Casa das Máquinas: Para abrir os ouvidos, corações e mentes
Resenha - Lar de Maravilha - Casa das Máquinas
Por Rafael Lemos
Postado em 05 de abril de 2016
Nota: 10 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
Inicialmente, a banda Casa das Máquinas contava com ex integrantes dos Incríveis, do Som Beat e até mesmo da banda do Roberto Carlos. Lançaram seu primeiro trabalho com o nome da banda em 1974, alicerçado no Rock and Roll da época e lembrando um pouco o Ie-Ie-Ie. Os integrantes eram: Aroldo (voz, guitarra, violão), Carlos Geraldo (baixo), Pisca (guitarra e violão), Netinho (bateria) e Pique (flauta, orgao). Particularmente, acho esse disco de estréia bastante fraco, salvando somente a música "A natureza", tocada até hoje em seus shows. O álbum não demonstrou toda a potência que a banda tinha guardada, o que ocorreria em seu segundo disco, o hipnótico "Lar de Maravilhas", lançado pela gravadora Som Livre, em 1975.
Esse álbum marcou algumas mudanças importantes pra banda. Pra começar com os integrantes. Pique deu lugar a Mário Testoni nas teclas, que é um músico mais preciso, talentoso, criativo e carismático. Suas influências de Yes, Purple e outros foram de enorme preciosidade para a música do grupo. E tivemos a inclusão de um segundo baterista, Mário Thomaz (o Marinho). Não, ele e Netinho não se alternavam na bateria: ambos tocavam as músicas ao mesmo tempo, o que deu um efeito visual grandioso aos seus shows, além de uma maior curiosidade também.
Se a mudança de formação trouxe benefícios, as maiores qualidades vieram para o som. Como foi dito, enquanto o primeiro disco puxava mais para o Rock Psicodélico Psicodélico e para o Ie-Ie-Ie, "Lar de Maravilhas" abraçou o Rock Progressivo, sem abandonar a veia Rock and Roll que possuem. Se trata, portanto, de um disco de rara beleza em seus arranjos.
Existem duas versões em CD, ambas com o encarte bem parecidos. A primeira é de 1992, saiu pela gravadora Sigla e tem uma sonoridade bem semelhante ao vinil. A outra edição é de 2016, remasterizada, que nos brinda com um verdadeiro baque sonoro. Ela registrou toda a potência da banda e valorizou os detalhes de suas músicas. O encarte das duas edições são muito simples e parecidos: não possuem fotos, nem letras, só o nome das músicas, informações técnicas e uma frase do próprio Aroldo, vocalista da banda:
"Já se pode sentir, embora longe, os reflexos de uma revolução biológica, que vai se agigantando a cada momento que passa. A vida está se modificando. A luz da transformação vem de todos os espaços, vem do infinito, onde máquinas e homens jamais conseguirão registrar ou ver. Vem, também, do interior do próprio homem, onde raio x de ciência alguma poderá revelar".
Neste trabalho, percebemos uma evolução enorme que a banda deve, não somente no instrumental, bem como nas letras. Se, no disco anterior ouvimos na última música uma letra que diz "Quero um sanduíche de queijo, depois do sanduíche eu quero um beijo", este segundo álbum encerra com "...e é por tudo isso que eu faço força pra acreditar que o homem um dia vai evoluir pra poder amar e amar muito mais pra poder evoluir". Todas as letras são maravilhosas, verdadeiras poesias que abordam temas como a tecnologia diminuindo as relações essenciais da vida, problemas ambientais, anseios de liberdade, a busca por uma vida bucólica.
Igualmente perfeitos são os arranjos instrumentais. Embora abra com uma de sua música mais famosa, "Vou morar no ar", ela está longe de ser a melhor música do disco. Impossivel destacar uma que assine essa posição. Seria "Vale verde" com o seu instrumental arrebatador e solos de órgão que nos levam a outras dimensões? Ou a viagem espacial que esse mesmo instrumento nos convida a fazer em "Astralização"? As vozes combinadas em "Cilindro cônico" ou em "Raios de lua"? A guitarra com ideias criativas na faixa título? Talvéz o baixo estralado em "Liberdade espacial" ? Ou o Rock and Roll cativante de "Epidemia de Rock", a música mais diferente do disco? Impossível saber e desnecessário também, pois este é um dos maiores registros musicais do Brasil, daqueles que nos dá muito orgulho em ouvir e saber que foi feito por aqui, sob precárias condições tecnólogicas, em uma época politicamente tão difícil. Com nenhuma música chata, não dá pra receber uma nota menor do que dez.
Faixas:
01- Vou morar no ar
02- Lar de maravilhas
03- Liberdade espacial
04- Astralização
05- Cilindro cônico
06- Vale Verde
07- Raios de lua
08- Epidemia de Rock
09- O sol / Reflexo ativo
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



O álbum conceitual do Angra inspirado no fim do casamento de Rafael Bittencourt
Steve Morse diz que alguns membros do Deep Purple ficaram felizes com sua saída
O melhor compositor de letras de todos os tempos, segundo Axl Rose do Guns N' Roses
Regis Tadeu explica se reunião do Barão Vermelho terá tanto sucesso como a dos Titãs
A banda australiana que não vendia nada no próprio país e no Brasil fez show para 12 mil fãs
Bruce Dickinson revela os três vocalistas que criaram o estilo heavy metal de cantar
A melhor música do Pink Floyd para Rob Halford, que lamenta muitos não compreenderem a letra
A lendária banda de rock que Robert Plant considera muito "chata, óbvia e triste"
Steve Harris admite que sempre foi "acumulador" de coisas do Maiden, e isso salvou novo livro
O disco que os Beatles chamaram de o maior álbum já feito; "imbatível em muitos sentidos"
A banda clássica de rock em que Ozzy Osbourne era viciado: "Eles são como carne e batata"
O que diz a letra da clássica "Roots Bloody Roots", segundo Max Cavalera
O riff caótico do Metallica que foi criado por Jason Newsted
Blackberry Smoke confirma quatro shows no Brasil em 2026
O álbum que, para Geddy Lee, marcou o fim de uma era no Rush; "era esquisito demais"
A façanha financeira de Paul McCartney que só 165 no Reino Unido conseguiram
A impagável reação de Paul Di'Anno ao ouvir o hit "Morango do Nordeste"
Cinco formações que duraram pouco tempo, mas gravaram bons discos

Edguy - O Retorno de "Rocket Ride" e a "The Singles" questionam - fim da linha ou fim da pausa?
Com muito peso e groove, Malevolence estreia no Brasil com seu novo disco
"Opus Mortis", do Outlaw, é um dos melhores discos de black metal lançados este ano
Antrvm: reivindicando sua posição de destaque no cenário nacional
"Fuck The System", último disco de inéditas do Exploited relançado no Brasil
Giant - A reafirmação grandiosa de um nome histórico do melodic rock
"Live And Electric", do veterano Diamond Head, é um discaço ao vivo
Slaves of Time - Um estoque de ideias insaturáveis.
Com seu segundo disco, The Damnnation vira nome referência do metal feminino nacional



