérebro, daquele coração, que é nada mais que um hospedeiro. A pessoa passa a ser um lugar, algo por que deve ser lutado. Terra. Terreno. Chão que tem dois grandes fortes batalhadores lutando por ele.

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Além disso, as introduções textuais de cada canção (às quais, como dissemos, você só terá acesso se ler a letra) tem um plus por fornecer a ambientação necessária ao início de cada música. É importante que saibamos do que cada música trata. E cada uma fala de um estágio (aceitação, negação, etc - talvez as músicas até devessem se chamar assim, ao invés do nome que receberam, mas isso até torna tudo mais interessante, pois te força mais a saber o que é). E, acidentalmente ou intencionalmente, as introduções de cada música te dão o tempo necessário para ler este pequeno prefácio.

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Quanto ao instrumental, é um excelente disco de Power Metal, com tudo aquilo que você espera de um bom disco de Power Metal. Tem solos à velocidade da luz, tem bateria correndo alucinada, tem intervenções de teclados (que também são coerentes, mas sem fazer com que o disco possa ser considerado um disco de metal sinfônico, apesar de ter alguns elementos sinfônicos). Eu jamais o consideraria um disco de metal sinfônico. A parte sinfônica, provalmente criada com teclados em muitas passages, está ali marcando presença, mas não é como uma guitarra, um baixo, não faz parte intrinsecamente do disco. Pelo menos não é a impressão que eu disse.

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Quanto à voz de Mário Linhares, ele é realmente a fera que estampa a capa do álbum mais famoso do DA (este até pode vir a ser, mas ainda não o é). Mário tem um alcance enorme, consegue manter uma voz, nítida, cristalina em qualquer tipo de coisa. Há partes cantadas com vocais limpos, há até guturais. Quanto ao gutural que é cantado aqui, há também uma observação que eu preciso fazer, que é também um elogio e também um pouco de crítica a algumas outras bandas, principalmente de Death e de Thrash Metal. Há a questão do estilo, o que é inegável, mas, muitas vezes os vocalistas destas bandas se vêem obrigados a cantar sempre com vocal gutural ou rasgado, quando, na verdade, isto faria mais sentido quando isso fosse usado em momentos mais apropriados. Aquele momento de explosão, de maior agressividade, é algo bonito e necessário, mas onde está o climax, a explosão, se desde o início o vocal já é gutural, mesmo em partes mais triviais da letra. Eu divago, mas é realmente uma oportunidade para enfatizar que, no TBB:H, o gutural é bem encaixado, vem no momento certo e não mais que isso.

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Entrando um pouco em cada canção particularmente (o que, de forma alguma fará justiça ao conteúdo lírico e sonoro, mas é imprescindível em uma resenha), a disputa entre razão e emoção, ser e ter, conhecer e julgar, começa na canção que dá nome ao disco. E, se o indivíduo porque brigam os dois combatentes ainda demorará a ser conquistado, o ouvinte já é presa fácil a partir daí. Em "Smile Back To Me", o embate torna-se memorável. É uma briga feia. E isso é um predicado positivo, porque, não escondamos, sejamos honestos, são de brigas feias que gostamos. O álbum chega ao panteão dos melhores álbuns conceituais de Heavy Metal, assim como "Abigail", do KING DIAMOND (tanto pela referência óbvia diante da presença do rei recentemente em São Paulo, quanto pelo contraste entre vozes que Mario Linhares faz durante a canção - não, não comparo aqui os falsetes de um e o outro cantor, apenas a quantidade de vozes diferentes). Adiante, o longo e multi-facetado solo em King For A Moment é muito bonito.

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Acabado o embate principal, tons orientais pontuam o lamento vitimista em "This Loathsome Carcass". Em termos de melodia vocal, é também uma das melhores e de fácil assimilação (ou seja, tem aquele refrão que gruda na memória).

O embate recomeça em "Parasite". E é tão violento em palavras que tanto razão quanto emoção acabam tornando-se a mesma coisa, ira apenas. Aqui não há mais um racional e um emocional. Ambos estão no mesmo ponto do espectro, igualam-se, fundem-se, confundem-se. Até que uma inesperada barganha se inicia em "Craving". E aqui é melhor que eu me despeça do leitor, como (xxxx ver Divina Comédia). Ele que faça a viagem sozinho. O fato é que já demos spoilers demais em uma narrativa que não deve ter a nossa companhia, mas tão somente da razão e da emoção do próprio leitor. E aqui é realmente o momento em que uma nova fase da narrativa se inicia. O leitor não precisará (nem nunca precisou) ser carregado pelas mãos do escritor. Agora que caminhamos até aqui, você não precisará mais de estímulo ou vigia ou carta púrpura para ir até o fim (e começar de novo depois). O leitor é o "capitão de sua alma". O único spoiler que ainda daremos é que vale a pena continuar até a bela "When Shadows Falls".

