The Rolling Stones: Presente de Natal antecipado para os fãs
Resenha - Blue & Lonesome - Rolling Stones
Por Jorge A.
Postado em 20 de dezembro de 2016
Sem lançar nenhum material de estúdio desde 2005, com o álbum "Bigger Bang", os Stones colocaram no mercado ao final deste ano um presente de natal antecipado para os fãs da banda e, principalmente, para os amantes de blues. "Blue & Lonesome" trás doze faixas extremamente bem trabalhadas de clássicos do blues, mixada em um tom rústico, como se um constante e charmoso ruído acompanhasse cada nota, remetendo o ouvinte aos ambientes abafados e tomados por nuvens de fumaça de cigarro nos quais essas músicas eram cantadas na primeira metade do século passado.
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O álbum é aberto com "Just Your Fool", uma canção de Little Walter que é absurdamente bem interpretada por Micky Jagger. Sua voz, já envelhecida, não podia combinar mais com o corpo da música, sem falar da gaita, cujo som parece deslizar sobre o diálogo das guitarras de Keith Richards e Ronnie Wood. Talvez pelo fato da música pertencer ao Chicago Blues, uma vertente do estilo cujo ritmo e estrutura já é muito parecida com o rock, a interpretação de "Just Your Fool" pelos Stones é muito semelhante com a original de Little Walter, modificada apenas pela cadência urbana inerente à Jagger e companhia.
Seguindo "Just Your Fool" tem-se "Commit a Crime", um blues com um arranjo mais tradicional de Howlin' Wolf, e a música homônima ao álbum (quase homônima, na verdade) "Blue And Lonesome", no qual as guitarras atingem o protagonismo, acompanhadas pela sempre presente gaita de Jagger. Já em "All of Your Love", Keith e Ronnie são obrigados a liberar o centro do palco para o vocalista da banda. Nessa faixa a voz de Jagger atinge o seu volume máximo e uma rouquidão perfeita, preenchendo de maneira poderosa todo o espaço da canção. Nem parecia um senhor de setenta e três anos cantando.
A partir de "All of Your Love", o álbum mantém o nível com "I Gotta Go", "Everbody Knows About My Good Thing" (que conta com a participação de Eric Clapton na guitarra) e "Ride 'Em On Down", tendo uma leve queda no descompromissado e monotônico "Hate To See You Go", todavia imediatamente recompensado pela cadenciada "Hoo Doo Blues", que trás em sua composição toda a sensualidade que faz parte da alma do estilo. Deste conjunto, vale destacar o arranjo e, especialmente, a bateria em "I Gotta Go" e a maravilhosa combinação Richard – Clapton em "Everbody Knows About My Good Thing", sendo "Ride 'Em On Down" a única faixa a receber um clipe ao longo produção do álbum.
O final do disco inicia-se com "Little Rain", que carrega em sua letra e tom dramático a alma do blues antigo, mais próximo da tradição negra americana que o esculpiu, sendo seguida por "Just Like I Treat You" e "I Can't Quit You Baby" (que também conta com a participação de Eric Clapton). A primeira dessas, ao contrário de "Little Rain", já possui maior proximidade com o rock, com um ritmo mais rápido e pontuada pelos riffs cortantes de Keith e Ronnie, além da gaita de Mick Jagger que dá sustento à toda composição. Já em "I Can't Quit You Baby" a dupla Jagger e Keith mostram o porque eles ainda são o casamento perfeito do rock. Nessa faixa, decididamente ambos atingem o seu auge no disco, honrando o clássico de Willie Dixons e tornando-o a despedida perfeita para esse pacote de nostalgia e boa música com o qual os Stones nos presentearam a menos de um mês do natal.
"Blue & Lonesome" além de um tributo aos mestres do blues é um trabalho de investigação das raízes e impulsos que não apenas criaram uma das bandas mais icônicas do rock como a mantiveram no trilho do sucesso ao longo de mais de cinquenta anos, sem nunca perder sua essência e originalidade. O álbum foi lançado em 2 de Dezembro de 2016, gravado pela "Rolling Stones Records" e chegando a marca de 106 mil cópias vendidas em sua primeira semana no mercado.
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