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Em Purple Letter há breve participação feminina, de Marcella Dourado. E um coral em Sola Mors Liberati. E se tivemos no disco inteiro um embate feroz entre racional e emocional, e um embate que mais pendeu para o conteúdo que para a forma, aqui, o instrumental finalmente faz face ao vocal, ganha dele, brilha mais (e antes já brilhava).

Talvez eu pudesse enumerar um pequeno defeito, porque a gente gosta das obras, mas não deixa de ser crítico. Mas isso aqui vai soar mais como sugestão inoportuna (uma vez que tardia), do que crítica. Embora o Mário Linhares consiga passear com naturalidade em todos os estilos necessários, em todas as nuances, às vezes ele poderia ser um dos personagens e dividir os vocais com outra pessoa. Sendo o "The Beloved Bones:Hell" desde o início o diálogo entre dois personagens, talvez um dueto ficasse um pouco mais interessante. O outro vocalista deveria ser tão bom quanto ele, um Alírio Neto, por exemplo. Eu não diria que ele poderia dividir isso com uma mulher. Não por ser machista, ou sexista, mas justamente para evitar esse tipo de pensamento, evitar esse tipo de leitura. Algo como o EPICA, com Simone Simmons e Mark Jansen, não ficaria legal. Quem seria a Razão? Quem seria a Emoção? Se eu divido isso entre homem e mulher, eu poderia estar incentivando esse tipo de pensamento. É o homem a razão? Ou é a mulher? Não ficaria legal que eu pudesse fazer esse tipo de divisão, até porque tanto homens quanto mulheres, neste disco, não seriam nada além de chão, a terra em disputa. Então, para afastar qualquer tipo de pensamento assim, se os vocais do disco fossem realmente divididos, o melhor seria que fossem mesmo entre Mário e algum outro bom vocalista. Ok, divagamos demais nas conjecturas para um álbum que já está pronto.

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Concluindo porque já falamos demais. Aqui não há nada raso, não há nada vulgar. É realmente uma grande batalha entre a razão e a emoção pelo ser. Mas é também um disco que não basta apenas ouvir. Então, o recado pra você é: se for pra istruir esse disco, melhor nem botar pra tocar. Em momento algum estamos falando que a música, a voz, o instrumental não se bastem, não sejam suficientes para levar o ouvinte em uma agradável, mas instigante, viagem sonora. O desperdício que tanto citei, na verdade, é como deixar de saborear aquela bela lagosta com um bom vinho e preferir coca-cola.

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Tracklist
1. The Beloved Bones
2. Smile Back to Me
3. King for a Moment
4. This Loathsome Carcass
5. Parasite
6. Breaking Up Again?
7. Empowerment
8. Nihil Mind
9. Purple Letter
10. Sola Mors Liberat

DARK AVENGER é
- Gustavo Magalhães / Bass
- Hugo Santiago / Guitars
- Mário Linhares / Vocals
- Anderson Soares / Drums
- Glauber Oliveira / Guitars
- Vinicius Sodré Maluly / Keyboards

Nota: 10
Obs. Jamais dou 10 para álbuns novos. Álbuns excelentes, sem defeito, ganham 8 apenas. O 9 é para álbuns excelentes e que tem potencial pra ganhar um espaço na lista de fim de ano. E o 10 é para álbuns cuja importância, inovação, etc, foram provadas pelo tempo, os "painkillers" da vida. Encare esta nota como um 9 com 1 de bônus (porque transcende a linguagem musical ao apresentar um diálogo que é gostoso de ser lido mesmo sem a música que o acompanha), ao invés de um 10 fechado.

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Sobre Leonardo Daniel Tavares da Silva

Daniel Tavares nasceu quando as melhores bandas estavam sobre a Terra (os anos 70), não sabe tocar nenhum instrumento (com exceção de batucar os dedos na mesa do computador ou os pés no chão) e nem sabe que a próxima nota depois do Dó é o Ré, mas é consumidor voraz de música desde quando o cão era menino. Quando adolescente, voltava a pé da escola, economizando o dinheiro para comprar fitas e gravar nelas os seus discos favoritos de metal. Aprendeu a falar inglês pra saber o que o Axl Rose dizia quando sua banda era boa. Gosta de falar dos discos que escuta e procura em seus textos apoiar a cena musical de Fortaleza, cidade onde mora. É apaixonado pela Sílvia Amora (com quem casou após levar fora dela por 13 anos) e pai do João Daniel, de 1 ano (que gosta de dormir ouvindo Iron Maiden).
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